Fábio

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Gilberto o pai de Fábio o abandonou no momento que ele nasceu. A mãe Marlice era uma prostituta com barriga de verme e cabelos muito enrolados e curtos. Usava sempre uma faixa estampada com flores, leg tão apertada que quando andava parecia uma salsicha. As blusinhas sempre decotadas e apertadas de forma que cada sinal de seu corpo ficasse em evidência. Isso quer dizer que os peitos caídos e barriga de verme eram seus menores problemas.   Após ganhar o Fábio percebeu que sempre estava sem tempo pra fazer seus programas e ganhar algum dinheiro. Sendo assim Fabinho ficava com a avó dona Helena. Cada dia ficava mais horas até o dia que a Marlice decidiu que só o buscaria nas segundas e devolveria às quartas-feiras. Dona Helena era uma velha católica beata. Ou besta. O fato é que não tinha o que fazer o dia todo e tudo o que fazia eram planos para ir às missas e participar de quaisquer eventos da paróquia. Agora Fábio devia claro ser um coroinha. Ele sempre achou um saco ter que ir pra igreja e nunca entendeu direito qual era daqueles bonecos e das velas. Ouvia muitos relatos de garotinhos que eram molestados por padres, então ele se cagava de medo do padre Júlio. Com 11 anos a mãe dele pegou aids por aí e começou definhar. A avó já estava meio gagá e só aquele dinheiro da aposentadoria não dava pra eles e a ração das galinhas. Começaram a comer as galinhas e deixar as mais fortes. Um homem chamado André morava dois quarteirões pra baixo da casa deles e chamou o jovem pra trabalhar com ele na feira. De manhã Fábio ficava fedendo suor por que as caixas que carregava eram muito pesadas e o sol era de rachar. A tarde fedia podre dos sucos podres das frutas estragadas e os peixes. Sempre sofreu gozações na escola. Mais novo a mãe era puta e os amiguinhos perguntavam quanto era pra ser pai dele. Depois ele era a namorada do padre Júlio e faziam troca-troca. Agora chamavam ele de cascão ou Garibaldo mesmo. Sua única amizade era com a Ritinha e aí virou o namoradinho da Ritinha na boca dos colegas. Fábio sempre reclamava pra Ritinha que era difícil ter que trabalhar e estudar pra ajudar com as contas de casa. Um dia desses um garoto apelidado de paçoca lhe deu um baseado. Nem sabia pra que servia maconha, mas o paçoca ensinou. O Fábio e a Ritinha ficaram chapados. Riam de tudo. Deu ânsia. Deu fome. Frio e calor.
-Aí Garibaldo. Vender uma trouxinha dessas ja é dez conto.
-É bastante paçoca.
-Quanto você ganha na feira por dia?
-Uns 20 ou 30.
-Vamos fazer assim, te dou cinco pra cada sete que você vender.

Não era tão difícil e na época a polícia fazia vistas grossas disso. Não ligavam para o que faziam desde que não dessem problemas pra eles e os jovens tendem sempre a fazer merda. É como se já estivessem predestinados á toda essa porcaria. Viveu assim vendendo umas trouxinhas e pedindo mais. Já sustentava a família e pagava um cachorrão com suco pra Ritinha aos fins de semana. Comprava roupas pra ele e pre ela. Ajeitava uma cesta básica pra família dela e todos o achavam um bom garoto. Claro, até ser preso e mandado pra um colégio interno militar por seis meses. Os dois primeiros meses era o assunto do bairro, no término dos seis meses era um herói, afinal pensavam que ele voltaria a bancar o que bancava, mas não. Ele não gostou de ser subjugado e ter de passar por tudo o que passou. Além do mais já avisaram que na próxima é cadeia e lá homens viram mocinhas dos bandidos. Voltou a trabalhar na feira e um vereador que queria se candidatar aquele ano deu um curso para a comunidade de marcenaria e depois alvenaria. No começo eram 30 garotos, depois 20 e aí 5. Conseguiu concluir os cursos e trabalhava na construção civil. Claro não ganhava muito, em compensação trabalhava muito. No fim do ano já era maior de idade e noivou com Ritinha. Fizeram um churrasco de família e alguns vizinhos que bêbados arrumaram briga e o resultado foi umas garrafas quebradas, uns cortes e polícia.  Planejavam o casamento para o meio do ano que viria, mas isso durou uns cinco anos até a morte da mãe de Ritinha. Nesse tempo ele era mestre de obras e estudava engenharia, dava duro. Mas dentro de casa era complicado. No primeiro dia de casamento o sexo fora meio desastroso, Ritinha era tão gorda que não havia muitas posições, então dava um jeito qualquer. Ela pesava 152 quilos e ele 80. O tempo fez ela ficar sempre de mau humor e baixa auto estima e agressiva. Tomava agora calmantes tarja preta e bebia cachaça sempre. Brigava e o chamava de lixo imprestável. Dizia que pra nada servia um magrelo ou um pedaço de bosta que não aguentava nem carregar sua mulher no colo. A essa altura ele sofria, mas calado. Nunca foi de falar ou se expressar, mas era bem transparente. Notava-se em seus olhos a tristeza e ódio. De noite Ritinha adormecia e roncava feito uma leitoa, ele a fitava e sentia desejos insanos de asfixiar ela com o travesseiro ou cortar sua garganta com uma faca. Logo afastava isso da cabeça e se colocava a lembrar de como amou ela um dia. Ela a gorda feiosa e ele o fedido da feira. Eram um casal grotesco, mas não ligavam. Agora Ritinha tinha sido comida por um monstro ainda mais gordo e afiava os dentes na jugular dele todo dia. Ele já nem tinha mais animo pra viver, já que não conseguia tirar a vida dela passou a pensar em suicídio.  

Joana apareceu pela manhã, bateu palma na porta por que já estava acostumada a ir entrando. Ritinha estava no chuveiro pronta pra ir no médico pegar os antidepressivos e a tarde um personal trainer viria em casa pra dar uns exercícios. Ela tinha dito que não queria fazer nada, foi o tal vereador Pardinho que deu isso para as gordas e velhos do bairro. Deixou claro que queria alisar o gostosão e ver se ele comia ela, pois esse era macho de verdade e não um Garibaldo desnutrido. Joana vestia um vestido vermelho, cabelo solto meio bagunçado, umas unhas roídas e sem maquiagem alguma. Ela perguntou se não teria dois ovos para emprestar e ele foi buscar. 

-Ah! Fabinho muito obrigada.

-Que isso Joana você é de casa. Como vai o Jorge?

-Eu não sei, ele tá sempre quieto e não liga pra mim nem pra ninguém, me sinto sozinha e triste. A carência já me fez morada eterna e vivo como se não houvesse homem naquela casa ou na minha vida. Ai meu deus, desculpa Fabinho que vergonha falar assim...

-Imagine Joana, minha vida aqui também não é um mar de rosas. Sou humilhado em casa a gorda não me dá paz e vive dizendo que sou frouxo e feio. Que não sirvo nem pra capacho.  Sabe me sinto um nada.

-Ah Fabinho, até parece você é tão bonito e trabalhador. Atencioso e todos dizem que ficou com ela por caridade.

-Sabe Joana se você não fosse do Jorge eu te pegava pra mim.

-Não sou dele, ao menos ele não pensa que sou dele, não faz por onde. Mas e a Rita?

-Ela que se foda. Você é linda. Um sonho.

Ritinha gritou alguma coisa no banheiro e voltaram pra realidade.

-Já vou! Joana vou lá. Volte quando quiser.

Não era nada importante. No dia seguinte Joana disse que havia ido a sua casa a tarde ver o treino da porca gorda e que ficava passando a mão e se esfregando com o professor. Que acho a atitude dela nojenta. Nesse dia usava um batom vermelho, não se lembrava de já a ter visto de batom. Elogiou sem dar bola para o que dizia. Deu pra ver o ego dela inflar e sorrir docemente.

No outro dia esmalte, no outro um coque bem feito e roupas sem sujeira e rasgos. Os elogios aumentavam até que Fábio não aguentou e agarrou ela na porta mesmo, a casa estava sozinha e a beijou como louco, se jogaram no tapete velho da sala e as mãos de ambos corriam pelo corpo de cada um deles. Fábio sentiu o pau ficar duro como rocha, Joana sentiu também e meteu a mão, logo estava nus, se lambiam e se chupavam. O batom dela estava pela boca e pelo cacete de Fábio. Ela gozou duas vezes sem nem meter o pau dentro. Fazia tempo que não era tocada e nem ele que quando enfiou em cinco minutos gozou, mas continuou, pois poderia nunca mais terem isso e gozou mais duas vezes deixando dentro dela um meio litro de porra. 

-Jo, case comigo, vamos embora.

-Mas e a Ritinha? 

-Deixa ela com o professor, vamos embora eu e você. Tenho dinheiro no banco e...

-Não quero seu dinheiro (queria também) quero você. Quero foder assim todo dia, ser sua amada recatada na rua e sua puta em casa. Que me foda a buceta, o cu, a boca.

-Vamos?

-Amanhã?

-Hoje. Vamos pra um sítio de um amigo. Ele disse que posso ficar o quanto quiser. Ele foi pra Miami e provavelmente não volta mais.

E foram.

Vidas AlheiasOnde histórias criam vida. Descubra agora