Capítulo 1

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Eu tenho uma mente, distorcida, doente e fodida. Eu

sou Leo Maddox. Tudo isso vem é consequência. Mas eu sou

quem sou... E não é exatamente quem eu quero ser. Eu

venho tentando me libertar do meu próprio estereotipo por

toda a minha vida. Nada parece mudar. Mas cheguei ao meu

limite. Ou mudo ou desisto.

E eu nunca desisto.

Então, aqui vai...

***

Eu acordei suando frio, ofegando por uma respiração

decente. Uma imagem brutal se repetia em minha mente. A

garota que amei — garota que eu tenho amado por toda a

minha vida — com seus lábios carnudos e pequenos

circulando em outro homem...

Bem, vocês entenderam.

E ele não era qualquer homem. No sonho, o homem

era seu marido. De alguma forma isso tornou a visão ainda

mais brutal para mim. Ele era um marido nerd também.

Óculos. Não que tenha alguma coisa errada com óculos. De vez

enquanto eu também uso. Camiseta Polo – que ele ainda

estava usando durante o ato horroroso de fazer amor. Um

Prius prata estacionado na entrada da garagem. Porque o

Prius ficou na minha cabeça? Vai saber. Como eu disse, minha

mente pode ser um lugar estranho e doido.

E Clara estava feliz. Ela estava bem casada com esse

nerd viril do meu sonho. Eles estavam tentando engravidar.

Ela queria começar uma família. Enquanto isso, minha vida

estava exatamente do mesmo jeito – entediante, repetitiva e

dolorosamente vazia. Dolorosamente solitária. Mas eu acho,

olhando pelo lado bom, eu ainda tenho toneladas e mais

toneladas de dinheiro.

Ugh. Arrastei-me para fora da cama – perturbado,

com raiva e enjoado – e tropecei pelo quarto da cobertura com

meus pés descalços no piso de madeira. Eu detesto esse piso,

esse tipo de piso era para salas de jantar e halls de entrada,

não para quartos. Incomoda-me, assim como muitas coisas

aleatórias sempre tendem a incomodar. Eu alcanço o

minibar, mas merda, estava vazio. Claro que estava vazio. Eu

nunca mantenho bebidas no quarto porque sei que não

conseguiria lidar com esse tipo de tentação. Mas, neste

momento, arrependi-me desta regra pessoal. Bom... Talvez

essa coisa de "sem álcool" fosse mais um tipo de diretriz

pessoal. Ainda assim, eu nunca tive um onde eu dormi.

Olhei pela janela, coçando uma velha cicatriz no lado

inferior do meu braço. As luzes reluzentes de New York eram

malditamente impressionantes. Virando um copo de água ao

invés de um de vodca, que eu realmente ansiava, eu encarei

tudo em forma de miniatura.

Olhando para tudo isso eu quase me acalmei. Quase,

mas não de verdade. A cidade sempre estava num ritmo veloz

e sempre me senti acelerado enquanto estava aqui. Eu

precisava de algo mais lento antes de surtar.

Alcançando meu telefone, chamei minha assistente

pessoal, Regina.

Era tarde (ou cedo?). Mas ela atendeu depois de um

só toque. "Bom dia, Sr. Maddox. O que posso fazer por você?"

Perguntou com a voz grogue, porém educada.

"Eu preciso do jato pronto para me levar a Blue

Creek."

"Blue Creek?" Ela repetiu, como se eu tivesse falado

que eu queria que ela fosse para Júpiter. "Mas a

reinauguração é no domingo," ela falou.

Eu nem me incomodei em responder. Francamente,

incomodou-me loucamente que ela me questionou. Depois de

um momento, ela deve ter entendido porque ela estava

recebendo um silêncio e murmurou. "Eu farei os arranjos,Sr."

"Obrigado. Ligue-me quando pudermos sair."

Desliguei meu telefone, jogando-o na minha cama.

Eu precisava fazer as malas. Mas o que levar para

impressionar uma mulher que odeia toda a porra da sua

existência?

Ternos. Você leva ternos.


Leo Maddox.Onde histórias criam vida. Descubra agora