PRETTY LITTLE LIARS
Três pessoas podem guardar um segredo, se duas delas estiverem mortas.
- BENJAMIN FRANKLlN
COMO TUDO COMEÇOU
Imagine que estamos alguns anos atrás, no verão, entre o sétimo e o oitavo ano. Você está bronzeada de tanto tomar sol à beira da piscina, está usando seu suéter da Juicy (lembra de quando todo mundo tinha um?) e pensando em seu pretê, o garoto que estuda naquela escola cujo nome nós não mencionamos e que trabalha na Abercrombie do shopping.Você está comendo seu cereal matinal favorito, Cocoa Krispies, do jeitinho que mais gosta — mergulhado no leite desnatado — e vê a cara dessa garota na lateral da caixa de leite. DESAPARECIDA. Ela é bonitinha — provavelmente mais que você — e tem um ar briguento. Daí você pensa "Hum, talvez ela também goste de Cocoa Krispies empapado". E pode apostar que ela também acha o menino da Abercrombie bem lindo.Você se pergunta como alguém tão... hum, tão parecida com você, desapareceu. Você achava que só as meninas que participam de concursos de beleza acabassem na lateral de caixas de leite.
Bem, pense melhor.
Aria Montgomery afundou seu rosto no gramado da casa de sua amiga, Alison DiLaurentis.
— Delicioso — murmurou ela.
—Você está cheirando a grama? — perguntou Emily Fields, por trás dela, batendo a porta do Volvo de sua mãe para fechá-la, com um dos braços longos e sardentos.
— É um cheiro bom. — Aria jogou o cabelo cheio de mechas cor-de-rosa para trás e respirou o ar morno do fim de tarde. — Cheiro de verão.
Emily deu tchauzinho para a mãe e ajeitou os jeans horrorosos que usava pendurados em seus quadris estreitos. Emily era da equipe de natação desde a Liga Infantil e, apesar de ficar incrível de maiô, jamais poderia vestir nada justo demais, nem remotamente bonito, como as outras meninas do sétimo ano. Isso porque os pais de Emily insistiam que a beleza vinha de dentro para fora (embora Emily tivesse certeza de que ser obrigada a esconder uma camiseta baby look que diz GAROTAS IRLANDESAS FAZEM TUDO MELHOR no fundo de sua gaveta de calcinhas não era algo que ajudasse alguém a construir o caráter).
— Ei, meninas. —Alison deu uma pirueta no jardim. Naquela tarde, seu cabelo estava preso num rabo de cavalo desleixado e ela ainda usava sua saia xadrez da festa de final de ano da equipe enrolada na cintura para parecer mais curta. Alison era a única menina do sétimo ano que conseguira entrar para o time da escola. Pegava carona para casa com as meninas mais velhas do Colégio Rosewood Day que ouviam o rapper Jay-Z em suas Cherokees o mais alto possível e espirravam perfume nela antes que descesse do carro para que ela não chegasse em casa cheirando a cigarros, o que revelaria que todas haviam fumado.
— O que eu estou perdendo? — perguntou Spencer Hastings, aparecendo por um buraco da cerca viva para se juntar às outras. Spencer morava na casa ao lado. Ela jogou seu longo cabelo num rabo de cavalo louro escuro e deu um gole em sua garrafa esportiva roxa. Spencer não havia ido para o time principal com Ali no outono, então tinha que jogar com as meninas do sétimo ano. Ela passara um ano se esforçando como louca no campo de hóquei, para aperfeiçoar suas manobras, e as meninas sabiam que ela havia praticado dribles no quintal antes de elas chegarem. Spencer odiava que alguém fosse melhor que ela em qualquer coisa. Especialmente se esse alguém fosse Alison.
— Esperem por mim!
Elas se viraram a tempo de ver Hanna Marin saindo da Mercedes de sua mãe. Ela tropeçou na própria mochila de livros e acenou toda animada com seus braços gorduchos. Desde que os pais de Hanna se divorciaram, no ano anterior, ela vinha aumentando de peso gradativamente, o que fazia com que suas roupas ficassem cada vez menores. E, embora Ali