Enrascada

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Sempre fui a má companhia. O amigo que os "filhos perfeitos" não poderiam ter. E na verdade, estou pouco que fodendo para isso. Gosto de ser assim, sem rédeas, sem compromissos. A vida me fez assim e sou grato por isso. A força que tenho não são todos que tem. Enquanto a maioria dos adolescentes da minha idade estão preocupados para qual faculdade ir, foco apenas em sobreviver. Ter ar em meus pulmões, meus jeans e jaquetas surradas e um hambúrguer para comer no jantar. Meu pai não cozinha, a preocupação dele é apenas a quantidade de doses de wishy que ele consegue ingerir por dia. Sou sozinho e não me sinto mal por isso. Antes só do que mal acompanhado, embora - como eu disse - seja eu a má companhia.

Mais um dia de merda começa. O despertador toca, levanto da cama, tomo um banho e passo - apenas por teimosia - pela cozinha para procurar algo para comer.

"Um shot de tequila e nachos servem como café da manhã?" - Penso comigo mesmo enquanto abro o armário de mantimentos. "Acho que não".

Desvio do corpo desajeitado do meu pai, no meio do carpete da sala, e sigo porta afora. O dia está incrivelmente lindo, céu azul e sol brilhante. Preciso dizer que odeio isso? Acho que não, né. Odeio o calor entrando pelos meus poros e fazendo com que eu transpire. Odeio a necessidade das pessoas em ter que ir para a praia, em um feriado, e torcer feito dementes para que o clima esteja firme para ficar feito frangos assados, estirados na areia. Qual é a diversão nisso?

Minhas botas ecoam pela rua silenciosa enquanto sigo para o colégio. Um ônibus escolar passa por mim quando já estou prestes a chegar. Alguns alunos me encaram pela janela e suas reações são diversas: Curiosidade, espanto, nojo. Como eu disse, foda-se. Ao subir a rampa do estacionamento, sinto-me na estrada para o inferno. Embora o ditado diga: "A estrada para o inferno é pavimentada de boas intenções", aqui neste lugar ninguém faz questão de esconder suas maldades e má índole. Na verdade, isso te dá certo respeito e talvez, admiração? Acho que sim. Este colégio fede a promiscuidade, drogas e sangue. Confesso que grande parte de mim gosta disso. Os que me encararam, pela janela do ônibus, são os retardados do grupo religioso, desse lugar medíocre. Acreditam que estão acima do bem e do mal, por apenas segurar a tal da "Bíblia Sagrada" em suas mãos santificadas.

Andy está encostado no capô do lixo que ele chama de carro, um Alfa Romeo Giulia Super, 1962 de cor azul, quando estou próximo da entrada. O ouço assobiar e olho para trás. O cara está com um cigarro na boca e um sorriso suspeito nos lábios. Ele faz sinal para que eu me aproxime e sigo em sua direção.

- Cara, não sei como você consegue pegar alguém com este carro. Sério, me impressiono toda vez que vejo este monte de sucata ambulante. - Digo rindo enquanto o cumprimento.

- Vai se foder, Max. Pelo menos não ando a pé e minha rola come mais bucetas que a sua. - Andy traga mais uma vez o cigarro e me da um soco no braço com a mão livre.

De fato, ele come muito mais garotas do que eu. O filho da puta parece ter saído de uma revista de moda. Como competir com isso? O cara tem porte de galã de filme de Hollywood, olhos azuis, corpo malhado e um maldito cabelo comprido - até os ombros - do castanho mais claro, sedoso e brilhoso existente. Fora que quando não está solto, está preso em um coque desajeitado, no alto da cabeça, como agora. As vadias piram neste estilo dele e isso acaba me prejudicando quanto vamos atrás de alguém juntos.

- Eu deveria me sentir ofendido com isso? - O encaro sem rir. - Qual é, diga o que você quer.

- Preciso me "divertir". - Andy diz com os olhos azuis vidrados em mim.

RecklessOnde histórias criam vida. Descubra agora