Coincidences (Coincidências)

369 26 9
                                    

Andei pelos corredores recebendo os mesmos olhares ásperos de sempre. Se eu não estivesse tão acostumado com essa situação, provavelmente estaria chorando agora.

Fala sério! Qual o problema de vocês comigo?

Franzi o cenho e logo abaixei a cabeça. Quando então, algo duro e pesado esbarrou comigo, fazendo todos os livros que eu segurava caírem no chão. Meu óculos também escapou de meu rosto e se debateu contra o piso. Logo tudo em volta se tornou um borrão pra mim.
- Tá sego, é? - Berrou uma voz rouca e familiar.
Antes mesmo que eu pudesse responder, alguém que passava descontraído pelo corredor, pisou bruscamente em meu óculos.
- NÃO! - Bati minha mãos ao chão tentando enxergar algo, mas tudo ao redor não passava de vultos e borrões sem nitidez.
- Ei. -A voz  tornou a me chamar. Eu ignorei. Juntei todos os livros que estavam caídos no chão. Com certa tristeza, fitei os pedaços do meu óculos.

Não chore aqui.
Não chore aqui!

- É você... - Seja lá quem for, se agachou até mim e me ajudou a recolher os livros espalhados. Levantei a cabeça e com muito esforço, reconheci o rosto. Era o cara ignorante do elevador!
Ele estava sem touca, logo notei que seus cabelos eram negros.

Este infeliz tá me perseguindo? O que raios ele faz aqui?

Eu o fitei irado.
Abruptamente peguei meus livros de sua mão e me levantei. Logo me deparei com alguns vultos em volta de mim. Todos estritamente maiores do que eu.
- Olha só. Não é o novato? - Indagou uma voz feminina.

Era só o que me faltava...

Tentei me esquivar da roda, mas eles me impediram me prendendo contra um dos armários.
- Onde está indo? Que falta de respeito! Não é assim que se trata os líderes daqui. - Avisou uma das vozes.

- Me deixa em paz. - Berrei, irritado.
Simplesmente tenho dom de fazer coisas como essas acontecerem comigo onde quer que eu vá.
- Olha só... O pirralho está nervozinho! - Provocou um deles.
- Vamos ensinar a ele como se trata as autoridades. - Logo derrubaram meus livros novamente no chão.

Cacete!

Antes que eu pudesse protestar, eles seguraram meus pulsos e levantaram até minha cabeça, para que eu não conseguisse escapar.
- Por favor! - Supliquei, tentando não deixar as lágrimas caírem em meu rosto.

Por quê sempre EU?!

- Ahh, que gracinha! A florzinha está chorando! - Zombaram.
- Me solta! - Grunhi irritado.
- Soltem ele! - Uma voz autoritária surgiu no meio do grupo. Se não me engano, é o cara do elevador... Será possível que ele estude aqui também?

- Qual é Kotaro! Deixa a gente brincar um pouquinho com o novato. - Uma garota gargalhou.
- Cala a boca. Não foi um pedido. Se não soltarem ele, vão se ver comigo depois. Lá fora. - Ameaçou.
Eles se entre olharam e subitamente me soltaram. Me observaram com desprezo e depois fitaram o cara alto ao meu lado.  Logo começaram a se afastar como se estivessem fugindo da morte.
Foi estranho.

Na minha antiga escola, quando faziam isso comigo, normalmente eu não teria saído dessa sem lesões...
Por mais quieto que eu ficasse, era sempre a mesma coisa.

O cara cujo nome eu não sabia bem, pegou meus livros do chão e me entregou. Sequei as lágrimas com o dorso da mão.
- Porque me ajudou? Eu não tenho dinheiro. - Murmurei.

- Não acho certo o que eles estavam fazendo. E eu não quero seu dinheiro. Eu não poderia apenas assistir aquilo tudo... Me desculpa por...

- Fica quieto! A culpa é sua! Não preciso da sua ajuda! Não preciso de ninguém! - Berrei, e logo comecei a correr para a saída.

Mas que droga! Não estou vendo nada!

Andei no meio do corredor que já se esvaziava e logo cheguei na entrada. Olhei para os lados tentando identificar o lugar à minha volta.
Procurei meu celular no bolso de minha calça e logo disquei o número da minha mãe.
Sem sinal.
Fala sério, foi a entrada mais magnífica na nova escola...

Guardei o aparelho e comecei a socar freneticamente uma árvore que estava na entrada da escola.
- "Amigos novos" ... Eu odeio esse lugar! - Exclamei, chutando o tronco da mesma.

- Uau. Nada mal para o primeiro dia. - A voz que eu já conhecia, surgiu por trás de mim.
- Não é da sua conta.
- Hum, tem razão. Eu iria perguntar se não queria carona para voltar pra casa, mas...Sabe: Não é da minha conta. - Ele se virou de costas e deu de ombros. Arregalei os olhos.
- Ei! Espera! - Corri até ele. - Você esbarrou em mim, e por isso não enxergo nada agora! Vai me deixar aqui?

- Sua vida não me diz respeito. Você mesmo disse. Além do mais... Você não precisa da minha ajuda. - Ele continuou a andar lentamente na calçada com um sorriso torto.

Argh! Eu odeio esse cara!

Engoli todo o meu orgulho a seco e então pedi em meia voz:

- Por favor...

Ele se virou com o mesmo sorriso irritante nos lábios.

***


Your Last First Kiss (YAOI ♡)Onde histórias criam vida. Descubra agora