Em abril de 1987 eu nasci; um menino talvez igual a cem mil outros meninos que nascem pelo mundo, de uma família muito pobre numa cidade do interior do Estado de São Paulo. Logo eu seria batizado como Christopher, porque é o nome do ator protagonizou o Superman nos filmes. Eu sou o primeiro filho do casal, embora os meus pais já tivessem filhos de outros relacionamentos, eu seria o primeiro e o único garoto do casal, porque dali para a frente só viriam meninas, mais três meninas.  

Eu cresci pobre num bairro rico, meus pais: um carpinteiro e uma empregada doméstica analfabeta, pagavam o aluguel de uma casa muito humilde, mal pintada, com quintal de terra, móveis velhos e pouca comida na geladeira; muito diferente  da realidade das outras pessoas que moravam naquele bairro com ruas largas, casas enormes e carros caros. 

Ainda criança eu sentia algo errado comigo, era algo muito diferente, eu me lembro da minha infância a partir dos meus cinco anos, e eu já tinha desejos sexuais.

Acho que eu amava o meu tio, que morava na casa em frente a minha, com a minha avó paterna, era um caminhoneiro, e andava de cueca pela casa o tempo todo. Eu sempre o achei lindo, e eu o amava, queria casar com ele, queria fazer coisas que eu nem sabia o que era até então.

Eu nunca me entendi bem, mas eu sabia que havia algo muito diferente comigo, algo que eu sentia vergonha, eu queria muito ter nascido menina, e eu não sei de onde vinha essa vontade. Eu tinha uma irmã mais velha a Vitoria, ela era apenas filha do meu pai, de outro relacionamento, meu pai teve muitos mais filhos em outros relacionamentos, mas a Vitoria era a única morava conosco e tinhámos uma irmã mais nova a Daniele, minha mãe engravidou dela logo depois que eu nasci, então tinhámos pouca diferença de idade. Eu queria ser como a Daniele, ter cabelos longos, usar vestidos, ter roupas cor de rosa, mas a única coisa que eu podia fazer era brincar de boneca com as minhas irmãs. 

Eu acreditava que eu estava vivendo um sonho, eu estava sonhando que eu era um garoto, mas logo logo eu iria acordar desse sonho e ver que eu era uma menina. 

Eu sempre tive medo e nunca tive a oportunidade de conversar com os meus pais sobre isso, portanto esse segredo foi algo que eu guardei dentro de mim por muito tempo.


Nos dias de verão todos se sentavam na calçada em frente a nossa casa, não tinhámos ventilador e também não podiámos gastar energia elétrica, então todos iam para fora de casa para se refrescar um pouco. Meu tio ficava dentro de casa vendo TV, que era preto e branca, isso era em 1992 e eu nunca tinha assistido algo em uma TV em cores antes, muito menos ter andado de carro. Como eu amava muito o meu tio, eu ficava com ele dentro de casa, apenas ele e eu. Ele ficava la de cueca e eu sentada ao lado dele, embora eu sempre facilitei as coisas, meu tio nunca relou um dedo em mim, sempre me respeitou, talvez ele nunca soube as minhas verdadeiras intensões ou ele pensava que eu era uma criança pura e ele talvez estivesse imaginando coisas, a verdade é que meu tio começou a namorar, e eu perdi as esperanças de chupar ele.





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