Capítulo 21

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Encontro Johnny no meio do corredor. Ele vira o rosto e fico com raiva por isso, então decido parar de propósito na frente dele. Cruzo os braços na altura do peito.

Ele não olha para mim, não esperava que ele fosse olhar então abro a boca para falar do mesmo jeito.

- Nem tente, Anna.- ergo as sobrancelhas para sua reação rápida.

- Johnny, não acredito que você vai ficar chateado comigo. Eu sequer sabia que você...bem, você sabe.

Ele dá de ombros e ainda não olha para mim. Respiro e começo de novo.

- Não achava que você era esse tipo. Você sabe que eu não tenho culpa nenhuma, então por que não fala comigo? Já terminei com ele. Ethan. Nunca mais falei com ele a partir do minuto que você saiu do apartamento.

Era a verdade. Depois daquele dia ele passava no corredor me lançando olhares deprimidos e em sofrimento, mas eu me recusava a cair numa dessas. O imbecil, ainda por cima, ficou com meu apartamento. Estou acampando no dormitório de Claire com Ben. Ainda bem que daqui a uma semana ele vai embora.

- Eu tenho medo, An.- ele responde e finalmente seus olhos encontram os meus. Estão frios e carregados e sofrimento.

- Medo de que?!- perco a paciência.

- Da sua reação. Caramba. Você era minha melhor amiga. Sabe o quanto foi difícil bater na sua porta com flores aquele dia, sabendo que poderia ser o fim de nossa amizade?

Abro a boca para responder mas ele me corta.

- Agora, você sabe o quanto foi difícil te ver de toalha com aquele babaca? E saber que você gosta daquele tipo?

- O que você quer dizer com isso?- pergunto.

- O cara é forte, bonito e cheio de marra. Consegue a garota que quiser a hora que quiser. Eu sou o oposto disso.

Eu rio. Caio na gargalhada. Ele não pode estar falando sério. Ele é um cara muito bonito mesmo. Geralmente, os ruivos como Johnny são feios, mas ele é uma exceção divina. Ele podia ganhar um prêmio em um concurso de beleza. E ele tem, bem, um corpão.

Olho para seus braços, e vejo aquela imagem de que tanto senti falta. Sua camisa é apertada na região dos bíceps. Rio mais ainda.

- Qual o seu problema?!- ele olha para mim incrédulo.

Olho para ele de cima a baixo e pego sua mão. Nesse momento, sinto que todo seu corpo se arrepiou com meu toque.

- Vem comigo.

Ele finge que ainda está no controle da situação e se controla para não sorrir.

O levo até o banheiro feminino que ninguém usa em toda a universidade.

Entro e ele trava os pés no chão atrás de mim. Seguro a porta e pergunto:

- O que foi?

- É um banheiro feminino.- ele me encara apavorado com a idéia.

- Sim, Einstein.

- Não posso entrar aí.

- Deixe de ser certinho. Vai desperdiçar a chance de entrar em um banheiro comigo?- lanço um sorriso malicioso.

Ele fica nervoso e seu corpo se arrepia novamente.

- Estou brincando, Johnny.

- Por que não entramos no masculino?- ele aponta para a porta ao lado.

- Porque vocês homens usam esse banheiro. Nenhuma menina usa esse banheiro, então estamos em segurança.

Ele troca olhares entre as duas portas e passa os dedos nos cabelos cor de fogo.

- Tudo bem então...- ele finalmente aceita.

Empurro a porta para ele passar na minha frente, mas ele hesita.

- Quer um convite?- me apóio na parede.

- Já entrei, chata.- ele rapidamente se encontrava no centro do banheiro, entre as pias e os boxes.

- Não acredito que me fez fazer isso.- ele inspeciona o banheiro horrorizado.- Por que me trouxe aqui?

Passo a mão em seus ombros, estão tensos, e o viro para o espelho.

- Por isso.

Ele olha para o espelho ainda não compreendendo.

- Você acha que não tenho espelho em casa? Meu dente está sujo?

- Não bobo. Só para ter certeza se você sabe o quanto realmente é bonito. E muito mais que isso...-Olho para seu corpo através do espelho e sinto seus olhos em mim.

- Tudo bem, Anna. Você acabou de bater o recorde oficial de pior pedidos de desculpas do mundo.

Eu rio.

- Pelo menos funcionou.

Nos abraçamos por um bom tempo. Eu feliz por sermos amigos de novo e ele, infelizmente, com outras intenções.

...

Saio do banheiro depois de uma longa conversa com Johnny enquanto sentados no chão.

Sorrimos em despedida e seguimos um para cada lado.

Estou andando para minha aula quando vejo um antebraço surgir na minha frente. Olho para o braço todo e é forte, bem forte, e familiar.

Ethan apóia sua mão contra a parede para não me deixar passar.

- O que estava fazendo naquele banheiro?- ele pergunta furioso.

- Não é da sua conta.- respondo, me esquivando de seu braço para continuar andando. Claro que ele me segue.

- Você... E ele...

- Não, Ethan. Agora não enche.

- Anna, por favor... Você não sabe o quanto me arrependo de não ter te contado.- acelero o passo, mas ele acompanha sem dificuldades. Eu correndo uma maratona e ele passeando.

- Ta.- respondo dando de ombros.

- Eu, eu.. Só queria que você me desse outra chance. Não vou te desapontar e não vou desistir de você.- reviro os olhos e ele segura meu braço me fazendo parar.- Eu te amo.

Ele olha intensamente em meus olhos, é a vez de meu corpo se arrepiar. Penso em tudo de bom que ele fez e na amizade que ele quase me fez perder.

- Obrigada pela conversa, Ethan.- continuo andando e me seguro para não olhar para trás e ver sua cara de derrota.

Minha aula passa rápido e, enquanto ando para o dormitório com Johnny ao meu lado, me pego pensando em Ethan. Como eu queria estar nos braços dele, não queria sair nunca mais. Olho para a figura de Johnny ao meu lado e me sinto culpada por ter esses pensamentos. Eles se vão.

- Então quer ver algum filme?- Johnny pergunta.

- Você não acha que vou pro seu apartamento né?- rio e ele faz uma cara de nojo.

- Não quero esse tipo de gente na minha casa.- eu soco seu ombro, o que não lhe fez efeito nenhum.

Ele estava começando a falar algo quando duas mãos masculinas agarram o colarinho de sua camisa e o empurram até a parede.

Olho para a silhueta de Ethan incrédula.

- Não satisfeito com tirá-la de mim, está pegando para você?!- Ethan fala furioso e Johnny olha para mim.

- Não sou um objeto, Ethan!- fico irritada de repente por homens acharem que nos possuem.

Johnny, em um movimento rápido golpeia o abdômen de Ethan com o joelho, que o faz largá-lo. Os dois começam a trocar socos e todos da universidade já estão olhando e criando uma roda em volta de nós.

Não sei o que fazer, mal respiro.

Quem eu menos esperavaOnde histórias criam vida. Descubra agora