Estava tudo indo bem, não havia pessoas desagradáveis como colegas de quarto. Tudo bem que poderia ter sido melhor se Ágatha ou o Breno estivessem junto comigo, mas eu também não podia reclamar.
Não podia reclamar até a chegada da Rebecca.
Era óbvio que a última pessoa que faltava seria justo a pessoa que ferraria todo o resto. Um simples motivo para isso acontecer é ter o incrível azar do universo tirando com a sua cara. E se tem uma coisa que eu aprendi é que se tem algo de ruim para acontecer, vai acontecer. Principalmente se o assunto for Olívia Queiroz.
Olha, eu não sei o que aquela garota estava fazendo aqui, eu só realmente queria acreditar que ela tinha errado de cabana. Então digamos que depois de alguns segundos paralisados pelo nosso susto súbito eu mudei minha cara para uma que dizia:
"Miga, cê nem devia tá aqui!"
E olha que foi engraçado, pois ela começou a desviar o olhar para o chão de madeira batida da cabana.
Fiquei a observando largar sua mala em cima da cama ao lado esperando algum "Oi" ou alguma apresentação, pergunta... Mas ela só foi falar quando Clara finalmente decidiu quebrar o silêncio:
- Ann, oi... Rebecca?
Rebecca apenas assente sem nos olhar no rosto e então Clara continua:
- Eu sou Clara, aquela é Ana Laura e a garota ali é...
- Eu sei.
Rebecca interrompe tão rápido e de uma maneira tão fria que me pergunto o que estaria passando pela sua cabeça: Raiva? Vergonha? Arrependimento?
- Ok... – termina Clara com receio.
Passo então minha atenção para a mala, tirando de lá uma legging e meu biquíni preto. O guia tinha reservado meia hora para nos trocarmos para ir para a próxima "aventura". Vou para o banheiro e troco minhas roupas de baixo pelo biquíni e a calça pela legging. Enquanto calço os tênis, deixo meus olhos vagarem pela estrutura do banheiro que apesar de ser pequeno era bem aconchegante e útil. Quando termino saio do banheiro e volto para o cômodo de antes sendo observada por Clara que tinha escolhido a cama ao lado da minha.
- Será que é pra sair agora? – pergunta ela.
- O guia mandou esperar meia hora. Faltam 20 minutos.
- Ta bom.
Pego meu celular que estava no bolso da mala e finjo mexer quando na verdade estou observando o território à minha volta.
O interior da cabana era todo de madeira, possuíam quatro camas ao redor do cômodo, e um baú no meio do corredor. O banheiro ficava em uma curva da esquerda sendo acompanhado por uma planta de cactos.
Passado alguns minutos, guardo meu celular e decido fazer uma visita para Ágatha. Saio da minha cabana e me dirijo à cabana ao lado, bato na porta e aguardo.
Sou recebida por uma garota de pele morena e cabelos negros que depois lembro se chamar Pietra. Ela me encara e espera eu dizer algo.
- Ann, Ágatha está?
Pietra assente e volta para dentro cochichando algo para uma menina que depois se revela ser Ágatha.
Ágatha fica surpresa quando me vê e me dá um abraço fechando a porta logo em seguida, nos deixando para fora.
- E aí? – pergunto ansiosa.
- Ah, não foi tão ruim, fiquei no mesmo quarto que a Julia e que a Lana, aquela menina com nariz empinado que anda com a Paloma. Mas elas são legais, junto com a Pietra.
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Cidades Incertas
Fiksi RemajaDesde aquele dezesseis de julho, Blumenau se tornou um lugar cruel para se viver, o sentimento de culpa assombrava a cabeça de Olívia Queiroz causando uma série de turbulências emocionais.Três anos depois, a oportunidade de se mudar bate em sua por...