Capítulo 6

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Agora Tom sabia porquê Débora nunca falou do passado ou da familia. Que sua mãe  tinha fugido de casa e deixado seu pai a propria sorte para criar duas filhas e que ela fora uma adolescente problematica. 

Ele se lembra das marcas de agulha em seus braços , eram bem grossas .As vezes as marcas estavam roxas .

Débora sempre aparecia em seu apartamento no meio da noite ou pela manhã, então ele criou o costume de deixar a porta sempre aberta .

Queria dizer a ela que ela não precisava se drogar , que ela era uma pessoa maravilhosa sem aquilo .

Mas ele nunca disse, sabia que se dissesse algo ela não iria mais procurá-lo .

Tom se aprontou e saiu .Ele nem percebeu que tinha largado a porta aberta .

Tom trabalhava numa pequena gráfica, no centro de Paris era só ele e mais três funcionários além do dono e o gerente.

Ele era o redator, mas se saia bem em sua carga horária ,nunca ultrapassou um prazo.

No horário de almoço ele pegou o diário e retornou a leitura. 

28 de setembro, 2009 

 Eu conheci um cara ,ele é bonito e engraçado. Mas não faz o meu tipo. 

Noe diz que só tenho olhos para os problemáticos, acho é verdade. 

30 de setembro, 2009 .

 Fui a uma boate com Roger , lá nos encontramos com o amigo dele,  o Tom .

Ele não tirou os olhos de mim a noite inteira. Ele é um gato .Noe foi despedida. 

10 de outubro , 2009 

Hoje eu decobrir que Roger não passará de um amigo . Eu gostei muito dele ,mas ele parece comigo .

Quero algo diferente ,como Tom .As coisas aqui em casa estão ficando difíceis, Noe não consegue um emprego e bom ,as manchas no meu braço não ajudam muito .

Então Tom se lembrou de quando a conheceu ela era tão linda , estava usando uma blusa de manga comprida e uma calça Jeans apertada destacando as curvas de seu corpo .

Ela e Tom pareciam se dar muito bem , então eles sumiram na pista de dança e Tom voltou a beber. Depois de alguns minutos ela apareceu sozinha. 

-Oi .

Disse se sentando.

-Cansou? 

-Digamos que não sou muito boa nisso .

Disse sorrindo, seu sorriso era lindo, o fez lembrar do sorriso de sua mãe. 

 -Quer algo ?

Ofereci .

-Um marine por favor. 

Pediu,  logo o garçom trouxe dois copos,Tom a acompanhou na bebida .

-Você bebe  muito .Achei que era o único. 

Notou ele sarcástico. Ela sorriu para ele levando o copo aos lábios .

-Que bom .

Concordou. 

Depois desse dia sua presença sempre estava presente , ela se tornou sua companheira de bebida , afinal Roger não aguentava beber. Passaram a ir para o apartamento de Tom nos finais de semana e as vezes no meio da semana.

Débora era tão bem humorada, Tom sempre se sentira a vontade com ela . 

22 de outubro,  2009 

Hoje ele me pergunto o que eram aquelas marcas no meu braço .Congelei na hora .

Sempre tive cuidado para não deixar que ninguém as vissem .

Tive que ser grossa com ele .

Briguei com Noe, ela me viu usar heroína. 

Meus braços doem .

31 outubro, 2009

Noe quer ir para casa .Deus me ajude mas para aquele lugar eu não volto .Papai não para de ligar , insistindo para que ela volte para aquele inferno .

2 de novembro, 2009 .

Eu e Tom nos beijamos , o beijo dele é diferente de tudo . Roger ainda não sabe mas logo contarei a ele .

E então Tom entrou no túnel do tempo .

Ao seu primeiro beijo com Deby .

-Ele dormiu. 

Falou ela , checando Roger , que dormia como um bebê no sofá de Tom.

-Isso sempre acontece ?

Perguntou .

-As vezes ele vomita .

Brincou e a viu sorrir por alguns instantes.

-A cidade que nunca morre .

Falou sentando na sacada da janela .

-Você sempre morou aqui Tom ?

 Ouvir seu nome na voz dela parecia o melhor som do mundo .

-Sempre .

-Aonde estão seus pais Tom ?

Ela tinha o olhar distante .

-A minha mãe faleceu.

-Desculpe .

Interrompeu

-Tudo bem .

Ele se levantou e foi até a janela , os dois ficaram apenas observando por um bom tempo .

As luzes sempre acesas , dava para ver a Torre Eiffel de longe .O silencio só foi quebrado por um grunhido de Roger ao trocar de posição no sofá , então a paz voltou a reinar .

-Tom ?

Chamou .

-Sim ?

Virou se para ela , podia ver lagrimas em seu rosto .

-Me beije .

Pediu e Tom não poderia deixar de atender aquele pedido .

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Noemi tentava segurar a respiração , mas era difícil . Outra vez Paul chegou bêbedo em casa , ele estava quebrando as  xícaras na cozinha , gritando seu nome .

Ela se escondeu no guarda -roupa assim que ouviu a porta bater .

-Não vai poder se esconder por muito tempo Noe !

Ela tampava a boca com as mãos , o rosto molhado por lágrimas ,ali quase não havia lugar para ela, sentada no escuro, abraçou as pernas com os braços torcendo pra que ele não a encontre .

Ela se apaixonou por ele , sempre o amou tanto, ela achava que ele podia melhorar.

Ela precisava dele , ele precisava dela . Como podia ir embora e deixa-lo?

"ESTOU DE SACO CHEIO DESSA PORRA NOE !"

Seu grito fez cada pelo do seu corpo se arrepiar .

Ela podia ouvir seus passos , o som da porta sendo aberta. Pela fresta na porta do guarda-roupa  podia vê-lo .

Apertou ainda mais a boca .

Ele caminhou até o meio do quarto , sentando na casa , tirou os sapatos e deitou de barriga para cima.

Noemi respirou fundo , ele iria dormir .

Ela ficaria bem esta noite .



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