Prólogo - Me livre do medo de não ser normal

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-Meia dúzia, por favor- fala Liah, cansada de esperar naquela fila que parecia não ter fim.

-Aqui está- fala o caixa, que estranhamente tinha uma voz que, para Liah, parecia uma voz de algum personagem de um game antigo, não dá muita importância à aquele assunto, e sai em disparada porque sua mãe já deve está preocupada.

No caminho ela vê seu amigo Lucas jogando em um campinho simples, que logo acena para ela com uma insistência estranhamente gentil.
- Oi Liah, que estais fazendo?
-Só as compras de sempre, sabe as de rotina.
-Posso te acompanhar, mademoiselle?
- Já disse para parar com esse hábito de falar como se estivesse no século XX- disse já apressada, e quase levando Lucas pelo braço.
-E não venha com a desculpa de que em outras vidas você tenha aprendido francês fluente.
-Tá certo, mas não precisa me arrastar quarteirão abaixo.
- É que eu me atrasei um pouco, e acho que minha mãe deve estar uma pilha de nervos.
-Que isso, no mínimo já deve ter ligado para a delegacia, corpo de bombeiros, aeronáutica e até para as forças armadas do exército internacional.
-Ah, deixe de exagero.
-Exagero nada, sua mãe é tão paranóica em te perder que, naquele dia em que fomos para aquela boate, você chegou um pouquinho atrasada, quase às meia noite e meia, e sua mãe já estava ligando para os pais de cada amigo seu.
-E você acha que eu acredito em você?
-Como quiser, aliás, eu fui um dos entrevistados do dia seguinte para saber o motivo de você ter se atrasado.

Saem correndo pela rua, Liah já estava se aborrecendo com seu amigo, que falava da sua mãe como se ela fosse super protetora, o que insinuava que ela era mimada, isso sim é algo que mexe com ela, porque grande parte de seu sucesso foi por conta própria, mas todos achavam que só porque é a filhinha da professora de música, seria prestigiada em todas as ações e sentidos.

Eles intensificaram os passos, até chegar na casa de Liah, onde sua mãe já esperava impaciente, olhando pela janela de vidro polido com umas cortinas bege-amarronzado. Espera os dois entrarem e quando Lucas bate a porta, começa a dar um sermão
-Liah você por acaso sabe a hora de ir ao colégio? Pois é, falta apenas 30 minutos para o ônibus chegar.
-Tô indo mãe, e não demoro.- então Liah sai para se arrumar enquanto sua mãe ia preparando "O OMELETE DA DÉLIA".
-E você Lucas tem aula pra você não?
-Já tô indo
-E onde é que você pensa que vai sem experimentar meu omelete?
-Mas tenho que me arrumar para ir...
-E você acha que eu não te conheço? Você se arruma em 10 minutinhos, e ainda dá tempo de você chegar aqui e esperar por Liah
-Bom, já que insiste!- Ambos abrem um sorriso, que durou menos que o esperado.

Então atravessam a sala centra da casa, toda montada em objetos com expressões antigas, principalmente gregas e egípcias, grande parte sobre uma enorme mesa de canto de vidro quase opaco, que refletia a luz do candelabro no meio da mesa de centro.
Chegam a sala de jantar, pequena, mas com uma mesa retangular com oito lugares. Lucas, cavalheiro como sempre, puxa a cadeira para a dona Délia que agradece gentilmente com um sorriso semiaberto, e, logo senta no outro lado da mesa com um vaso simples de rosas brancas e amarelas.
-Lucas, você deve ser um grande amigo, pois tudo que Liah fala, tem que ter seu nome no meio.
-É... Pode se dizer que sim. Eu e Liah somos amigos desde a creche.

Dona Délia se levanta e chama a atenção de Lucas, que se distraia olhando para o vaso com pinturas quase gregas, que faziam referências à crenças a deusa Atenas. Ele levanta os olhos e a lhe dá ouvidos.
-Fica aqui enquanto eu preparo seu prato e o de Liah.

Ela sai e vai até a cozinha, que fica ao lado, pega a dúzia de ovos que Liah havia comprado e os prepara com todo o amor em que ela tinha ao cozinhar.

PENA DE FOGOOnde histórias criam vida. Descubra agora