_ Meu amor, não me machuque.
Diz a si mesma. Parada ali, com a cabeça baixa, cabelos negros e sedosos sobre os ombros finos, se aproxima mexendo o corpo. De um lado para o outro.
_ O que quer? _ digo. Ainda assustada com o pulo de trás da árvore.
Não me responde.
_ O que... _ ela fica ainda mais perto.
Minha respiração pesa. A espinha enrijece, consigo sentir o gosto salgado do suor na boca.
Está perante a mim. Lentamente sua cabeça sobe, muito lentamente.
Posso ver seus lábios negros, posso sentir seu hálito podre.
Posso ver seu nariz deformado, posso... seu rosto... não há um rosto.
_ Você estar morta. _ me diz empurrando-me no chão gelado.
Grito por papai.
A queda fez-me ver um zumbi em cima de mim. Tentando morder meu pescoço e arrancar fora minha jugular.
Luto contra aquilo que um dia foi uma mulher de 30 e pouco anos, robusta e porca. Mas ela é maior do que eu. Pesada. Escuto o estalar dos dentes pretos muito próximo do meu ouvido. Era meu fim.
Uma flecha atravessa a têmpora da desgraçada. Seu corpo pesado e nojento cai ao lado. Posso ver seu rosto. Eu posso.
_ Você está bem? _ Daryl estende a mão oferecendo ajuda. A aceito.
_ Não, não estou.
_ Você foi mordida? _ vasculha meu corpo pelos olhos. Ia apalpa-lo mas bati em sua mão.
_ Não. Qual é o seu problema?
Me arrependo segundos depois ao ver a reação feita na sua face suja.
_ Qual é o meu problema? Quer saber a porra do meu problema?_ Desabafa. Não aguento mais esta sua cara de idiota inconformado. Me DIZ que diabos você sente?
_ Não adianta, Rose. Você não dá a mínima. É só uma vadia mimada. Egoísta! Sua egoísta filha da puta! Você, vo-cê... não tinha direito... eu, nós poderíamos ter tido o bebê... nosso filho... você o matou. Sabe por quê? Hein, Rose Bluve Grimes?
_ Por que, Daryl? Me diga alto e claro.
_ Porque é uma covarde. Uma maldita vadia covarde.
A voz dele se afogou em lágrimas. Senti um vazio rondando meu peito. Um choro preso na garganta, fiquei ali apenas ouvindo a tudo sem recrutar os xingamentos, eles não me incomodam, o que realmente incomoda é a tristeza que proporciono aquele homem. Daryl não mereciam ter eu ao seu lado.
_ Daryl, agora escute: sim, sou egoísta. Eu sou uma puta egoísta. É, eu matei o parasita dentro de mim, e eu tenho pleno direito sobre isso. Meu corpo. E sim, sou uma covarde. Não posso fingir sentir muito pois não sinto. Eu não posso lhe pedir desculpas, eu fiz, merda. Ou você vive com isso e aceita, ou me deixa e vive um romance digno de filme com outra.
_ É o que tem para me dizer? _ seca as lágrimas.
_ Sim.
Respondo sem um pingo de compaixão.
_ Acabou, Rose. A partir de agora só fale comigo se for necessário. Ah, avise ao seu pai que a horda já passou. Estou no carro esperando.
Acabou, Rose. Rose está acabado. Morto. Enterrado.
Comecei a chorar, soluçando.
Nem precisei ir até os outros. Ouvi a voz de Glenn atrás de mim.
_ O que houve, Rose? Ouvimos gritos seus.
_ Nada, Glenn. Me assustei com este daí. _ aponto para a zumbi morta. _ O Daryl disse que a horda já se foi. Podemos voltar.
Me levanto limpando a neve da calça, minhas lágrimas congelou sobre meu rosto.
_ Glenn vai na frente. Nós vamos logo. _ entrelaçado comigo, papai diz a Glenn.
Ele não faz perguntas, apenas acena com a cabeça.
Papai dar um tempo a Glenn sair antes de começar a falar.
_ Me diz, querida.
Começo novamente a chorar. Não consigo dizer ou controlar aquela situação era como se tudo fosse algo natural, como se a tristeza já fizesse parte de mim.
Papai entende pelas minhas lágrimas. Apenas me abraça, forte.
_ Não queria que passasse por isso. Tentei te proteger disso. _ afagava meu cabelo. _ oh, meu amor, lamento muito.
O abraçava ainda mais forte.
Busco refúgio nos braços do único homem que me amou de verdade. Sempre irá me amar. Até o fim.
Se este já não é o fim.
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The Walking Dead: Algo para temer [CONCLUÍDA]
أدب الهواة"Queria parar ali e chorar, só que tomei uma decisão útil: correr e garantir minha sobrevivência."