O sertão não é clima, nem estação. É um ventre estéril.
O suor decente do rosto é o convite certo a evadir-se de um lugar órfão de águas.
O mundo abortou-te oh sertão. Impiedosamente.
A mãe natureza não te reconhece como filho.
És bastardo. És o fruto de uma outra relação.
Quem te compra com pés descalços, ganha uma lamentável vida.
Igual a dor do parto que paga o feto, assim é o preço da sobrevivência em tuas terras.
E todos sofrem sobre a luz do teu sol.
Tu matas os próprios hóspedes, e dá a carne dos cadáveres às aves mudas e imundas que habita o teu céu.
Penhoraste o sonho da tua gente.
Abusaste do amargo que conheces bem.
Sabes banqueatar um qualquer que a ti tenta desbravar.
És terrível. És temível.
És sertão.
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Poemas
RandomUm jovem indeciso de 22 anos percebe que acabara de descobrir o dom de escrever poemas, que o deixa ainda mais indeciso. Daí ele escrever em todas as suas madrugadas, religiosamente.