Cap. 10

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♤ No dia seguinte ♤

Acordei bem disposta. Na verdade, acordei bem disposta para ver Toni.

Pulei da cama, me arrumei e fui para a escola.

Chegando lá, fui falar com Beth. Ela não tinha vindo novamente. Estava começando a ficar preocupada com aquelas dores de cabeça dela.

Toni não estava em lugar nenhum, então resolvi dar uma caminhada na escola. O corredor estava vazio, pois os alunos gostavam de ficar no pátio. Ouvi murmúrios na ponta do corredor. Minha curiosidade me arrastou até lá. Vv e Toni. Vv colocou a mão sobre seu ombro.

- Você é incrível. - falou - eu gostaria de retribuir isso um dia.

Toni afastou a mão dela de seu ombro gentilmente e disse:

- Não precisa. Bom, nos vemos outra hora.

Ele veio andando na minha direção. Pernas pra que te quero! Saí correndo e entrei na primeira porta que vi, para que ele não percebesse que estava xeretando sua vida.

Foi um erro.

Notei que era o banheiro, então entrei em uma das cabines. Ouvi alguém abrir a porta. Dois alguéns, na verdade. E com uma voz um tanto...bmasculina. Eu já ia mandá-los sair, mas notei que era eu que estava errada. Eu não fiz isso... entrei no banheiro masculino.

- Cara, você viu aquela Victória? Uma gata. - um deles falou, enquanto o outro concordava.

Gata ou vaca? Pensei.

- Verdade, mano. Ela é a maior gostosa.

Gostosa? Tá mais pra azeda.

- Pior.

Cansei de elogios sobre ela.

- Se bem que aquela... Laura, eu acho, também é gata.

Pffft... peraí, eu?

- Verdade. Mano, ela era a maior mocréia.

Quê?

- Milagres acontecem. Fadas madrinhas devem existir.

Abri a porta do banheiro num estrondo. Eles tomaram um susto, que se fossem cardíacos, teriam morrido ali mesmo. Sorte que não. Não tô afim de ficar lidando com espírito de demônio.

- Laura? - um deles falou, colocando a mão sobre o coração.

- Não. É a vovozinha. - respondi, e saí pisando firme.

Outro erro. Porque, quem estava lá fora? É. A diretora. Ela ficou me olhando tipo: o que você estava fazendo LÁ???????!!!!!! E eu tipo: não me machuca não, tia. Um professor chegou na hora, para discutir sobre um livro didático. Te amo! Saí de fininho e fui para a sala, bem a tempo do sinal.

×××

Na hora do recreio, saí da sala correndo. Bolo, bolo,bolo,bolo! Meu cérebro pensava. Só que acabei batendo em alguém. Ou melhor, alguéns. Toni e Vv. Juntos. De novo. E o pior foi que antes de bater neles, eu ouvi:

- É, eu também gosto muito. - vindo de Toni.

Esbarrei neles, tropeçei e levei o maior tombo. Tipo, caí de cara. Meu nariz sangrou.

- Ei, olha por onde anda. -Vv falou.

- Laura? - Toni.

Só olhei para ele com cara de me ajuda e fecha o bico. Ele me estendeu a mão e me ajudou. Fomos até a enfermaria.

Depois de um pouco de algodão e um tilenol, saí de lá. E Toni não estava me esperando. Fiquei triste por isso. Não chorando, mas enfim. Notei que já era quase hora do quarto período. Por isso Toni devia ter saído da enfermaria. Dobrei o corredor e...Toni e Vv.

Aaaaarrrrggggghhhh!!!!

Vv estava abraçada em Toni. Ela foi para lhe dar um beijo, mas eu falei antes.

- Tudo bem, então.

Virei as costas e saí andando.

- Laura, espera!- Toni falou.

Nem dei ouvidos. Apenas fui para a sala.

×××

Quando a aula acabou, fui direto para a saída.

- Laura! - ouvi.

Começei a correr. Eu não queria falar com ele. Ele havia me traído. Não que a gente estivesse namorando, mas por causa do(s) beijo(s) da noite anterior. Não tinha significado nada? Pelo jeito não. Não ousei chorar.

×××

Andei até o shopping, e fui até uma certa poltrona vermelha.

- Ele beijou outra. - disparei.

- Querida, não beijou não.

- Mas ia beijar. E como você sabe? Você não estava lá.

- Dê uma chance para ele se explicar. Você vai ver que...

- Não quero saber! - gritei, interrompendo-o - e sabe de uma coisa? Eu nem sei porquê estou falando com um papai noel de shopping, que na verdade nem mesmo sabe das coisas.

Dei as costas para ele e saí andando.

Cheguei em casa e bati a porta.

- Mãe! - gritei, ninguém respondeu - mãe! - novamente nada.

Entrei na cozinha e avistei um bilhete em cima da mesa.

Laura
Eu e seu pai saímos para trabalhar. Voltamos tarde, não espere acordada. Temos negócios para tratar. Seu irmão vai dormir na casa de sua avó, não precisa se preocupar.
Mãe

Peguei o bilhete da mesa e subi para meu quarto. Bati a porta novamente e começei a rasgar o papel. Fiz várias bolinhas e atirei pela janela. Me joguei na cama e gritei.

- Mãe, por que você nunca tá aqui quando eu preciso?!

Enterrei o rosto no travesseiro e finalmente me permiti chorar. Chorei tanto que acabei adormecendo, mas antes, me prometi que aquilo nunca mais ia acontecer. Nunca.

Um Pequeno Conto de Natal (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora