Alfonso
A porta de um carro bate lá fora e eu paro de andar para tentar controlar minha raiva. Na verdade, raiva não é a palavra certa para o que sinto neste momento. Fúria, cólera e homicida passam pela minha cabeça.
Christian passou uma hora falando e quando acabou, eu queria matar alguém. Eu soube que tinha de lidar com isto imediatamente. A única forma de fazer isso é confrontar Koko pessoalmente.
Anahi soou desapontada quando eu cancelei nosso encontro, mas eu lhe disse que explicaria amanhã. A insegurança na sua voz me matou. A única coisa que me confortou foi que Christian estava a caminho da casa dela. Ele queria que ela soubesse por ele. O bater na porta não ajudou a acalmar os meus nervos.
- Poncho, cara, o que tá rolando? Eu não tive notícias suas desde que me telefonou para encontrar um investigador particular. Você desaparece da face da terra e se muda para a praia a uma hora de distância, depois me telefona e pede que eu venha até aqui? O que diabos está acontecendo?
- Koko, precisamos conversar. - Afasto-me para o lado para ele passar e ele nota o tom da minha voz. Ele assobia quando repara na vista da minha sala de estar.
- Deve ser bom ser um multimilionário. Este lugar deve colocar qualquer gostosa aos seus pés...
- Eu tenho um filho. - Eu lhe corto a palavra. Sua expressão muda para medo.
- Está brincando?
- Sem brincadeiras. Ele tem três anos e meio. Fará quatro em setembro.
- Tem certeza que é seu?
- Eu estou prestes a perder o controle, cara. Pelo olhar na sua cara, você não está surpreso.
Ele estatela-se no sofá e passa as mãos pelos cabelos, sem olhar para mim. Eu ouvi o lado de Christian, mas vou dar ao homem que tem sido o meu melhor amigo desde sempre uma chance de se explicar. Depois decidirei se o faço de saco de pancada.
- Poncho, cara, eu não sei o que dizer.
- Porque não começa com a verdade e seguimos daí.
Ele suspira e esfrega as suas mãos pela cara.
- No nosso último ano, Christian alguma coisa ou...
- Christian Chavez. Ele se chama Christian Chavez! - Eu rosno. Os olhos de Jack se arregalam, mas ele continua.
- Ok. Christian Chavez me encurralou na parede do ginásio. Eu sabia como você estava sofrendo por ele e Anahi namorarem, por isso eu tentei bater nele. Eu queria mesmo era espancá-lo por foder sua garota, para que você pudesse seguir em frente. Você estava tão devastado e estávamos a poucas semanas do recrutamento. Ele me pegou sozinho no chuveiro e me disse que a Anahi estava grávida. Eu ri na cara dele e dei-lhe os parabéns.
Meu estômago está apertado. Eu fico calado, esperando por mais. Ele continua.
- Ele me atirou contra a parede e me disse que o bebê era seu. Apesar de tê-la deixado, ele pensava que você tinha o direito de saber. Eu não acreditei nele. Eu tinha visto eles pelos cantos, e sabia como eram unidos. Estava muito perto de você conseguir ser escolhido, seguindo o seu sonho e se tornar um jogador milionário. Toda a situação era muito fodida para que eu acreditasse nela. Por isso lhe disse que não havia forma de eu os ajudar a enganar meu melhor amigo. Ele se afastou e me disse que eu tinha uma decisão a tomar. Se eu era realmente seu melhor amigo, eu deixaria que soubesse que ia ser pai.
- E você não pensou em me contar essa merda? Você acha que o recrutamento e o dinheiro são mais importantes para mim que meu próprio sangue?!
Eu não consigo impedir a raiva que derrama do meu corpo. Christian fodido Chavez foi contra os desejos da sua melhor amiga para me contar sobre o meu filho que ainda não tinha nascido. Ele arriscou perdê-la porque sentiu que eu tinha o direito de saber. Ele sabia que a sua dor e humilhação podiam ser evitadas, se eu reivindicasse o meu bebê.
Mas o meu melhor amigo desde que eu tinha três anos de idade escondeu essa novidade de mim. Ele tomou uma decisão que eu poderei nunca perdoar. Naquele ponto das nossas vidas, o dano ainda não estava feito. Eu poderia ter ido até ela e sabido a verdade.
- Que diabos? Eu estava te protegendo. Você sequer tem certeza de que ele é seu? Eu vi o Christian e Anahi juntos. Eles eram, decididamente, mais do que amigos. Pela forma que eu via as coisas, ele a engravidou e queria que você pagasse a fatura. Não era muita coincidência que você estava a ponto de ser rico e famoso e de repente ela aparece grávida? Não acha que o tempo é suspeito? Eu não conhecia bem a Anahi, mas eu sabia que ela não tinha muito. Com a forma como vocês terminaram, estava convencido que estava à procura de um bilhete premiado.
- Seu filho da mãe! Você não sabe de nada! Anahi pode não ter tido muito, mas ela não era uma prostituta cavadora de ouro. Você sabia o quanto eu a amava. Eu estive tão vazio por meses por causa dela. Não cabia a você esconder essa informação de mim. E quanto ao Miguel ser meu, não há qualquer fodida dúvida. Ela engravidou na noite da vitória do Sugar Bowl.
A cara de Koko cai e ele fica olhando fixamente para mim com culpa nos olhos.
- Ela deu-lhe o nome de Miguel?
- Sim, seu saco de merda. Ela deu. Ele é a minha cara escarrada.
- Era para isto que você precisava do investigador particular? - Eu aceno com a cabeça, confirmando. - Poncho, eu não tinha a menor ideia de que ele estava dizendo a verdade. Porque é que ela terminou com você se carregava seu filho?
- Ela não terminou.
Ele olha para mim, esperando uma explicação, mas eu não vou lhe dar uma.
- O que é que isso quer dizer?
- Isso quer dizer que você é um coitado de um filho da mãe e eu quero você fora da minha casa.
Ele se levanta e caminha em direção a porta. Antes que ele consiga passar, pego em seu braço e deixo meu punho voar para o rosto dele. Ele cambaleia para trás segurando o queixo, mas não levanta a mão para me bater de volta.
Ele fica olhando para mim com os olhos cheios de mágoa e dor. Uma parte de mim sente culpa, mas depois penso no menino no fim da rua.
- Lamento, Poncho.
Levanto meu queixo e o observo continuar sem caminho em direção a saída. Assim que ela fecha a porta, alcanço a garrafa de Jack Daniels. Esta noite ela vai ocupar o lugar do meu melhor amigo.
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Obrigada pelas MIL leituras! ♥
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Segunda Chance
Romance"O momento em que suas ações são julgadas como boas ou más e você é recompensado ou punido." Anahi Portilla pensou ter experimentado as profundezas do amor verdadeiro até que o homem dos seus sonhos a dispensou sem explicação. Com o coração partido...