15% AZUL

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  A dor fina espeta seu braço com o movimento feito para girar a tampa do frasco de Brilhante Líquido.

  O frasco cai espalhando os cacos do chão.

  Você levanta a manga da camisa até o alto do ombro.

  Examina o corte envolvido pelo sangue seco.

  Pressiona em volta.

  Dói.

  Você toca a ferida.

  A ponta do galho de vidro ficou dentro da pele.

  Seus dedos tremem.

  Seus passos nervosos te levam até uma árvore próxima.

  Você se abaixa deslisando as costas pelo tronco.

  Sua respiração rápida e profunda.

  Tira a mochila do ombro e volta a examinar o corte.

  Pressiona tremendo.

  Você precisa tirar o pedaço de vidro da ferida... Mas o sangue coagulado a fechou.

  Então você pega um dos cacos do chão.

  Uma, duas, três, quatro gotas de suor pingam da sua testa direto no corte; e se não fosse a situação você até sorriria.

  Sonho azul.

  Você esfrega o sangue seco molhado. Com cuidado. Dói.

  Aproxima o caco do corte.

  Tremendo.

  Pressiona.

  O sangue volta a escorrer.

  Você precisa faze isso logo.

  A ponta fina e transparente do galho brilha em meio ao vermelho vivo do sangue fresco.

  Então você a envolve com a ponta dos dedos, ainda trêmulos, e a puxa de um só vez.

  Dói. Mas vai passar.

  Com a palma da mão, você pressiona o corte reaberto.

  Aperta.

  Forte.

  Respira, olhando para o alto.

  Descansa.

  Ao seu lado, mais à frente, é possível ver a floresta chegando ao fim.


CONTINUA...



Azul - A Cor do Último SonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora