Lost Angel

8.

       Eu não sabia muito bem o que ia fazer , só sabia que tinha de tentar fazê-lo. O quê? Nem eu sei... Só não posso perder a Molly

       Estava no meu quarto, sentada na cama a olhar para o horizonte além da janela. Apenas conseguia pensar numa coisa. O meu pensamento estava inteiramente dedicado à conversa que tive com Daisy, sobre a Molly. Eu queria resolver as coisas, só não sabia como.
       Eram quase 22h e eu ali, permanecia no meu quarto, com as luzes apagadas. Todas as vozes da minha cabeça diziam o mesmo "Tens de resolver as coisas" . Hoje decidiram estar todas em sintonia.

    "Tens de resolver as coisas 
      Tens de resolver as coisas
      Tens de resolver as coisas"

    O som do meu telemóvel fez com que estas vozes se calassem.

Daisy 
     "Já resolveste as coisas com ela?"
  22.10

    Parecia que as vozes tinham saído diretamente da minha cabeça para o meu telemóvel. Peguei no objeto pesado com vontade de responder à rapariga de cabelos mais coloridos que a minha vida, mas decidi ligar-lhe pois o meu nível de preguiça a esta hora já era muito elevado.

*chamada on*

    -Não, eu ainda não resolvi as coisas com ela.
    -Olá para ti também.
    -Sim, sim, olá.-digo apressadamente
    -Zoe, tu sabes que eu só quero o teu melhor e o da Molly também mas, vocês terão de resolver as coisas. Mais tarde ou mais cedo estarão a fazer-me escolher uma, e nesse momento quem se vai afastar sou eu, das duas.

    Por muito que me custasse admitir a pequena Daisy tinha razão. Eu teria que dar "o braço a torcer" antes que fosse tarde demais.

    -Eu sei Daisy, eu sei que tenho que falar com ela e sobretudo, sei que se depender dela não falaremos.
    -Trata disso, não vos quero ver assim.
    -Tabom, eu vou desligar e pensar em algo.
    -Qualquer coisa estou aqui.
    -Eu sei. -afirmo.

    Desliguei a chamada. Daisy estava sempre lá e eu tinha muito a agradecer por isso. Ela e a Molly são as pessoas mais importantes para mim.
    Atirei-me de cabeça para a minha cama e agarrei uma almofada com a pouca forçaque me restava.
    "Tens de resolver as coisas
      Tens de resolver as coisas
      Tens de resolver as coisas"
    As vozes estavam de volta e tinha a certeza de que não irão enquanto eu não tentasse, pelo menos, resolver as coisas. Eu não tinha opção.

    Ligo ou não ligo, ligo ou não ligo?
    Fiquei nesta cantarola cinco minutos, cinco minutos longos a olhar para o telemóvel. Peguei nele, fui até aos contactos e ganhei coragem para lhe ligar. Engoli a secoe carreguei no botão com o telefone verdinho que servia para contactar a pessoa desejada.

    Já tinha ligado duas vezes e tudo o que ouvira foi a voz de uma mulher a dizer "O contacto para o qual ligou não se encontra dísponivel...", estava a começar a ficar cansada de tentar contactar Molly que, provavelmente estava bem acompanhada e sem querer saber de mim. Nem em um milésimo de segundo.
    Estava prestes a desistir...

    "Não desistas
      Não desistas
      Tenta mais uma vez."

    Estas vozes davam comigo em maluca. Haverá maneira de acabar com elas?

    "Não desistas"

    Eu sabia que elas não se iriam calar enquanto eu não tentasse mais uma vez. A última vez.
    Os "bips" significavam que estava a chamar mas, neste caso eu dependia que os "bips" parassem e a voz da Molly ecoasse.