Prólogo

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Carter Hansen

Nova York 11.03

Algumas pessoas detestam o silêncio, mas eu o aprecio, aprecio o silêncio da natureza e para mim só o som da captura de minha câmera já é o suficiente, aprecio o silêncio por ele ser o oposto da minha repulsa, minha angústia e saudade. Quando eu tinha 11 anos de idade me mudei para Nova Jersey com meus pais e meu irmãozinho de 2 anos, éramos unidos e felizes, tinhamos um bom relacionamento familiar e sempre estávamos juntos, éramos a família de comercial de margarina, morávamos na Califórnia e a mudança era algo que planejávamos a mais de dois anos, meses antes de minha mãe descobrir que estava grávida de Troy, procuramos casas e mais casas em Nova Jersey, até que uma chamou nossa atenção, era grande e com uma lareira no canto direito da sala, dois andares e piso de madeira, rústica e de um ótimo gosto do arquiteto que à projetou, tudo estava perfeito, fomos diversas vezes para o lugar onde se localizava nossa nova casa, fizemos amizade com a vizinhança e passávamos horas apenas nos divertindo pensando em como seria quando estivéssemos morando lá.

Poucos meses depois que nos mudamos:

" Troy e eu estávamos assistindo um de seus desenhos favoritos na TV da sala, ele parecia cansado e logo dormiria, era tarde e meus pais já haviam subido para dormir, encostei Troy em meu braço que se aconchegou rapidamente, sorri com a cena e recostei a cabeça descansando sobre o sofá, inspirei fundo e me deixei cochilar por um instante, ou pelo menos foi o que achei...

- Carter! CARTER, ACORDE, CARTER!

Eu ouvia a voz da minha mãe de fundo no meu sonho, senti dificuldade para respirar e fui tomado por uma sequência de tosses que fez com que eu acordasse e em um solavanco me levantei do sofá vendo apenas fumaça

- CARTER, ONDE ESTA TROY?

Sua voz era assustada, seus olhos perdidos refletindo a claridade das chamas, meus olhos percorreram todo o local a procura de meu irmãozinho parando sobre minha mãe que quase sem forças segurava meu pai nos braços, corri ao seu encontro colocando um dos braços do meu pai que respirava com dificuldade sobre os ombros

- Segura ele, eu vou procurar seu irmão.

Ela dizia entre lagrimas girando rapidamente em seus tornozelos quando segurei firme seu braço fazendo a mulher desesperada olhar fixamente nos meus olhos

- Mãe, precisamos sair, eu volto para busca-lo

Minha mão tocava sua bochecha como quem dizia "estou aqui com você", ela negava com a cabeça segurando meu pulso fraca

- Eu tenho que achar Troy, me ajude Carter, por favor...

Concordei com a cabeça e segurei com mais força seu rosto passando ainda mais segurança, girei em meus tornozelos indo em direção à porta e logo abandonando o local abafado e mal oxigenado, sentei meu pai sobre uma árvore que havia no quintal e me levantei

- Eu já volto, não saia daqui tá bom?

O homem com os olhos entre abertos concordou com a cabeça, andei em direção à porta dando uma última olhada para meu pai antes de adentrar o local novamente

- MÃE, TROY?

Minha voz falhava por conta da fumaça que ingeri, entre tosses repetia seus nomes até que um som me chamou atenção

- Troy? É você pequeno? Onde você está?

Com as costas da mão limpei as lagrimas que percorriam minhas bochechas

PhotographWhere stories live. Discover now