"ELA NÃO VAI VENCER - PARTE 3"

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Clarice se via agora, uma garota feliz. Não só sua vida mudou, mas como, o universo mudou. Era como se Leonard nunca tivesse morrido. Como se nada tivesse acontecido. Amigos e parentes o cumprimentavam normalmente, do mesmo jeito que faziam todos os dias. Clarice se enchia de orgulho. Mas tinha acabado? Eles saíam, viviam, se divertiam... Dando mais valor a cada copo d'agua. Não antes de se passar uma semana, Ela se via lavando a louça. Na sua cabeça, 24hrs por dia, havia só um nome: Leonard. A Campainha toca. Sozinha na residência, seria sua obrigação atender a porta. Quem lhe veio na cabeça?

-É ele!..

Com as mãos ainda com detergente, tacava os pratos no fundo da pia e corria apressadamente a porta. Coração disparado. Abria a porta com violência, a visão, era da garagem frontal. No portão, uma criança. Ela hesitou, desapontada por não ser leonard. Reparou que a criança usava óculos escuros. Desses bem baratos. Pelas vestimentas, julgava-se ser uma criança pobre. Não suja. Mas que passava o típico sentimento de tristeza de desesperança que qualquer mendigo de esquina. Coração de manteiga. E totalmente impulsiva, Clarice se aproxima.

-Oi.. ?..

-Moça.. (Dizia a criança cabisbaixa) -Onde você está?..

(Pronto, mais um pirralho tirando sarro, só pode- pensou Clarice, mas para não ser mal educada, retrucou.

-Estou aqui ué... (Tentando não rir, ou não ficar com raiva) -Por que? (Ela nota que aquele gsrotinho, que aparentava não mais que 8 anos, segurava numa das barras de metal do portão com força, desajeitado, a cabeça mudava de posição desnorteada, para cima, para baixo, para os lados, mas nunca em direção á Clarice. A Julgar por isso, e o fato dos óculos... Era uma crinaça cega!)

-Oi meu amor (Amoleceu Clarice) -O que foi?

-E..eu não sei onde meu pai está.

-Ai meu deus... O que houve?..

-Estávamos de mãos dadas, andando, ele soltou minha mão... eu chamei por ele, mas ele não respondeu. Eu.. não.. sei onde...e eu estou (Ameaçava entrar em prantos)

Clarice rapidamente se colocava na frente do portão, abria, pegava na mão do garoto, olhava para os lados, não havia ninguém. (Que monstro abandona uma criança cega??)

-Venha, você sabe o número do telefone de alguém??

-Sei sim...

Ainda segurando a mão dele, ela o levava lentamente para dentro de casa, morrendo de medo de deixá-lo tropeçar. Enquanto com a mãozinha, ele tentava sentir a parede. Já dentro da casa, ele o deixava sentado no sofá. Pegava um copo d'agua e trazia generosamente, Colocando na mão dele.

-Tome... Se acalma. É só falar o número que eu disco viu meu amor. (Que situação, nunca em um milhão de anos ela imaginaria passar por isso)

-Obrigado.. (Dizia o garoto, e tomava a água em goles grandes... uma pausa, mais um gole, recuperava o fôlego) -Obrigado, Clarice... Obrigado...

Ela literalmente gelou... um frio dentro do peito, o coração acelera.. como ele sabe o nome dela?? Já ficando meio ofegante.. e desconfiada... pergunta:

-Qual seu no-nome??... Que..quem é você?

O garoto deposita o copo num canto no chão, calmamente.. Ela já estava apavorada. Ele se levanta, sem nenhuma dificuldade. E Num tom sério, diz:

-A Humanidade nunca aceita perder não é mesmo? Você é igualzinha ao que eu pensei. Sempre estendendo a mão aos necessitados. Mas não por caridade, mas por egoísmo e satisfação própria. Está tentando provar a quem que você é uma boa pessoa?

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