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  O tronco é maior do que parecia ser quando você ainda o via de longe.

  Os galhos velhos o suficiente para não serem frágeis e pontudos.

  Tudo fosco.

  Sem brilho algum.

  Árvore morta.

  E você se derrama na sobra que se espalha no chão atrás da estrada.

  Uma barata se arrisca na imensidão aberta de azul.

  Barata.

  Isso não é bom.

  Eles podem sentir o cheiro dela de longe!

  Remanescentes.

  Carniceiros.

  Você já vai correr perigo suficiente passando um tempo aqui deitado.

  Não pode duplicar isso.

  Então você levanta, e coloca o pequeno inseto dentro do frasco de Brilhante Líquido vazio.

  Seu corpo está cansado o bastante para que algum tempo parado produza sono.

  Encosta na árvore.

  Senta.

  Pensa que Antes era necessário dormir com mais frequência.

  Eles.

  "Hábito". Era assim que se chamavam essas coisas.

  Você tem o hábito de sonhar.

  Assim como era um hábitos a luz e a escuridão dançarem quase de mãos dadas.

  Depois escuro de novo.

  Depois claro novamente.

  E de novo.

  Novamente.

  Até que todo o hábito foi acontecendo menos...

  Depois menos...

  E menos...

  E parou.

  Essa foi a primeira grande mudança; que teve como consequência muitas outras.

  Mais uma camada do Refletor Líquido pelo corpo e você se deita.

  Espera.

  Acima dos seus olhos, uma parte da árvore se move.

  Lentamente...

  Um animal.

  As formas vão se moldando.

  Cabeça, corpo, patas e rabo.

  Seus olhos pesam.

  É tão bonito.

  Fosco.

  Sem brilho.

  Inofensivo.

  Como a árvore.

  Então ele desce.

  Lentamente...

  Feche os olhos.

  Abra.

  Lentamente...

  Um sono calmo e azul.

  Agora ele caminha.

  Lentamente... nos seus braços.

  Feche os olhos.

  Lentamente...

  Sinta.

  Ele tem a cor da sua pele.

  E então...

  você...

  dorme.


CONTINUA...


Azul - A Cor do Último SonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora