- Flora? - Disse Pedro surpreso. Foi uma pergunta retórica. - Venha. - Me chamou e eu o segui até sua sala.
Me sentei na cadeira de frente para sua mesa e ele fechou a porta da sala em seguida se sentou, ficando de frente para mim.
- Quais são suas dúvidas? - Perguntou sério.
- A dúvida é se tenho seu perdão. - Corei. Minha voz saiu baixinha e olhei para minhas mãos.
Ele me encarou. Pude ver seus olhos azuis olharem para o fundo de minha alma. Seus lábios se tornaram um risco.
- Eu estou trabalhando, Flora. Não é horário de se pedir perdão. - Falou seriamente.
Olhei para minhas mãos timidamente. Eu tinha que ser forte.
- Eu sei. Pensei em ir até sua casa, mas você não estaria lá. Você trabalha muito. Eu iria te ligar, mas ligar demonstraria covardia de minha parte. - Meu olhar se lançou para ele. - Fui tão dura com você. - Comecei a chorar. - Eu queria olhar nos seus olhos e dizer, como disse naquele dia que fui grossa, estúpida. Se eu tive coragem de olhar nos seus olhos para te falar algo ruim, tenho que olhar nos seus olhos para pedir perdão. - Lágrimas escorriam sobre a minha face.
Ele me encarou, abriu a boca várias vezes preste a falar algo. Mas não disse nada.
- É isso. - Falei me levantando. - Não quero atrapalhar você. Eu entendo se não quiser me perdoar, foram palavras duras.
Então andei em direção à porta. Virei a maçaneta.
- Espere! - Falou Pedro e eu me virei imediatamente. - Eu te perdôo. Não te culpo, é um momento difícil para você.
Sorri e ele se levantou. Cheguei perto dele. Nos aproximamos o bastante para ouvir a respiração um do outro. Ele então me beijou e eu cedi. Suas mãos percorriam o meu corpo me trazendo arrepios. Eu queria. Queria ele agora. Nosso beijo se tornou quente e intenso. Ele sussurrou em meu ouvido.
- Eu te quero agora, mas agora não podemos. - Falou ele ofegante.
Em seguida interrompemos. Eu dei um breve beijo nele.
- Tchau, vou indo. - Sorri corada.
- Se eu sair mais cedo hoje, passo em sua casa. - Sorriu ajeitando o jaleco.
Saí daquela sala, contente por ter sido perdoada e ter beijado Pedro.
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- Gostei de sua atitude. - Disse Luisa colocando sua bolsa na cadeira.
- A gente se beijou. - Falei.
Luisa sorriu.
- Pena que você não pertence à esse mundo... - Falou.
Então pensei que isso tudo poderia ser interrompido. Eu não podia iludir Pedro. Tal sentimento mostrava minha ingratidão.
Endireitei minha postura no sofá e encarei Luisa.
- Eu gosto de Pedro, não nego. - Caíram algumas lágrimas de meus olhos. - Mas o vejo como Augusto, sendo que ele não é Augusto.
Luisa olhou para mim.
- Eu entendo. Não posso te julgar. - Deu um sorriso discreto.
Após o incidente no hospital, Luisa foi chamada pelo médico. Ele disse que não admitia, que viu pelas câmeras, mas que não tomaria nenhuma atitude pelo fato de que minha alta estaria prevista para o dia seguinte. Mas que se voltasse a acontecer, iria tomar as medidas cabíveis.
Luisa me transmitia confiança. Seja em nossas tardes chuvosas em que assistíamos à um filme, ou em um sábado ensolarado em que íamos ao parque. Ela havia terminado um relacionamento por conta de um traição, vez ou outra eu a via chorando escondida, ou somente via seus olhos marejados por conta de lágrimas, mas ela não queria me "passar" seus problemas.
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Já era noite e estávamos no sofá assistindo uma novela. Era engraçado eu ver aquilo, era uma coisa que me deixava visivelmente admirada. Tantas mudanças e Luisa fazia questão de me explicar tudo. Dizia até que meu vocabulário estava se adaptando ao novo século. Falou que eu logo iria usar gírias. Gírias eram palavras bem "urbanas", segundo a Luisa. Nada formais. Ela usava várias e eu ficava bem confusa.
Ouvi batidas na porta e fui atender, deixando Luisa cochilando no sofá. Era Pedro. Junto com ele estava um buquê de rosas, várias rosas brancas e vermelhas.
Lancei um sorriso. A luz estava apagada, deixando somente a luz da televisão iluminando o ambiente.
Ele me entregou o buquê e fiz sinal para que ele entrasse, ele foi silencioso.
Chamei para meu quarto, para que Luisa não acordasse. Ela estava trabalhando muito ultimamente.
- Estou muito grata pelo buquê. - Falei emocionada. - Obrigada! - Sorri.
- Não diga nada. - Falou ele e fez um "shiii".
Tranquei a porta.
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Nada além do depois
Narrativa StoricaQuerido diário, Há tempos que falo sobre minha paixão por Senhor Soteli, sofro pelo fato de que meu amor por ele pode não ser recíproco e mesmo se ele correspondesse, papai não aceitaria. Sempre que me sento na cadeira para que ele dê suas aulas, s...