Meu celular começou a tocar me tirando dos meus pensamentos sobre o que havia passado. Sorri ao ver seu nome piscando e não resisti. Sua voz delicada invadiu meus ouvidos.
- Vem aqui pra casa, vem?
Desliguei o celular e sai da vaga indo na direção da casa dela. Parei em frente ao seu prédio sem me importar. Quando entrava no seu prédio, comecei a pensar nas duas.
Voz de Júlia veio em minha mente dizendo: “Você não terá mais escolha, não aceitarei mais nenhum adeus vindo de você.”
Entrei no elevador e apertei o doze que era o seu andar. Me olhei no espelho e encarei aquele sorriso bobo que brotou ali. “Como ousa me dizer que meu comportamento é inaceitável?” lembro-me de ter berrado isso à Esther.
O elevador parou no andar certo e eu sai. 1201, 1202, 1203. Apertei a campainha do 1204 e olhei para trás encarando o apartamento 1205. “Ela é louca, Bernardo! Será que você não percebe isso?” Lembro de Esther me falando isso.
Um comentário tão desnecessário que a minha vontade era de pular no pescoço dela, como ousa dizer aquelas palavras? Eu tenho uma tendência a ficar muito violento, era pra ela ficar esperta, porque se eu ficasse ela iria precisar de um milagre.
Fecho os olhos e lembro dos olhos: Verdes e azuis.
Escuto a porta abrindo e me viro. Aprecio aquele sorriso doce e subi um pouco, ficando hipnotizado por aqueles lindos olhos... Aqueles olhos azuis.
Desejo, amor. Amor, desejo. Loucura e amor, eu e ela.
