METAMORFOSE

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...

*99816295: você faz meu dia ficar perfeito.

Acordei sendo surpreendido por mais uma mensagem desse número desconhecido, dessa vez resolvi ignorar, acho que essa brincadeira poderia ser de algum dos meus antigos ficantes, principalmente Gustavo era bem a cara dele fazer esse tipo de coisa. Uma vez Gustavo pediu para um amigo me mandar fotos e mensagens pela minha rede social, mas como sempre fui apaixonadinho por ele acabei bloqueando o garoto no mesmo instante.

Acabei ignorando tudo aquilo muito rápido ainda mais pelo fato da declaração feita por Renato ontem continuar estar muito viva em minha mente. Ele foi tão perfeito e as vezes me perguntou porque eu não o encontrei antes na minha vida, isso me pouparia muitas decepções, lagrimas e corações quebrados, ele sempre dá um sentido novo e melhor nas coisas e eu acho que foi isso que ele fez com a minha vida quando resolveu entregar seu coração a mim.

Já eram 6:15 quando resolvi me arrumar para ir para o pré naquela quinta feira, que seria aula extra. Vesti qualquer coisa que eu achei e coloquei um casaco por cima, eu sempre faço isso quando estou com preguiça de procurar roupa, quando sai do meu quarto meu pai estava lá me encarando, pronto para falar alguma coisa.

- Você quer que eu te leve para o pré hoje? - perguntou ele me encarando.

- Não vou cair duas vezes no mesmo truque.- disse sendo direto e indo em direção a sala já que vê-lo ali parado com aquela cara de sínico me fez perder a fome.

- Eu não vou te enganar dessa vez.- falou ele atrapalhando a passagem para a sala.

- Obrigado, mas eu passo. - respondi voltando para o quarto.

Depois daquilo ele não insistiu, fiquei no quarto por alguns minutos antes de sair novamente e pretendia não voltar a ter aquela conversa com ele, ao chegar na sala o vi sentado no sofá e eu passei direto em direção a saída fingindo não vê-lo, logo que vi que a porta estava trancada tive um pequeno ataque cardíaco.

- Cadê a chave? - perguntei irritado com aquela situação.

- Você não vai sair, ta de castigo.- disse ele sorrindo para a TV.

- O que você tem agora? O que eu te fiz para ser sempre assim comigo? Eu não sou um brinquedo de vocês, eu tenho emoções e sonhos que ninguém nessa casa nunca dá a mínima. - falei gritando para que todos escutassem, porém, o único ali presente era meu pai

- Eu ligo sim para os seus sonhos Kevin, você que vive fugindo de mim.- gritou ele.

- Ae então me diz que faculdade eu quero fazer?- acabei falando cinicamente.

- Advogado? - perguntou ele.

- Ah me poupe, me dá essa chave agora. - disse ficando ainda mais irritado com ele.

- Não vou deixar você sair, apenas se você me deixar eu te levar!- falou ele sendo persistente.

- Ta bom você não ta me dando outra escolha, mas eu te juro que se o senhor me enganar eu vou pular do carro em movimento.- rebati sem pensar nas minhas palavras.

- Vou pegar as chaves do carro.- disse ele dando fim ao nosso diálogo.

No caminho para o curso eu me mantive calado por mais que meu pai tentasse erguer uma conversa. Fiz questão de ir no banco de trás e lá estava cheio de papeis do trabalho dele, corri os olhos por todas aquelas folhas e acabei achando algo que me chamou atenção, era uma palestra sobre autismo que teria em uma faculdade ali perto, por muitos acharem meu pai um ótimo psicólogo ao ponto dele ter uma fama que chegava a um patamar nacional sempre era convidado para ir nesses lugares. A palestra seria hoje as 14:00 e eu estava realmente afim de ir e entender um pouco mais sobre aquela doença do meu namorado, até chamaria Reeh para ir comigo, mas hoje ele tem aula de boxe e já era possível notar a diferença no estresse dele.

Notas de um amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora