CAPITULO 6

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O Comodoro negro estacionou em frente ao cemitério. Dimitri desceu, sendo secundado por Tobia. Os dois caminharam em direção ao campo santo, ignorando os assobios e gritos do guardador de carro que berrava por uma moeda.

A frente do cemitério estava apinhada de gente. Fazia cinco dias que as grades tinham sido traçadas e que a prefeitura colocara a guarda municipal para vigiar os muros e evitar mais invasores.

Os telejornais e sites da Internet reportavam aquilo a todo instante. Pessoas alvoroçadas corriam para os cemitérios de Osasco. Testemunhas de todos os cantos afirmavam que tinham visto mortos saindo das covas. Diziam ter encontrado mortos-vivos perambulando pelas ruas da cidade. Outros diziam que eles apareciam em marcha organizada e que todos tinham rumado para o quartel de Quitaúna. Daí o Exército também estar metido naquele falatório. Um relaçÕes -públicas dos homens de verde-oliva afirmava categoricamente que não existiam mortos-vivos. Que haviam, sim, prendido dezenas de pessoas que tentaram invadir o quartel poucos dias atrás. Que tentaram fazer uma invasão em massa para roubar o paiol do quartel, mas que a situação tinha sido controlada a tempo.

Dimitri e Tobia assistiram ao jornal da tarde rindo no balcão de uma padaria. Eles sabiam que o Exército estava se esquivando das perguntas e dos comentários ácidos apenas para evitar um pânico geral que se abatia sobre a população. Não queriam contar a verdade. Que eles tinham, sim, aprisionado um bando de mortos-vivos e que Osasco tinha sido o maior palco do maior ataque vampírico do planeta na atualidade.

- Quero ver até quando eles vão conseguir esconder isso aí. - comentou Tobia. Dimitri acendia outro cigarro, deu uma tragada enquanto respondia:

- Não vai durar muito. O falatório é geral.

- Apesar de termos visto um monte deles queimando no sol na frente de Quitaúna, tenho certeza de que sobraram alguns dessa cria ruim.

- A ninhada de Sétimo...

- O vaso ruim quebrou dessa vez, mas tem muito caquinho por aí. E eu vou achar um por um. Dimitri sorriu para o amigo enquanto soltava a fumaça no ar.

- Gostei da metáfora, ô sabichão. Só quero ver até quando esses caquinhos vão dar trégua.

- Essas criaturas não dão trégua, Dimitri. Precisam de sangue pra viver. Eles vão pisar na bola, cedo ou tarde.

Dez minutos depois a dupla voltou para o carro negro de Dimitri e rumaram para o centro. Tinham encomendado mais munição. Balas de prata. Quando cruzassem com os caquinhos de Sétimo, não dariam chance para as crias do vampiro.




Os Filhos De Sétimo (saga O Turno Da Noite Vol.1) André ViancoOnde histórias criam vida. Descubra agora