Lama e tragédia

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A lama, que outrora habitava os palácios da capital federal, agora se espalhou por cidades inteiras. O Doce ficou amargo. Morreu o rio. Morreu a flora. Morreu a fauna. Sobrou o homem. O homem e a sua ganância por dinheiro. A sede de poder tirou a água de milhares de famílias e ceifou a vida de centenas. O homem e a sua falta de amor. A mesma falta de amor que espalhou sangue pelas ruas em Paris. A mesma falta de amor que faz com que as pessoas discutam qual dor vale mais. Como se uma lágrima pudesse ter mais importância que a outra. Toda e qualquer dor vinda de um inocente deve ser respeitada. Deve ser sentida. Somos todos humanos, habitantes de um mesmo planeta. O mundo é um só e seria um lugar melhor se nós não estivéssemos aqui. Apesar da dor e o respeito serem os mesmos, o foco das câmeras é o que incomoda. O fato de apontarem para lá para que paremos de enxergar o que está acontecendo aqui. Talvez porque quem as comandam não têm a responsabilidade de resolver o problema de lá, mas são, ou pelo menos deveriam ser, responsáveis pelos daqui. No entanto, por mais que seja revoltante, não sejamos tão mesquinhos. Sentir compaixão pela dor alheia é um princípio básico de humanidade. Oremos por Paris. Choremos as perdas. Lamentemos a falta de amor. Clamemos por paz. E, mais do que nunca, estendamos as mãos para o nosso povo. Exercitar a solidariedade fará tão bem para você quanto para quem for receber a ajuda. Perdemos um rio, mas que não percamos mais vidas. Que as famílias desabrigadas encontrem novo lar. Que as doações cheguem a quem mais precisa. Que as lágrimas derramadas lavem a ganância de quem causou toda essa dor. Que os responsáveis sejam identificados e devidamente punidos. Que a sujeira política seja extinta de uma vez por todas. Que a fé não seja motivo de guerra. Que todo rio volte a ser doce. Que a cidade luz volte a brilhar. Que o barulho no estádio volte a ser no grito de gol. E que a lama volte a ser apenas uma brincadeira infantil em um fim de tarde chuvoso.

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