Capítulo 1- Fuga

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- Eu tenho que fugir, e rápido. - pensei comigo mesma. Estava frio aquela manha. O sol ainda não havia aparecido pela janela do meu quarto. Eu estava prestes a fazer uma loucura. Eu e meus pais nos mudamos para um internato na Pensilvânia, chamado Noites Escuras. Meus pais eram conhecidos por serem otimos professores. Minha mãe Abigail Price é professora de sociologia e meu pai Robert Price é professor de filosofia. Nós moravamos na Califórnia. Imagine isso. Lugar quente, sorvete todo domingo a tarde, piscina com as amigas... e agora tudo por agua abaixo. E tudo por causa de um telefonema terça a tarde de uma mulher metida a besta chamada Patrícia Markfill convidando meus pais para darem aula no seu internato. No início eles não aceitaram e eu fiquei muito feliz por nós não termos que nos mudar, mas essa filha da puta disse que se eles aceitassem a proposta dela, ela me daria uma vaga de graça naquele inferno que ela chama de escola. Então o que aconteceu ? Isso mesmo, eles aceitaram. Da para acreditar ? Nós íamos nos mudar para a Pensilvânia. Eu me negava a ir. Gritei, chorei, implorei... mas nada do que eu fiz fez eles mudarem de ideia.

"- Pare ja com esse choro Isabela, nós vamos nos mudar e pronto. Você tem que conhecer lugares novos. E não adianta fazer greve de fome mocinha, não vai mudar nossa decisão"- minha mãe falava

"- Isso mesmo Isabela. Nós sabemos o que é melhor para você. Você tem que conhecer lugares novos, fazer novos amigos e não importa se você quer ir ou não. Você vai e pronto"- meu pai concordava com minha mãe.

Mudar ? Conhecer lugares novos ? Eles só podiam estar de brincadeira. Eu não queria conhecer nada novo. Eu sempre cresci no mesmo lugar, sempre estudei na mesma escola com os mesmos amigos, e agora eles queriam que eu deixasse tudo para tras. Eles queriam que eu deixasse 16 anos de amizade, de diversão... eles queriam que eu deixasse minha vida para trás. Mas tudo bem. Se eles não fossem meus pais eu mandaria eles tomarem no cu. Quando eu vi que nao tinha mais jeito de convencer meus pais a mudarem de ideia, eu contei para minha melhor amiga, Anne, que eu iria embora. A menina quase ficou desnutrida de tanto chorar. Quando estava tudo pronto, minha mãe passou na minha escola para pegar minha transferência. Meus amigos fizeram uma festa de despedida para mim, com direito a caixa de bombom e tudo. Eu confesso que chorei muito aquele dia. Anne implorou para que ela me acompanhasse até o aeroporto e eu aceitei. Ela me fez prometer q eu ligaria e mandaria mensagens para ela todos os dias. Quando eu embarquei no aviao, minha amiga derramou um rio de lágrimas. Me doeu muito ver minha melhor amiga chorando daquele jeito. Eu não falei com meus pais a viajem inteira. Nós desembarcamos em uma quinta feira e chegamos no internato na sexta. Quando chegamos, ja foram preparar meu dormitório e as papeladas da matrícula. A filha da puta da Patrícia era até que bonita. Mediana, magra, loira com olhos caramelos, boca fina e um nariz arrebitado. Meu dormitório era um horror, sem vida e escuro. Os móveis eram todos de madeira e o quarto era inteiro marrom. Tinha um banheiro com azulejos bejes e sem graça. Ainda falta mais ou menos um mês para as auals começarem, tempo suficiente para eu explorar a escola inteira. Era um verdadeiro castelo entao tinha muitos lugares para eu xeretar. Eu era muito curiosa, a curiosidade mandava em mim. Ao total eram 6 torres. A torre que ficava o dormitório e os banheiros das meninas, a que ficava o dormitório dos meninos, a das salas de aula, a dos professores e a torre onde ficava o laboratório de quimica, biblioteca e a sala da diretora. Mas a última torre, que era a sala de literatura, o observatório e as salas de instrumentos musicais, parecia estar em reforma. Tinha uma porta de madeira velha e uma placa escrito " não ultrapasse ". Ja pode até imaginar o que aconteceu não é? Minha curiosidade falou mais alto e eu passei por debaixo da placa e empurrei a porta de madeira. Nao precisei de muita força para escutar um "clack " e conseguir abrir a porta. Todas as torres tinham escadas com pedras de granito pretas. Essa torre também tinha, mas essas pedras estavam acabadas. Algumas inteiras, outras rachadas e algumas completamente em pedaços. As paredes tinham vários arranhões e as portas e janelas das salas estavam completamente acabadas. Eu ia continuar a subir, mas uma sombra perto da janela me chamou a atenção. Eu fui até essa janela, olhei para baixo e reparei que eu ja estava a três metros do chão. Nao tinha como alguem estar daquela altura do chão. "É apenas um passarinho, ou sei lá" pensei. Quando subi mais um degrau escutei meu nome sendo chamado em sussurro, " Bela...Bela...". Eu me assustei muito com aquilo. Só as pessoas mais íntimas de mim me chamavam de Bela. Eu corri pela escada sem me importar com as pedras. Quando cheguei na porta, criei coragem e olhei para tras. Em todo lance de escada tinha uma neblina vermelha brilhante. Eu escutei Bela mais uma vez, passei pela porta e a fechei atras de mim. Todas as torres levavam ao grande salão, onde eram feitas festas e reuniões da escola. No grande salão tinha um vidral com pedras vermelhas e pretas. Mas no lugar de algumas coloridas haviam brancas. Como se alguem idiota tivesse quebrado e colocado elas para ninguém perceber. Nossa a pessoa é muito idiota se acha que ninguém iria reparar. Na frente da escola tinha um lindo gramado com flores espalhadas por todo lado. Atras da escola nao tinha portões ou grades, dava direto para a floresta. Apenas alguns quilómetros mais longe tinha um lago perfeito e mais a frente uma pequena cidade. Eu não iria ficar nesse lugar nunca. Era estranho e ao mesmo tempo familiar. E agora estou aqui, colocando minha jaqueta de couro vermelha por cima do sueter horrível da escola. O sueter é preto e com o nome da escola em vermelho. Eu iria fugir para mostrar para meus pais que eu não queria ficar ali. Peguei minha mochila que eu preparei na noite passada com uma corda, um pacote de bolacha, e meu celular. Tranquei meu dormitório e comecei a descer bem devagar os degrais por causa da minha bota que fazia barulho. Cheguei ao grande salão e olhei para ver se não tinha nenhuma inspetora por ali. Hoje era o primeiro dia de aula, entao tinha inspetoras por toda parte. Decidi fugir cedo porque apartir das 6 horas começariam a chegar os alunos. Passei por uma porta de madeira que ficava em um canto do grande salão. Essa porta dava para os fundos da escola. Cheguei aos fundos e olhei para o horizonte. O sol ja estava aparecendo entao ja deveria ser mais do que 5 horas. Olhei em volta e não vi ninguém. Meu plano era atravessar a floresta e chegar até a pequena cidade. Eu fui começar a andar em direção a floresta quando uma voz rouca e máscula me para:
- Onde você vai ?

Droga.

Amor ou DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora