Capítulo Único

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- Mas isso vai dar certo mesmo, Deb?

Marnie deslizou sua mão sobre a barriga sem pelos de Lucas. O calor e a umidade daquela superfície lhe transmitiram uma ansiedade pungente que se alastrou por todo o seu corpo, e em resposta ela apertou suas próprias coxas na tentativa de se conter. Ele, por sua vez, tamborilava os dedos na parede apesar de estar excitado por estar com ela.

- Certeza absoluta. – ela respondeu, beijando o ventre do homem e deslizando seus lábios pela pele negra até passar pelo umbigo e chegar na calça jeans. – E já disse para você me chamar de Marnie, querido...

Ele olhou para baixo e viu o rosto bem delineado de Marnie alcançando sua virilha. Seu pau pulsou, mas ele continuou com dificuldades de se concentrar. A ansiedade angariava todas as preocupações do que podia dar errado e martelava constantemente na cabeça de Lucas, aprisionava-o entre o desejo por Marnie e a angústia de não saber o que aconteceria, se tudo daria certo, se ele seria chamado ao menos por uma agência, se teria pelo menos o dinheiro do aluguel do mês seguinte sem ajuda da avó.

Marnie se levantou e segurou o rosto de Lucas pelo queixo. Ele era bonito do jeito, embora de uma forma convencional. Os olhos castanhos e a linha forte do maxilar resguardavam um rosto que seria apreciado nas revistas ou propagandas, mas seus olhos carregavam uma energia diferente, impetuosa, que chamara a atenção da mulher. Marnie sabia, no entanto, que a vida era tecida com mais do que os potenciais das pessoas. Para ela, o Acontecer é construído com o entremear dos potenciais e das possibilidades deixadas, pelo acaso, à porta das pessoas por uma força misteriosa que desenha o universo e a linha dos acontecimentos, que se faz soberana em todo o universo. Mas Marnie também sabe que é possível, com conhecimento e energia certos, modificar alguns traços da tela desenhada pelo Destino.

- Vai dar certo, mas você precisa se concentrar para isso, Lucas.

Ele fechou os olhos por uns segundos e forçou os pensamentos negativos para longe da consciência. A entrega que Marnie pedia era mais difícil do que ele pensara que seria quando ela lhe explicou como funcionava a magia que praticava. Tão acostumado a apenas foder rapidamente na busca egoísta do próprio gozo, de apenas inundar a camisinha ou a parceira, era difícil dar um passo a mais e sentir cada toque, cada cheiro.

- Você precisa deixar o verdadeiro Lucas fluir, o pensamento voar para longe, viver só por esse momento. – ela o empurrou devagar até que ele deitasse na cama. Sobre ele, seus corpos se encontraram e ele se deixou, pouco a pouco, carregar pelo ritmo inebriante de Marnie.

O corpo cheio de Marnie se apertava ao de Lucas e a energia do impacto reverberava pelos seus corpos. Ele pressionou a carne macia dela e lambeu seu pescoço e seios, e o gosto salgado do suor o deliciava. Ele beijava e mordia os mamilos e, em resposta, ela gemia e acariciava seu clitóris sob a calcinha e por vezes penetrava-se.

Ela afastou seus seios da boca de Lucas e o beijou na boca, pescoço, peitoral. Alternava beijos cálidos com mordidas e apertões enérgicos. Quando chegou na sua barriga, abriu a calça dele devagar, sentindo o cheiro do corpo dele na região, e a puxou para baixo, deixando o volume encoberto apenas pela cueca verde. Ali, beijou a carne exposta da coxa e apertou o pau de Lucas, massageou, e ele se contorceu com um prazer como nunca sentira antes.

Marnie também se perdia nos caminhos do modelo. Lambeu o pau rijo por sobre a cueca e sentiu o gosto inebriante, salgado como o mar, que umedecera o pano; e ele, em resposta, pressionou a cabeça dela contra sua virilha, amplificando o prazer de ambos. Ela abaixou sua cueca com violência e guiou a boca até o pau dele, lambendo-o e sugando-o toda sua extensão ao mesmo tempo que deslizava suas unhas tingidas de vermelho pelo torso rígido do homem até suas coxas. Com a mão direita, acariciava seu próprio sexo, mexia os quadris largos numa cadência sinfônica e deixava a música dos dois a conduzir para um lugar distante, onde nada mais existia do que o prazer de chupar aquele pau. Ele segurava a cabeça de Marnie e às vezes fodia sua boca com mais velocidade e a saliva dela escorria pelo falo e lambuzava os pelos e a coxa grossa do homem.

Os dois buscavam um no outro o ápice de suas energias. Lucas nunca sentira tanto prazer assim e ela o guiava pelo caminho da magia sexual. Ela comandava a ação e se dava prazer, amplificava suas energias lunares e solares, mas ele estava por demais focado no próprio falo. Para desviá-lo da estrada fechada, ela buscou o ânus de Lucas com a mão esquerda e o acariciou, os dedos melados da sua saliva que escorria pelo pau do modelo. Ali, o ciclo se tornou pleno quando Marnie penetrou Lucas com o indicador. Ele gemeu mais alto com a sensação invasora e suas forças femininas e masculinas se tornaram, finalmente, unas.

- Agora, lembre-se do que você quer, Lucas! – Ela se afastou por poucos segundos do falo rijo dele para lhe dar a instrução e logo voltou a chupá-lo.

Ele lutou para trazer o desejo à mente enquanto eles se enveredavam pelo êxtase, mas sua própria imagem como modelo surgiu quando ele despejou sua porra na boca de Marnie e ela gozava ao sentir o líquido adocicado inundando sua boca.

Da energia que os dois emanaram juntos, Marnie – mas não Lucas – distinguiu um ser cósmico se formando na escuridão do seu quarto, um ser quase transparente que precisava de muita atenção e prática para ser distinguido do vazio. A criança astral, feita puramente da energia sexual dos dois, flutuava sem direção no cômodo, pairando sobre os criadores. Não sabia o que fazer porque nem pensava que deveria fazer algo, apenas sentia pela primeira vez a própria existência singela. A criatura dava voltas em si e em torno do casal que se abraçava na cama, como um filhote que recém-descobrira a liberdade. De repente, sentiu o impulso de fazer algo, de viver, e zarpou do quarto numa velocidade alucinante.

Marnie a perdeu de vista. Deixou-se ser coberta pelos braços de Lucas e apaziguou seus temores. Quilômetros dali, a criança astral procurava o seu destino com curiosidade infantil. Atravessava os pensamentos confusos das pessoas em meio à cidade caótica, atemorizava-se diante dos monstros astrais que algumas pessoas carregavam em suas costas encurvadas. Por fim, sentiu seu chamado a guiando para o grande apartamento de três quartos de uma quarentona.

Cátia acabara de colocar os filhos na cama e voltara para o trabalho em seu escritório. No computador havia uma pasta com fotos de homens que poderiam estrear na nova campanha da empresa de roupas Zagaia. Aleatoriamente, Cátia reabriu uma foto e deu de cara com Lucas Moraes, um rapaz bonito que já avaliara o portfólio umas horas atrás, mas que não tinha experiência para levá-lo adiante na seleção. Observando-o dessa vez, porém, viu uma energia diferente em seus olhos e até as posições do seu corpo pareciam diferentes na foto, o pescoço parecia mais longo e o torso mais virado para o lado, dando-lhe um ar de alta costura. Sentiu-se confusa com a mudança, mas decidiu que era, muito provavelmente, o cansaço que a impedira de observá-lo melhor antes. Modificou o nome do arquivo para "Lucas Moraes – aprovado" e continuou a busca por modelos para a sua campanha publicitária.

No seu escritóriogelado, a criança astral de Lucas e Marnie regozijou de prazer ao sentir suameta alcançada. Saltou e girou em torno do próprio corpo e em torno de Cátia,que se sentiu um pouco melhor na presença da criatura, até que a energia sexualde Marnie e do seu aprendiz se esvaiu por completo e a criança desapareceu noar.    


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⏰ Última atualização: Dec 22, 2015 ⏰

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