I- A formiguinha

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Melissa se olhava diante do espelho, aquele era um dia especial, todos estavão felizes, havia uma festa linda lhe esperando. Não queria parecer ingrata, mas lhe faltava alguma coisa.

_Mel! Vamos estão todos te esperando!

_Oi Bruno! Eu já estou indo..

_O que foi maninha? Um festão desses e você com essa cara?

_Tá visível assim?

_Está! Você não me engana, eu sei que tem alguma coisa ai dentro dessa cabecinha te deixando triste. Me conta o que é?

_Bruno, eu sou muito feliz com nossa familia. Sou muito grata por terem me escolhido, mas eu não sei, parece que me falta alguma coisa.

_Lembrou da sua mãe, não foi?

_Da mulher que me esqueceu em um orfanato, minha mãe se chama Laura, é a melhor mãe do mundo e está lá embaixo me esperando.

_Você tem raiva de sua mãe biológica?

_Raiva? Nem isso consigo sentir, lembro pouco dela, o tempo levou muita coisa, não tenho lembranças ruins dela... ela me contava histórias antes de dormir, me levava pra passear no porquinho, fazia lanches maravilhosos, quando eu meachucava me abraçava e dizia que ia ficar tudo bem.

_Então, tente pensar que ela foi uma boa mãe até onde pôde ser!
_ Boa mãe? Também não sei se posso dizer isso dela. Se era uma boa mãe, o que a fez me deixar naquele orfanato e nunca mais voltar.

_ Isso só ela pra responder, um dia, quem sabe você terá a resposta! Agora vamos descer estão todos a sua espera, e tenta disfarçar essa cara, mamãe pode não ser tão compreensiva como eu, isso pode magoar seu coração, ela te ama tanto.

_Eu sei, por isso me sinto culpada ao pensar assim.

_Não se sinta, agora vamos!

Melissa descia as escadas enquanto todos na sala a admiravam, realmente havia se transformado em um bela mulher. Sua mãe a olhava encantada de como aquela criança tinha crescido, as lágrimas desciam em seu rosto enquanto se lembrava do dia em que conheceu Mel naquele orfanato, foi próximo ao dia das crianças, Laura sempre ia levar doações de brinquedos ao orfanato da cidade, ao chegar logo percebeu a presença daquela garotinha triste olhando pela janela.

_Madre, como tem passado?
_Muito bem, melhor agora vendo que a fiel amiga dessas crianças não as esqueceu.
_Ah como poderia? Foram elas que me trouxeram alegria a vida quando precisei. Sei que eu deveria ter vindo antes como de costume, mas tive uns imprevistos, mas não poderia deixar de trazer minha contribuição para tornar o dia delas mais feliz.
_Tenho certeza que elas ficaram muito felizes, afinal com tantos presentes assim qual criança não ficaria.
_Tem uma que vejo que não está muito bem.

Laura falou olhando em direção a menina olhando pela janela, era uma menina de 7 ou 8 anos, aparentemente muito triste, apesar de saber que a vida no orfanato na era a vida que  uma criança poderia sonhar, mas tinha algo diferente no olhar dela.
_Ah, realmente já faz alguns dias que ela chegou aos nossos cuidados, mas a tristeza nela ainda é profunda, não conversa com ninguém, não brinca, mal come, passa o dia na janela, acho que ainda espera que alguém venha buscá-la.
_Alguém da família ficou de vir buscá-la?
_Não exatamente, ela chegou aqui em uma tarde chuvosa, com uma pequena mochila, uma boneca nas mãos e um bilhete pedindo que cuidassemos dela e que assim que possível seríamos recompensados. Ela diz que a mãe prometeu que voltaria, mas sabe como é, tantos já foram deixados aqui com a mesma promessa.
_ É de cortar o coração ver um ser tão inocente sofrendo pela decisão dos outros.
_Sim é, mas não podemos julgar, não sabemos os fatos que a trouxeram para nós, se ela ao menos conversasse poderíamos amenizar a dor em seu pequeno coração.
_As vezes não precisa de palavras para trazer conforto Madre, posso tentar?
_Claro, fique a vontade.

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