Andorinha só

32 0 0
                                    


─ "Andorinha"? Que nome engraçado, não é?

─ É. Esse pessoal é muito doido.

Ai, como eu estou nervosa. Mas eu acho que ele não está percebendo nada. Será? Vou fazer que nem a Aninha me ensinou, com cara de quem sabe tudo, de que nada é novidade. Ela disse que mesmo a gente sendo virgem, a gente tem que fingir que já tem muita experiência com outros caras, porque aí o garoto fica mais a fim. Puta merda, mas eu estou com o maior medo de fazer alguma bobagem!

Adoro quando ele me beija, ele mexe a língua de um jeito que me dá um frio na barriga. Com o Carlos isso não acontecia. Acho que a gente não deu certo por causa disso. Nossa! Ele tá no maior fogo. O pior de tudo é ficar completamente nua na frente dele. Pelo menos, aqui é meio escuro. Sei lá, acho meu corpo muito reto, não tenho quadril, nem bunda. E os caras gostam disso. Sabe como é, mulher, para ser gostosa, tem que ter bundão.

─ Você está nervosa?

─ Eu? Não!

Puta que pariu! Sabia que ele ia notar. Eu sou mesmo uma demente. Dei na pinta. E agora? O que é que eu faço?

─ Vou ao banheiro.

─ Tá bem.

Essa é boa. Bem que a Aninha falou. Quando alguma coisa der errada, vá ao banheiro. Bonitinho aqui, tudo limpinho. Tem até roupão. Nunca usei um. Acho que eu vou tomar um banho. Pô, mas eu acabei de tomar em casa. E mamãe pensando que eu estou no cinema. Há! Há! Há! Maior otária. Bem feito. Quem manda ser mala? Está sempre querendo ser compreensiva, mas eu sei que ela bate tudo pro meu pai, e aí ferrou. Papai faz pose de moderninho, mas eu já ouvi ele falando com o meu tio que a filhinha dele é muito menina para essas coisas de sexo. Deve achar que eu fico andando de mãos dadas com o Ricardo pra lá e pra cá. Tipo namoro bobinho. Droga de espinha! Tinha que estourar agora? Está horrível.

─ Gata! Tá tudo bem?

─ Claro. Já estou saindo.

Beijos. Mais beijos. Mãos, adoro tocar nos seios dela. Tão pequenos e macios. Ela é toda assim, pequena e macia. Quando a gente começou a namorar, eu achava que ia terminar logo, porque ela era bobinha. Mas não. Ela é doce, mansinha, e gosta de mim. Eu sinto isso. Tá na cara que ela está nervosa, mas não quer que eu saiba. Mulher tem dessas besteiras.

─ Hei, eu não vou te machucar.

─ Eu sei. Mas é que eu não estou com pressa. Liga o rádio!

Acho que ele ficou puto comigo. Mas também, fica me tratando como se eu fosse uma criancinha. Tá nervosa? Tá com medo? Por que ele não cala a boca? Que saco! A gente veio aqui para transar, eu sei, mas quem vai sentir a dor sou eu, não é? E, sei lá, primeira vez é primeira vez, dá sempre uma dúvida, um medo.

Só faltava essa. Agora vai dar uma de experiente. Eu sei que ela é virgem, e que só namorou o Carlos, aquele bunda mole. Aposto que foram aquelas amigas dela que botaram minhoca na cabeça dela. Eu, hein.

─ Até parece que eu estou te forçando, mina. Qual é?

─ Ah, sei lá. Acho que eu estou nervosa.

─ Fica fria. Eu gosto tanto de você!

─ Jura?

─ Juro! Você é ou não é a minha gata?

─ Sô, né!?

Eu gosto dela, mas não tanto quanto tenho que repetir para ela acreditar em mim. Mas é assim, mulher é insegura, gosta de elogios. Disso eu sei. E pra rolar alguma coisa, pelo menos da primeira vez, elas precisam ouvir você dizer que elas são o máximo, que você ama muito etc. Mas eu não gosto de mentir não, eu falo o que eu sinto. Quer dizer, nem tudo. Afinal, eu sou homem e num aguento beijar uma menina sem pensar logo em tirar a roupa dela. Daí, nessa hora, a gente mente um pouco. Mas dizer que amo, eu não digo. Acho sacanagem.

Beijos, beijos, e mais beijos. Carícias, mãos, seios, pelos, sexo, suor, cheiros, risos, contração, dor, sangue, carinho, olhares, cumplicidade, e tudo mais como tinha de ser.

Macho e fêmea, encontro, sedução, tesão, descoberta, gozo.

─ Você trouxe a camisinha?






Café com Chantilly, contos de motel.Onde histórias criam vida. Descubra agora