— Não fale mais nada. — Pediu Daehyun e beijou o topo da cabeça do namorado, conseguindo esquecer por alguns minutos toda a briga do dia anterior.
— Você sabe que eu... — A voz morreu embargada na garganta, fraquejando e traindo-o. — Eu te amo.
— Eu te amo também. E nada vai mudar isso. — Afirmou pela última vez e soltou o economista, que enxugou com rapidez as lágrimas que escaparam de seus olhos.
...
Youngjae saiu da cozinha com a postura não mais ereta e os braços rentes ao corpo, não conseguindo sustentar o próprio peso e o peso de suas escolhas.
Teria como voltar atrás? Teria como consertar tudo depois?
Passou por Dalhee pelo corredor enquanto tentava fugir de seus problemas se escondendo no jardim novamente. Ela lhe lançou um olhar lastimoso e tinha a expressão vazia. Se cumprimentaram à distância, apenas balançando a cabeça.
Ouviu um assobio próximo e encontrou seus dois irmãos, escondidos em um dos quartos de hóspedes. Podiam escutar a família ainda rindo com a televisão, alheios à toda a confusão. Acenou para a mulher e correu até o cômodo escuro.
Quando a porta foi fechada em um clique, sentiu mãos segurando-o pelo colarinho da camiseta. Focou a visão e recuou alguns passos até encostar na madeira, assustado e indignado. Youngwon tinha os lábios presos com firmeza entre os dentes, tornando-os esbranquiçados. As mãos agarravam com força o tecido da roupa do irmão, alargando-a. Estava com o olhar baixo e a respiração pesada. Parecia outro homem.
— Me diz que é mentira! — Sibilou no silêncio ameaçador do quarto.
— O-O quê?
— Você não é viado, Youngjae.
O economista sentiu o sangue gelar. Engoliu em seco e bateu com força a cabeça na porta. Observou a expressão de culpa de Youngsan, o dedo-duro. Pensou por alguns segundos, analisando a situação e em como poderia escapar dela. Parou por mais outros segundos e chegou à conclusão de que estava sendo idiota ao esconder a verdade. Porque, se eles eram irmãos, deviam contar tudo uns aos outros. Sempre compartilharam segredos e histórias cabeludas, por que seria diferente?
Youngjae respirou fundo e contou mentalmente até 10. Depois até 20. E chegou ao 30. De uma única vez, admitiu:
— Eu... Eu sou gay. E estou namorando outro homem!
— Mas que...
Youngwon afrouxou os dedos e encarou o irmão nos olhos, esperando algum sinal de que era uma brincadeira. Youngjae sustentou o olhar, tentando não fraquejar com tamanho julgamento. Já podia sentir o coração apertar e não sabia se conseguiria aceitar mais uma frustração naquele dia.
— Diga alguma coisa, por favor. — Implorou.
— Não quero acreditar em você. Eu NÃO acredito em você. — Rebateu o mais velho, voltando a segurar a gola da camiseta. — Pare de brincar com a minha cara!
— Isso não é mentira! Eu sou homossexual e estou namorando o Daehyun. Não torne tudo mais difícil. Eu mal sei como estou conseguindo falar isso para vocês sem chorar ou querer morrer.
Youngsan tossiu ao fundo, como se estivesse ouvindo aquilo pela primeira vez. E a verdade era que o Yoo mais novo não havia acreditado na história que ouvira de Youngjae na noite anterior, por isso quisera tirar a prova. E, bom, ele não estava totalmente acostumado com a ideia, realmente havia achado que era uma brincadeira.
Youngwon soltou um urro gutural, que os outros dois nunca haviam ouvido antes; largou a roupa do irmão e levantou um dos braços, com o punho fechado. O economista se encolheu no lugar, deixando um gemido de medo escapar de seus lábios. Fechou os olhos por impulso, aguardando o soco.
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Cobertor
FanfictionYoo Youngjae, um rapaz religioso e centrado, procura por uma moça com os mesmos princípios que os seus. Deixa a Ilha de Ulleung, onde vivia com seus pais, para tentar realizar seu sonho em Seul. Nunca tivera muito contato com o mundo exterior e será...