Capítulo 36

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Matt 

    Peguei a Molly em meus braços. Sua pele estava mais branca do que o normal, seu pulso estava fraco, não tinha nenhum sinal de vida em seu corpo.

   Eu não sabia o que fazer, a raiva fervia o meu sangue de um modo inexplicável. Meu pai tinha feito isso com a mulher que eu amo, ele tinha matado a Molly. Meus olhos lacrimejaram todas as vezes que eu pensava nisso.

   Antes de partir, o Jamie disse que nosso pai não pediu para matá-la. Isso ficava martelando na minha cabeça, e que de algum modo, eu podia inverter esse feitiço. Mas o desespero tomou conta de mim. 

   Levantei da grama e levei ela até o carro do Allan, um menino que jogava futebol comigo. Ele sempre deixa a chave na roda do carro. Dei ré com o carro e segui à rua até a casa da Molly. 

    Desci do carro e a segurei com cuidado. Abri a porta da casa dela, estava tudo escuro, e a sala, com todas aquelas caixas, era um pouco assustador. Por um momento, vi uma sombra de um menino sentado em cima de uma das caixas, em frente à janela. Respirei fundo e continuei. Ele estava ali, me observando.

   Seu quarto estava iluminado por pisca-pisca em sua penteadeira. A coloquei em sua cama, tirei os seus sapatos, e coloquei os lençóis de seda em cima dela, para não sentir frio. Não conseguia parar de encarar seu rosto branco e rígido. Sentei ao lado da cama, no chão. Sentir o olhar de alguém pesar nas minhas costas. Olhei por cima do meu ombro e vi uma sombra, a mesma que estava na sala, pela brecha da porta. Meu coração deu um pulo, tomei coragem e fechei a porta. Parei e encarei a porta, com medo da sombra entrar no quarto, ou fazer qualquer outra coisa. Depois de alguns segundos não aconteceu nada, então voltei para o meu lugar. Segurei em suas mãos e apertei com força. Só o pensamento de perdê-la me deixava louco. 

"Na hora certa você vai saber o que fazer, querido"

    As palavras da avó da Claire não saiam da minha cabeça. Ela poderia ser velha e maluca, mas sabia o que falava. Fechei os meus olhos e continuei apertando as mãos da Molly.

"Uma hora, a luz que está dentro de você irá aparecer, e você vai saber o que fazer."

   Lágrimas escorriam dos meus olhos.

"Está no seu sangue. Você é um mago poderoso, Liam. Apenas precisa querer."

  Baixei a cabeça e comecei a falar palavras que eu não entendia, palavras em outra língua que faziam parte do alfabeto tebano, que é considerado o alfabeto das bruxas. Mas lá no fundo, eu sempre soube o que elas queriam dizer.
 

   Meu tom começou a ficar mais grave e comecei a elevar a minha voz. Após algumas repetições eu estava gritando e chorando. Mesmo com os olhos fechados, eu senti a sombra dentro do quarto, chegando cada vez mais perto, e mais perto, e mais....

   Molly levantou da cama com um grito. Me assustando e me fazendo cair para trás, largando a sua mão.

- O que aconteceu? - pergunta ela aos prantos.

   Suas mãos ainda estavam geladas e a sua pele ainda com um tom esbranquiçado.

   Olhei para ela, querendo explicar tudo o que tinha acontecido naquela noite, tentando inventar algumas desculpas, porque mundanos não sabem sobre a magia de fato. Mas eu simplesmente me encostei na parede e comecei a chorar igual a uma criança. Eu estava desesperado. Eu quase a perdi. E o meu pai que fez isso. A raiva transparecia pelo o meu olhar só de me lembrar disso. Ela levantou da cama, mesmo ainda fraca e me abraçou ali mesmo. Ela acariciou o meu cabelo e disse que iria ficar tudo bem, mas como ela poderia dizer isso se ela quase morreu? Minha cabeça estava girando.

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