XXIV

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Nos despedimos e fomos.

Durante o percurso, não largava as tais cartas de Augusto. Eram muito importantes para mim.

— É inacreditável. — Soltou Pedro incrédulo.

Assenti silenciosamente olhando pela janela do carro.

Luisa olhou para mim.

— A gente vai te ajudar. Seja qual for a gravidade do problema. — Falou apertando minhas mãos.

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Me sentei no sofá e não larguei as cartas.

— Flora. — Disse Pedro sentando-se ao meu lado. — Coloque as cartas ali. Acalme-se.

— Não tem como eu me acalmar! — Me irritei. — Você não vê? Ele se suicidou por minha culpa? Ele foi para o inferno por. Minha. Culpa. — Falei pausadamente. — Agora, eu não faço ideia de como posso reverter tal situação. Céus! Você não pode dizer para eu me acalmar quando não tem noção do que estou sentindo. Saia daqui, por favor! Me deixe sozinha! Eu quero voltar para meu mundo. Não quero mais ver sua cara, quero ver a cara de Augusto. Meu mundo não é o seu. Eu estou cansada. — Minha voz saiu forte e irritada. — Não preciso de sua ajuda. Eu não quero. Obrigada. — Ainda estava irritada. — Esqueça. Esqueça que eu existo. Eu existo, mas não nesse tempo.

Pedro se levantou e disse que iria embora. Eu o magoei. Céus! Ele não tem culpa.

Fui me deitar. Eu queria ficar sozinha.

— Flora, por conta da correria eu nem pedi pizza. Mas hoje... Eu pedi. — Disse saltitando.

— Obrigada. — Sorri ao lado da mesa da cozinha. Meu olhar era triste.

A pizza chegou, era cerca de 21:35, Luisa me ensinou a ver o horários nesses relógios do futuro.

— É muito bom! — Falei enquanto degustava mais um pedaço. — Mamãe me mataria se visse eu falando de boca cheia! Onde estão  meus modos?

Luisa riu.

Acabamos de comer e fui me banhar, em seguida, sentei na cama e comecei a ler as cartas.

Elas mostravam o sofrimento ao qual o submeti. Lágrimas não paravam de cair.

Naquela noite, eu não dormi.

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Já fazia cerca de um mês desde o dia que fomos na casa de Augusto. Eu estava triste, porém buscando uma solução.

Luisa sempre me alertava sobre o quanto fui rude com Pedro e que eu deveria pedir perdão. Mas eu estava com vergonha de mim mesma. De ter sido tão rude.

Luisa voltou a trabalhar, por esse motivo, eu passava boa parte de meus dias sozinha. Até aprendi a andar por alguns lugares próximos à minha casa.

Meus pensamentos em forma de remorso pelo jeito de minha grosseria com Pedro, me corroíam. Não o vi desde aquele dia.

Enquanto estava debruçada no sofá, pensei em ligar para ele. Porém, eu deveria assumir meus erros da forma correta. Ir até o hospital em que ele trabalhava.

  Peguei o endereço colado na geladeira. Coloquei minha bolsa e fui em busca de um taxi. Luisa disse que pegar um ônibus ainda seria confuso para mim.

Eu havia tirado férias do trabalho. Quando acabasse, iria ao médico pegar mais atestados. Eu não fazia ideia de como iria trabalhar.

Luisa me explicava tudo sobre esse mundo e eu tentava absorver o máximo possível. Sempre procurava aprender e sempre tirava minhas dúvidas.

Calcei um salto e em passos rápidos caminhei pelo prédio. Saí e cumprimentei o porteiro.

Chamei um taxi e mostrei o endereço do papel para ele.

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Cheguei ao hospital e fui até a sala de espera. Hospitais já eram quase uma rotina para mim.

  — Olá senhora, gostaria de falar brevemente com o doutor Pedro Souza. — Falei para a mulher que estava dentro do balcão.

— Consulta marcada? — Perguntou.

— Não, preciso meio urgentemente falar com ele. — Corei.

— Assuntos pessoais não deveriam ser tratados no trabalho... — Disse a mulher.

— É que eu já fiz alguns exames com ele, gostaria de tirar algumas dúvidas. — Menti.

Ela então disse que iria chamá-lo, mas falou que o que fiz é errado, que isso é um hospital.

Logo voltou.

— Sente-se e espere, ele está ocupado, mas logo te chamará. — Disse a mulher colocado seu óculos.

Me sentei em uma daquelas cadeiras.

Já fazia cerca de uma hora e meia que eu estava sentada lá. Pensei em desistir achando que ele não viria.

A mulher que me atendeu me lançou um olhar de como seu eu fosse louca.

Duas horas que eu estava sentada ali. Resolvi me levantar e ir. Ele definitivamente não viria. Céus!

Ele então apareceu e nossos olhares se cruzaram. Ele então perguntou a tal mulher que me atendia quem era a moça que tinha dúvidas em relação aos exames. Ela apontou para mim.

Nada além do depoisOnde histórias criam vida. Descubra agora