15 de Novembro de 1997

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Friozinho de outono, casacos de lãs, gorros, e meias. Eu amava outono, pois as vezes fazia frio, mas não era algo extremo como o frio do inverno. Um sábado. As cafeterias do Estado de Nova York estavam cheias. As ruas estavam vazias, que chegavam fazer eco. Mais tinham taxis do que carros comuns nas ruas. Eu estava com a minha mãe, procurando presentes para dar no natal. Eu tinha 15 anos. Tudo estava decorado para o natal, as pessoas enfeitavam suas lojas com pisca-piscas, árvores de natal, "papais-noéis" de diversas cores (uma loja só havia papais-noéis negros).

  Minha mãe sempre foi muito
econômica, e por isso ela queria ir pegar cada desconto para que sobresse mais dinheiro pra nossa ceia. Depois de tudo comprado. Eu arrastei minha mãe para uma cafeteria porque pra mim nada melhor que um chocolate quentinho com chantilly nos dias frios.
Eu só frequentava a California Coffee por causa de Ben que trabalhava lá nos períodos da tarde quando ele não estava na escola, ele trabalhava lá há um tempo (pelo menos desde de a primeira vez em que eu fui naquela cafeteria), nós viramos amigos depois que eu comecei a frequentar a CC direto, eu sempre ia para ler e esquecer um pouco a minha vida, e Ben era tão atencioso que eu amava ir lá para ter aquele conforto. Teve um tempo em que eu comecei a olhar Ben com outros olhos, mas foi só uma paixonite, Ben era bonito, tinha pele clara, cabelos pretos cheios de cachos (que me lembravam as minhas bonecas da infancia) e era bem alto pra um menino de 17 anos.
Minha mãe estava em dúvidas sobre o que escolher.

-- Mãe? A senhora já se decidiu?
-- Bem, acho que vou escolher um cappucino mesmo, Dory.
Eu ri. E disse: -- Tudo bem.

Eu ri porque na verdade, minha mãe sempre fica nessa dúvida, mas acabava fazendo o mesmo pedido sempre.
Fui até o balcão.

-- Oi Bu. - Eu disse abrindo um meigo sorriso significando "saudades".

Eu sei que Bu não parece nada com nome Ben, mas isso vem de uma longa história que começou quando havia três meses desde a primeira vez que eu fui no CC,bom, eu estava sentada num sofá maravilhoso que tem na cafeteria, enquanto relia o conto de Shakespeare The Tempest pela 5° vez, ele é um dos meus livros favoritos no qual eu me inspiro e tenho um romance lindo a desejar. Seguindo para o porquê do apelido. Vamos lá. Eu estava concentrada dando goladas alternativas no meu café. Então chegou Ben por trás de mim, e disse com uma voz nada assustadora "Buuu!", eu não me assustei nem um pouco, mais tive uma grande crise de riso pela sua falha tentativa de me dar um susto. E depois disso ele ficou desapontado por não ter conseguido e daí em diante, sempre chamei ele assim.

-- Oi Dory.
-- Eu quero um chocolate quente com chantilly e um cappucino com pouco leite , por favor. - E segurei as beiradas do meu casaco com as duas mãos abrindo-os suavimente (como as mulheres da realeza fazem com as saias) e inclinei a cabeça juntamente com a dobradura do joelho ( como o cumprimento de uma princesa). Ele dizia que eu era uma menina clássica.
-- Como quiser, querida Dory. - Rimos juntos.

Então me sentei até eles chamarem meu nome avisando que nossas bebidas estavam prontas.
Enquanto bebiamos nossas bebidas, minha mãe me disse:

-- Como está indo as aulas de piano?
-- Legal. Estou quase aprendendo a tocar uma música, só preciso me concentrar mais nas notas.
-- Que música é essa?
-- Bem, é uma música muito especial pra mim, talvez um dia você saiba.
-- Huum, especial. - ela riu. -- Será que tem alguém apaixonada aqui? - E deu um empurrãozinho de leve em minha mão.
-- Não, claro que não, é só uma música especial.
-- Sei, vou fingir que não te conheço Dory. - E deu uma baixa gargalhada seguida de uma golada de cappucino.

Eu gostava de conversar com a minha mãe, o jeito que ela falava não parecia o jeito de alguém que tinha mais de o dobro da minha idade. Ela parecia uma amiga da mesma idade que eu. Uma amiga maravilhosa.
Assim que acabamos de beber e conversar, levantamos para ir embora. Eu gritei acenando "Tchau, Bu." , e ele sorriu.

  Estávamos cheias de bolsas a caminho da garagem, onde estava estacionado nossa mini van cinza. Sinceramente. Eu odiava aquele modelo de carro. Eu sempre falava pra minha mãe que tinha vários modelos que caberiam todos da família, mas ela sempre dizia que como foi seu primeiro carro ela nunca o abandonaria (por ser o primeiro você já imagina como era), mas ela o amava, e pelo seu olhar parecia ser algo confortantemente agradável pra ela.

Entramos no carro e seguimos na Rua Huston Vêzan (uma das ruas mais populares do Estado de NY na época).
Nós morávamos no interior do estado, onde não se via tantas lojas de grif ou quarteirões cheios de casas enormes. Era um bairro bem nobre. Mas era um lugar cheio de alegria. Desde que me conheço por gente eu moro aqui no bairro popularmente chamado "Vila do Descanso". Virou esse nome porque muitas famílias ricas iam pra lá (antes de desmatarem a floresta) para relaxar, o desmatamento aconteceu porque o governo encontrou fonte de petróleo e resolveu derrubar e acabar com toda floresta, em seguida criaram usinas que faziam muito barulho, consequentemente espantando as pessoas que iam para relaxar.

O chão começa a se modificar, de asfalto passa a ser paralelepípedo, mais adiante uma placa de madeira com letras grandes meio apagadas escrito "Bem Vindos à Vila do Descanso" . Duas quadras depois estava a segunda maior casa da cidade. A minha casa (a primeira casa era do prefeito).
Descemos do carro com todas bolsas e sacolas. Meus irmãos vieram correndo para ajudar. Primeiro chegou Henry de 7 anos, atrás vinham Vitor e Lucas que eram gêmeos de 5 anos. Tinha também a Glin de 1 aninho que estava batendo a cabeça de suas bonecas no tapete feopudo da sala.
Bem dá pra ver que é uma família realmente grande. Mesmo sendo complicado ter paz, de vez em quando nossos momentos em família são repletos de sorrisos.

A vida pode ser um verso incrível de felicidade, basta querer que isso aconteça, você pode escrever a história mais feliz e diferente do mundo, sabendo qual lápis usar e mover as mãos cheias de energia para escrever seu conto real.

      
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Olá pessoinhas, espero que gostem, foi uma inspiração repentina, ai decidi escrever, vou confessar que eu tenho bastante "bloqueio de escritor" kkkk mas eu vou tentar finalizar essa história ok? Então um beijããão na ponta do nariz pra vocês!

Sobre Eu e EleOnde histórias criam vida. Descubra agora