Capítulo 10 - Dylan

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— Estão liberados! — anunciou o professor, causando um tumulto na porta da sala de aula.

Felizmente, era a última aula do dia. Após a escola, eu iria direto a Autumn Falls. Não fazia ideia do que estava fazendo lá, mas estava aprendendo aos poucos.

Felipe tinha me convidado para ir a uma festa, mas eu não quis — mais ainda porque não queria encontrar com o Gregg. E foi distraído com esse pensamento que eu esbarrei numa garota.

— Foi mal — eu falei, levantando os olhos para olhá-la.

Candice.

— Ei — ela falou, sorrindo. —, não te vi mais depois da festa.

Eu pigarreei. Estava apressado para ir a Autumn Falls, porém uma parte de mim se sentiu mal porque ela não tinha me dado qualquer motivo para não querer falar com ela.

— Pois é — respondi, passando a mão pelos meus cabelos. — Sinto muito por isso, eu tenho estado meio ocupado.

Ela meneou a cabeça e sorriu. Eu não sabia se já tinha se tornado algo comum aos meus olhos, mas ela não parecia estar sorrindo com sinceridade. Sempre parecia ter algum tipo de dor ou tristeza que ela escondia, e isso meio que fazia com que eu simpatizasse com ela.

— Ah, espero não estar atrapalhando — ela arqueou as sobrancelhas numa expressão que fez com que a frase soasse mais como uma pergunta do que como uma afirmação.

— Não, claro que não — olhei para o relógio, ainda tinha 2 horas até meu turno em Autumn Falls, porque ainda tinha que almoçar. — Quer ir comer alguma coisa? Eu preciso almoçar — dei de ombros. Não arrancaria pedaço ser gentil e, para ser sincero, ter um simples almoço com uma amiga não iria cair nada, nada mal.

Seus olhos se iluminaram com antecipação.

— Claro! — ela sorriu com vontade, formando uma covinha em cada uma de suas bochechas. — Eu conheço uma lanchonete aqui perto da escola, você vai gostar. Tem uma vibe meio anos 80, sabe. É diferente. Eu adoro lá.

Para minha surpresa, Candice tagarelou até a tal lanchonete e até durante o almoço, e agradeci muito por isso, internamente, já que eu não era lá uma pessoa muito falante. Sua companhia era agradável, leve, e até me peguei rindo — realmente rindo — em alguns momentos.

— Seu amigo ficou bem? — ela perguntou, antes de dar uma colherada no sorvete que ela pediu de sobremesa. Eu demorei um tempo para lembrar do que ela estava falando. — O da festa, que estava bêbado e tal.

— Ah, sim, sim. Ele tomou um banho frio e comeu alguns doces, não demorou muito pra se recuperar.

— Que bom, fico aliviada em saber disso — ela deu outra colherada e eu fiz o mesmo. — Não sou muito fã de bebidas alcóolicas — confessou.

Arqueei as sobrancelhas em surpresa.

— Sério?

— Aham — Candice desviou o olhar.

Parecia ter algo a mais que ela não estava falando, e eu não tinha certeza se devia perguntar ou se seria muito enxerimento da minha parte. Mas ela quem mencionara, também.

— Algum motivo especial? — arrisquei perguntar.

Seu olhar se voltou para mim novamente e, depois, para o chão, enquanto ela terminava o sorvete.

— Não... Eu só não gosto — forçou um sorriso.

Assenti, não insistindo no assunto.

— Eu preciso ir trabalhar — falei, por fim.

Incontrolável / Com Amor, MareOnde histórias criam vida. Descubra agora