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"Vai. E se der medo, vai com medo mesmo".

E chega a tão grande inesperada segunda-feira, o dia que todos desejam que nunca chegue, e Eloise mais do que ninguém, deseja isso mais que cinco minutos a mais de sono em uma segunda-feira que provavelmente não seria um dia bom.

Silvia não pregou o olho a noite toda e com Eloise não foi diferente, antes que o despertador tocasse avisando que era hora de levantar e se arrumar, ela já estava de pé, ficou pronta em poucos minutos, o que é muito raro acontecer, foi até o quarto de sua mãe para ver se ela ainda dormia, mas ela não estava mais lá, desceu até a cozinha e então foi até a sala, Silvia estava sentada no sofá com um álbum de fotografias rosa com flores brancas nas mãos, e não estava feliz, claro.

Eloise sentou ao lado da mãe e percebeu que aquele álbum de fotografias era seu quando criança, quando ela ainda era apenas uma simples menina, de quando ela não trazia problemas para sua mãe, de quando elas eram felizes! Não agüentando mais ver aquela sena, desaba em um choro e desabafa para sua mãe.

- Me desculpe por eu não ser uma boa filha, por eu só fazer coisa errada, por estragar a sua vida e por não saber o significado da palavra "prometo". Eu sei que eu prometi não fazer mais nada de errado e que eu iria mudar meu jeito de agir, mas eu não consegui, você sempre foi uma mãe maravilhosa e um pai que eu nunca tive, e eu não dei valor a isso em nenhum momento, eu sempre estrago tudo.

Silvia ouve tudo sem falar nada, sem interromper a filha em momento algum, mas também não se deixa abalar nem um pouco a mais do que já estava, tudo que Eloise dissera era verdade, mas nada era culpa da mãe, a ausência de um pai talvez tenha provocado tudo isso na garota, bem pouco provável mas poderia ser. Em todo instante que Ela falava os olhos de Silvia não saiam daquele pequeno álbum de fotografias, mesmo com tudo que a filha falou a decisão já tinha sido tomada.

- Eloise Connor, ainda hoje depois que eu chegar do trabalho vou te levar para casa da sua tia Catarina em Cassiopeia, não tem outro jeito, já comprei as passagens de avião, sairemos daqui as onze horas da noite para pegar o vôo da meia noite, são oito horas de viagem então chegaremos lá as oito da manhã, sua tia vai nos buscar no aeroporto, ela já sabe de toda a história. E se tudo der certo eu volto para casa amanhã mesmo, tenho muito trabalho a fazer, estou no começo ainda, não posso ficar faltando atoa assim.

Aquelas palavras por mais simples que fossem doeram em Eloise, ir para casa da tia no interior era o que ela menos queria, mas o que ela mais sentiu foi a frase que Silvia disse: "Tenho muito trabalho a fazer, estou no começo ainda, não posso ficar faltando ATOA assim". Aquela palavra, justo aquela palavra fez Eloise pensar!

"Atoa? Quer dizer então que é assim que minha mãe me descreve? Se eu sou um motivo tão atoa assim, por que ela vai perder o tempo precioso dela me levando para o fim do mundo?"

As horas foram passando e as duas chegam em Coot's Hill, todos já estavam em sala de aula, o que era muito bom para Eloise, passar por um constrangimento não seria muito legal a essa altura do campeonato.

Seu João, o porteiro que estava a espera de Silvia e Eloise do lado de fora do colégio levou as duas na sala do diretor Horlando assim que terminou seus afazeres em um pequeno jardim que tinha do lado esquerdo do portão.

A conversa foi muito longa, foi quase a manhã inteira, tomou bastante tempo de Silvia, já era uma manhã perdida de trabalho e ela estava bem estressada. Nesse ponto Eloise tinha razão, a mãe dava mais importância para o trabalho do que para própria filha.

Eloise passou a metade do dia arrumando suas coisas e o dia inteiro pensando em como seria sua vida a partir do momento em que colocasse os pés em Cassiopeia.

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⏰ Última atualização: May 25, 2016 ⏰

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