-Holly acorde,Café da Manhã!! -Grita minha mãe do andar debaixo.
Como vocês podem perceber,minha mãe me acorda todo santo dia para tomar café da manhã,mesmo eu nunca comendo o café da manhã,ela insiste em me acordar.Eu sofro com problemas passados na infância e alguns problemas presentes,meu dia-a-dia é contínuo,porém preenchido de tédio absoluto.
Desço as escadas e vejo meu gato que se chama Kitty passar correndo subindo as escadas,nessas horas eu gostaria de ser um gato!
-Bom dia mãe. -Digo seca indo pegar um copo de água gelada.
-Como você consegue acordar todos os dias de mal humor,querida? -Diz ela fritando fatias de bacon na frigideira.
-E como você consegue acordar tão alegre? -Bebo minha água com alguns remédios que sou obrigada a beber,como anti-depressivos,calmantes,e entre MUITOS como anti alérgicos por exemplo.
Ligo a televisão e vejo que falta 1 semana para o Natal,estou super animada,nossa...muito! (nada animada).
Pego meu celular e dou uma pequena olhada em minha rede social,eu falo com poucas pessoas,como por exemplo meus dois melhores amigos Heitor e Lisa.Passo a parte do dia falando com eles dois,ou se estiverem com os amigos reais deles,eu passo a parte da minha vida estúpida ouvindo o CD completo do Arctic Monkeys*.
Quando vou subir novamente as escadas e voltar para o meu local de paciência e PAZ minha mãe diz:
-Nada de voltar para aquele lugar onde já passa a maior parte do tempo,tome um banho que você vai para o Centro de Reabilitação. -Diz ela com as mãos na cintura.
-Mas.... -Começo a dizer mas ela me corta dizendo: -Se arrume.Agora!
Eu odeio ter que ser obrigada a fazer o que não quero,odeio ter que fazer isso a maior parte do tempo,mas eu tenho que fazer isso para não me internarem novamente.Eu tomo uma ducha e visto uma blusa do AM* e uma blusa jeans por cima,e coloco meu short preto e meu coturno,pego minha mochila com algumas coisas necessárias que uso ou levo,arrumo meu cabelo sempre para frente.Desço as escadas sem ao menos me despedir saio de casa.
-Ei filha espere,entregue a carta de Natal para o Doutor Cerazza. -Ela me entrega um envelope,eu jogo na mochila e sigo meu caminho.
Eu ando e vejo todas aquelas crianças felizes com bicicletas e brinquedos,minha infância não foi nada parecida,que azar o meu.
Paro numa padaria e compro um maço de cigarros,e um lanche para mais tarde,2 kibes com queijo e um suco natural.
-Bom dia Holly -Diz o dono da padaria,Eddy
-Oi Eddy
-Eu já disse pra você que fumar faz mal.
-Para mim,e não para você Eddy -Coloco um sorriso no rosto para disfarçar minha grosseria.
-Até mais pequena Holly.-Diz ele pegando o dinheiro.Qual é,o que pensam de mim? Eu tenho 17 anos e eu posso fazer o que eu quiser,fumar,transar...quer dizer eu ainda sou virgem,então fumar e beber entram na lista da rebeldia.
Acendo um cigarro e vou fumando até chegar ao Hospital,uma esquina antes de chegar eu jogo o pito de cigarro no chão e apago,atravesso a rua e entro ao inferno do dia.O ambiente lá é muito frio,gélido e sempre movimentado,as caminhonetes de emergências sempre entram e saem daqui,eu não sei como o motorista não enjoa do caminho.Olho no relógio e são 12h e vejo que estou um pouco atrasada.
-Oi..Boa tarde,Dr Bruno Cerazza está?
-Te aguardado Holly,Sala 4,como sempre.
Entro na sala sem bater e o Dr Cerazza estava conversando com um garoto,de blusa de manga comprida listrada em preto e branco.
-Er...desculpa.,Dr.
-Holly! Não tudo bem,entre eu estava falando de você.
Eu entro e fecho a porta.
-Esse é Eliot,ele está passando por alguns problemas parecidos,e eu marquei para vocês...fazerem consulta dupla em grupo...se incomodaria?
-É...claro que não. -Digo me sentando ao lado de Eliot.
-Muito bem -Diz o Doutor. -Holly fala da sua semana.
-Então...me cortei de novo,fumei de novo,quebrei as coisas DE NOVO,bebi de novo...acho que é tudo velho Doutor.
-Andou tomando seus remédios? -Diz ele anotando.
-Todos eles.
-O que comprou de lanche dessa vez?
-2 kibes com queijo e um suco.
-Boa escolha,Holly -Diz Dr.Cerazza
Noto que Eliot estava meio desconfortável e meio tímido,então o Médico pergunta para ele a mesma pergunta e eu presto atenção.
-E você Eliot? -Completa Dr.
-E-eu....quebrei as coisas,me cortei...fumei...xinguei...briguei com meu melhor amigo Dean...e quase bati na minha irmã.
-Calma pera -Dr faz uma pausa.-Por que você bateria na sua irmã?
-Ela roubou meus cigarros,e levou para a escola,e vi ela colocando de volta na minha gaveta e só tinha 2.
Eu solto uma gargalhada que não consegui segurar.
Eliot ri também.
-Vocês estão de brincadeira. -Diz Dr.
-Eliot ele tem apenas o mesmo pensamento que o meu,Bruno.
-Holly e Eliot,eu já conversei mil vezes com vocês,temos que esquecer esse acidente,eu sei que foi traumatizante...mas tem que amadurecer..
Eu me levanto e digo:
-Qual o problema? EU não aceito a morte,e por que eu não morri naquele lugar em chamas também? -Digo com raiva.
-Holly,sente-se. -Diz Bruno.
Eu me sento e cruzo os braços.
O Dr Cerazza levanta e diz:
-Eu quero que cada um conte o problema do outro para cada um,e não vão sair até ter feito isso,vou tomar um café,volto em meia-hora.
-Mas o que... -Diz Eliot.
Eu começo a ficar vermelha por que eu nunca tive um contato tão próximo de um garoto a muito tempo.
-Então o que aconteceu para você estar vivendo nesse inferno?-Digo olhando para os olhos azuis dele.
-Meus 3 primos foram afogados num rio,e eu consegui sobreviver por que tinha um pescador na área. -Diz Eliot olhando para o chão.
-Meu irmão e meu tio morreram tentando me salvar quando eu tinha 7 anos,a casa tava pegando fogo,e eles me jogaram de um canto para o outro para me salvar..,e ah! Tinha um bombeiro na área também. -Digo olhando para o rosto dele.
-Qual a marca do seu cigarro? -Pergunta Eliot.
-Marlboro e as vezes Black, e você?
-Dallas -Diz Eliot.
Conversamos por muito tempo,nem parecia que teríamos que ficar trocando idéias e assuntos por meia-hora,e sim por MUITAS horas,ele me passa seu número de telefone e eu adiciono ele,nós ficamos rindo de histórias engraçadas até que Dr Cerazza abre a porta.
-O assunto tá bom ai?
-Sim -Diz Eliot -Fiz uma nova amiga.
-Que bom Eliot. -Diz Bruno anotando alguns comportamentos de hoje meu e de Eliot
-Bem eu vou almoçar. -Digo.
-Eu também gostaria -Diz Eliot.
Eu tiro a carta da mamãe da mochila e entrego para o Bruno.
-Minha mãe e suas cartas de Natal.
-Até daqui a duas semanas então Holly e Eliot.
Abro a porta e nem seguro para Eliot,ele vem atrás de mim perguntando:-Onde é o refeitório?
-Me siga pequeno gafanhoto.
Fomos para o refeitório e peguei o meus kibes com queijo e esquentei no microondas de lá,Eliot pegou um almoço comum,strogonoff arroz e batata palha,mas eu como não gosto de comida e prefiro algo frito,massas e doces,sou uma anoréxica com colesterol alto.
-Onde você mora? -Pergunta Eliot.
-No bairro de trás. -Respondo pegando meu lanche do microondas,e indo para a mesa.
-Você é linda Holly. -Diz ele já sentado na mesa.
-Obrigada,você também é muito lindo.-Digo totalmente sem graça.
-Você ajuda os pacientes também?
-Não -Eu respondo -Eu sou a paciente
-Eu também sou,mas ajuda meu ânimo ajudar eles também,ainda mais as crianças.-Diz ele dando uma garfada na comida,e eu já tinha acabado o primeiro kibe.
-Você parece ter um coração bom.
-Eu tenho ,porém machucado...
Eu encaro ele por um minuto,e jogo uma teoria no ar.
-Quero que sejamos muito próximos,eu sinto que somos muito iguais,precisamos se conhecer mais.
-É,eu sinto isso demais...-Ele diz ficando mudo por um momento e se levanta para jogar os restos de comida fora e para em pé e diz:
-Eu anotei meu número nesse papel,se quiser conversar...eu to indo embora,até mais Holly.
Eu fiquei assustada por que ele parecia estar com medo ou assustado,eu largo meu ultimo pedaço de kibe ali e saio correndo atrás dele e pergunto:
-Hey? Está tudo bem? Vou te acompanhar até em casa.
-Não,eu te levo a sua.
Eu concordo e vamos.
Chegando na minha casa ele me abraça e acena com a mão,dá alguns passos para trás e anda por outro caminho,ando lentamente até a porta de casa pensando...Será que encontrei alguém com o mesmo pensamento que o meu?
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Psychological Medicine
Teen FictionMeu nome é Holly Parker,eu sofro com coisas passadas psicologicamente me afetaram de alguma forma,freqüento o hospital à 3 anos,todos me conhecem e sabem da minha história e conhecem a minha mãe.Minha vida muda radicalmente quando eu conheço outro p...