A Descoberta

Ponto Decisivo

23:45

Meu nome é Daniel Arthur Jhonson e há exatos 25 anos eu nascia na  cidade de Albany, nos Estados Unidos da America. 

 Para falar a verdade, meus pais tem uma história bacana. Meu pai, Jason Jhonson na época com 25 anos era um jovem e religioso policial, logo após ter servido o exército americano por alguns anos.  Era um homem forte, com um cabelo ruivo muito curto, ao estilo militar, quase raspado, com belíssimos olhos verdes os quais queria ter herdado. Minha mãe Andreia, era uma jovem de 20 anos, brasileira, universitária, com olhos azuis e um cabelos loiros volumosos e olhos azuis determinados. 

Minha mãe trabalhava em um bar, o Stoner, como garçonete. Era uma noite fria de dezembro quando ela estava sozinha e meu pai entrou. Ela deu o melhor sorriso que tinha, apesar de estar cansada ao extremo, nem o notando direito. 

- Olá. Em que posso servi-lo?

Ela disse que ele não respondeu. Apenas a olhava, boquiaberto. Ela sentiu-se incomodada e pigarreou. Segundo relato deles, meu pai parecia em transe. E apenas disse:

- Se eu pudesse, apenas gostaria de passar a eternidade admirando você!

Nesse momento, um sorriso genuíno quebrou o cansaço de minha mãe. Ela ouvira inúmeros desaforos durante o dia e era como um bálsamo ouvir um elogio. 

- E além do mais - ela sempre diz quando conta esta história - seu pai já era um homem lindo.

Ela lhe serviu uma xícara de café e um pedaço de torta. Enquanto ela fazia suas obrigações do outro lado do balcão, meu pai não deixava de admirá-la. Quase uma hora depois, três cafés e dois pedaços de torta, ela lhe avisou que estavam fechando o bar.

Ele lhe ofereceu uma carona, mas ela negou. Disse que morava perto, e gostava de caminhar. Ele então pediu para acompanhá-la e ambos, lado a lado, começaram a caminhar:

- Então, qual seu nome?

- Andreia. E o seu?

- Jason - ele sorriu para ela - Andreia, você parece diferente de alguma forma.

Ela sorriu e olhou para ele.

- Não sou daqui.

- De Albany? 

- Dos Estados Unidos. Sou do Brasil, de uma pequena cidade no sul do país chamada Florianópolis.

- E todas as pessoas lá são tão lindas quanto você?

Ela não respondeu. Apenas sorriu e olhou para o céu estrelado com um ar melancólico. Ele seguiu seu olhar e sentindo a mudança de humor, perguntou:

- Algo errado?

- Não. Na verdade sinto falta de casa, falta dos amigos. As vezes eu olho para as estrelas na esperança de que as pessoas que mais amo também as estejam olhando.

E assim caminharam pelo resto do caminho. Chegando ao prédio onde minha mãe dividia o apartamento com algumas roomates, meu pai tomou a mão dela e dando um beijo suave disse:

- Foi muito bom te conhecer. Posso te convidar para jantar?

Ela assentiu com a cabeça e impelida por algo que não soube explicar, o abraçou.

E assim eles passaram a se conhecer melhor. Namoraram por dez meses, e em menos de um ano, casaram-se. Um ano e nove meses após terem se conhecido, minha mãe me trouxe ao mundo e me chamou de Daniel Arthur, em homenagem aos meus avôs. 

A história de meus pais é muito bacana, eu confesso. Percebe-se ao ouvi-los contando sua história que eles realmente se apaixonaram e tiveram um romance belo. Na verdade a história deles nem caberia aqui. Porém, hoje é meu aniversário, e se não fosse esta história eu não estaria aqui.

Queria um dia encontrar alguém que eu amasse assim também. Na verdade, creio eu que já encontrei. E foi uma descoberta estranha para mim, não posso negar. São sentimentos que não tenho como explicar, mas que estão aqui, latentes. Foram vinte e cinco anos de jornada até chegar a este ponto decisivo, e o que decidir hoje poderá transformar minha vida. Tenho exatamente 24 horas para decidir se atravesso essa porta ou não, se vou contra a maré ou se permaneço nessa letargia que aos poucos vai me corroendo e me destruindo.  A descoberta foi feita. Só me resta aceitar. E fechando meus olhos agora, volto ao início de tudo, e talvez ali, eu encontre as forças que preciso para lutar.