Querida folha rasgada de caderno,
Sei que agora você pode estar muito ofendida por não ser um diário felpudo rosa com detalhes dourados, mas é o que tenho já que a minha mesada é pequena, fazer o que né?
O final de semana já esta acabando e eu não estou com a mínima vontade de encarar Kaylla e companhia, que igual a todas as histórias, são as patricinhas insuportavelmente insuportáveis do meu colégio.
Prefiro falar de outras coisas, daqui a uns 5 minutos a minha tia Matild vai entrar por aquela porta para trazer mais um chá ou vitamina que ela vive me dando por que acha que eu estou fraca, e o pior é que realmente pareço.
Para uma garota de 17 anos, você poderia até dizer que eu sou anoréxica, com meu cabelo ondulado negros e olhos cinza sem vida, fazem com que minha tia morra de preocupação. Uma vez, eu quase que caí da escada por causa de um desmaio repentino e minha tia quase teve um ataque por causa disso. Se ao menos ela soubesse o que realmente causa a minha fraqueza constante...
De repente escuto uma batida na porta do meu quarto. Rapidamente escondo o meu " diário debaixo do piso debaixo da minha cama. Eu moro em uma fazenda antiga um pouco afastada do centro da cidade de Springtears, Carolina do Sul, a fazenda foi construída para abrigar os soldados no meio de suas missões, por isso, tinham rotas de fuga por toda a casa. Boa parte da estrutura original foi preservada, o que deixava o esconderijo perfeito para as minhas coisas.
- Raven, você vai se atrasar para a escola se continuar nesse ritmo- fala minha tia atrás da porta. Caminho até a meu guarda-roupa e pego um anel prata com uma pedra desconhecida, que até o joalheiro não sabe qual é, e que tinha uma escrita antiga que eu nunca decifrei. Na hora que estou saindo do quarto, elas começam.
Morte... É o que eles querem... Sangue... Seu sangue...
Tenho uma forte dor de cabeça e cambaleio até o outro lado do corredor. Coloco a mão na minha cabeça na falsa esperança de diminuir a dor. Vou no banheiro que fica de frente ao meu quarto e pego uma aspirina na segunda gaveta embaixo da pia, guardo o resto da cartela no bolso do meu jeans.
Desço a escada apressada, sabendo que iria encontrar lá embaixo a minha tia preparando alguma coisa na cozinha com a desculpa de que eu preciso me alimentar para não desmaiar. Tia Matild está fazendo ovos com bacon enquanto tio Hubbs esta confortavelmente sentado em sua velha poltrona lendo o jornal da manhã.
Só nessa hora eu percebo o quão frio está o tempo, vou até uma cadeira em que tinha pendurado a minha jaqueta de couro e o visto. Volto para a cozinha e pego uma maçã na fruteira. Nessa hora tia Matild desliga o fogão e se vira em minha direção.
- Não acredito que você só vai comer isso- ela fala pausadamente. Minha tia sempre enfrenta as situações de frente e quase sempre consegue o que quer, diferente do tio Hubbs, que sempre podia ser convencido.- Hubbinson, faça alguma coisa além de ler esse jornal velho!-Ela grita e faz com que o meu tio pule da cadeira.
- Pelo amor de Deus, Matild, se Ravy não está com fome agora ela não vai engolir a comida a força!- Ele fala e depois volta a ler seu jornal como se nada tivesse acontecido. Tenho certeza de que tia Matild quer arrancar aquele jornal e jogar no quinto dos infernos.
Ela olha para mim e tio Hubbs respectivamente, parece contar até dez mentalmente, depois caminha até a cozinha, pega um pacote e me entrega.
- Pelo menos leve um sanduíche para não ficar de estômago vazio no colégio.- Ela fala e da meia volta e arranca o jornal da mão do meu tio.- E você vá trabalhar, não quero que chegue atrasado de novo e seja demitido.
Essa foi a minha deixa para sair porta à fora.
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BEHIND
ParanormalEu nunca conheci meus país, afinal, eles morreram quase que logo depois que nasci. Nunca consegui me adaptar a vida com meus tios, sinto-me como uma hóspede que ficou tempo demais, como uma intrusa. Nunca suportei as vozes que ficam em minha cabeça...