FUNGINDO.

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...



- Eu adoro seu sorriso - disse Gustavo enquanto caminharmos pelo cás que levava até o barco seu barco.



A cidade onde estávamos era linda cheia de luzes e cores, parecíamos estar sozinhos, não via ninguém enquanto andavamos. Gustavo passou a mão pela minha cintura, por mais que tudo ao nosso redor parecesse estranho eu ignorava. Apenas queria que aquele momento durasse para sempre, senti seu corpo forçar o meu para mais perto do dele, e me arrepiei. O mundo parecia estar girando mais rápido, a velocidade da luz já não era suficiente para acompanhar meus pensamentos. Sentia meu corpo tremer a medida que mais perto ele chegava de mim, sentia sua mão, seu calor, seu cheiro... Era como se eu pudesse controlá-lo para que realizasse todos os meus desejos. Ainda naquele vendaval de emoções e sentimentos, corei ao ver seu sorriso safado, vi sua boca chegando cada vez mais perto da minha e quanto ela finalmente...



- Tum...Tum...Tum... - Fazia meu celular avisando que era 6:00 horas.



- Só mais cinco minutinhos...- falei enquanto o alarme do meu celular tocava ao fundo.



Voltei a dormi para ver se conseguia resgatar o resto do sonho. Foi quase instantâneo a velocidade com que apaguei, não sei se eu estava realmente cansado ou se só queria realmente saber onde aquele sonho iria dar. Eu estava de novo naquele cás, não via Gustavo até o momento em que ele passou a mão pelo meu braço e me puxou suavemente para a entrada daquela barco. Estava tudo quieto o sol estava se pondo no horizonte e sinceramente estava me encantado com aquilo tudo, notei que Gustavo tinha parado e se virado para mim.



- Seu sorriso é lindo - disse ele com um brilho inexplicável no olhar.



- Você já disse isso - falei sem mesmo pensar no que eu queria dizer.



- É que eu queria te dizer só mais uma vez antes de ir embora com meu novo namorado super gostoso. - sua voz soou assustadora já que ele sorria.



Sem eu entender nada, ele entrou no barco e um menino que eu nunca tinha visto na vida surgiu o abraçando e o beijando. Acordei com vontade de xingar Gustavo, mas ele não entenderia. Olhei o relógio e ele marcava 6:20, não sabia se ficava mais surpreso pelo sonho ter durado 20 minutos ou com o fato de já começar o primeiro dia do meu pré vestibular atrasado. Levantei da cama o mais rápido que pude, corri para o banheiro onde tomei banho, escovei os dentes e me vesti. Estava com uma calça jeans preta, meias brancas com bolinhas azuis e uma camisa branca por baixo de um moletom vermelho. Olhei me no espelho e vi o mesmo menino de sempre, alto, mais nem tanto, olhos castanhos escuros, pele clara, lábios frágeis e rosados e um cabelo muito escuro penteado para o lado apenas com a mão. Caminhei para cozinha e vi meu pai sentado tomando café.



- Você ainda está aqui? Vai acabar se atrasando para o primeiro dia de aula. - disse ele sem ao menos tirar os olhos do jornal que estava lendo.



- Bomdiaamordaminhavida queeunãotrocariapornadanessemunoqueeuamodemaisequeéomelhorpapaidomundointeiro!- disse de uma só vez com a voz mais infantil que eu consegui reproduzir.



- Pega na minha carteira dentro da mochila na sala - disse ele com um leve sorriso enquanto ainda fixava seus olhos no jornal.



- Carteira? Pai, eu não quero dinheiro!- disse me esforçando para parecer incomodado com o que ele havia dito.



- Você quer o que, Kevin? - perguntou meu pai levando seus olhos até a mim pela primeira vez aquela manhã.



- Primeiramente um abraço... - disse sendo fofo enquanto se dirigia para trás da cadeira onde meu pai estava sentado e o abracei.

Notas de um amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora