Capítulo 4

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Ontem, logo após a transformação de Gina, fomos ao cinema. Assistimos a um filme de suspense. Após o filme, voltamos a minha casa.

- É simplesmente demais andar com vocês. - Gina fala com entusiasmo ao descermos do carro. - Ainda não acredito que estou andando com a garota mais popular da escola. Me belisca!- Ela fala, dando pulinhos. - AI ! - Grita.

- Você pediu, coleguinha. - Jessy fala com um sorrisinho irônico.

- Por favor. Nãe me façam ter que apartar outra briga de vocês duas. - Digo.

- Mas você viu que foi ela quem começou. - Gina diz apontando para Jessy.

- Eu comecei? Ah, pelo amor de Deus. Anna, não vai dizer que vai ficar do lado dela...

- CHEGA! - Grito. - As duas. Quando um não quer, dois não brigam. E...

- Quando um não quer, o outro insiste. - Gina me interrompe, direcionando um olhar sério para Jessy.

- Não queria dizer, mas tenho que concordar com você. - Jessy fala.

- Jura? - Gina abre um sorriso, e logo Jessy também sorri.

- Agora que já fizeram as pazes, vamos comer alguma coisa. - Falo com uma expressão de cansada.

As duas me acompanham até a cozinha.

- Celina, eu quero salada. - Falo bocejando para nossa cozinheira.

- Irei preparar, Anna. Aguarde um instante.

- Salada? Eca! - Gina intervém. - Sério isso? Eu vi bolo de chocolate e sorvete na sua geladeira. Você tem certeza que quer comer salada?
- Preciso manter a forma. - Falo. Coloco as mão no ar e observo minhas unhas.

- Vocês comem salada. Eu vou comer doces.

- Anna, acho que concordo com ela outra vez. Ja faz uma semana que você só come folhas. Não acha que está na hora de mudar sua alimentação?

- Amanhã a gente corre para perder o que ganhamos. - Gina fala de novo.

- Admito que sinto falta de doces, mas...

- Mais nada. Célia, traga todos os doces. - Gina pede à Celina, obviamente errando seu nome.

- Onde está toda a timidez de mais cedo, Gina? - Pergunto.

- É... desculpe. Apenas queria me sentir mais a vontade e poupar você de ter que me encaixar no grupo. Além do mais, não quero ter motivo para voltar para casa hoje. Meu pai com certeza...

- Beleza! - Interrompo-a antes que ela comece a chorar. - Celina, meu amor, traga as guloseimas.

Celina sorri para mim e começa a trazer o banquete. Peço para que ela leve até meu quarto. Subimos, conversamos e comemos feito desesperadas. Gina é uma pessoa muito agradável. Outra pessoa de quem eu me arrependo de ter feito algum tipo de maldade. Primeiro com Jorge, e agora com ela. Estou começando a entrar em uma crise existencial. É muito estranho eu me arrepender de fazer coisas ruins com algumas pessoas e ao mesmo tempo estar ansiosa para ver a "namoradinha" de Jorge penar em minhas mãos. As vezes penso melhor e acho que vou me arrepender depois. Assim como me arrependi com Gina e Jorge. Vai ver ela é uma pessoa legal, eu é que não quero enxergar isso. Meu pensamento solidário sempre muda quando vejo os dois juntos.

- Gina, você está linda, mas se continuar comendo desse jeito... - Olho para ela dos pés à cabeça. - Acho que nem preciso terminar.

- Não esquenta a cabeça comigo. Não vale a pena. Jessy está comendo tanto quanto eu. Parece até que estava presa.

Jessy olha de Gina para mim.

- Que foi? - Fala com a boca cheia de sorvete. - Ai meu dente! Acho que estou com uma cárie. - Faz uma careta soltando ar pela boca.

- Acho que você vai precisar ir ao dentista amanhã mesmo. Vive reclamando com dores no dente e não faz nada. - Falo.

- Sabe que não tenho dinheiro para ir ao dentista. - Jessy agora coloca o indicador na boca.

- Como assim não tem dinheiro? Olha as roupas que você usa. Você deve ser tão rica quanto Anna. - Gina fala.

- É o que os outros pensam na escola. Eles não nos conhecem. Por isso falam o que acham que sabem.

- Mas...

- Gina, é o seguinte. Você está andando com a gente e não é rica. Por que Jessy tem que ser?

- Porque eu comecei agora. Vocês são amigas a muito tempo.

- Na verdade Jessy é arrogante hoje porque eu a tornei assim. Tínhamos que ter uma identidade naquela escola. Jessy era até mais pobre que você. É bolsista. Minha mãe conseguiu convencer o dono da escola a dar uma bolsa à ela. Antes de conhecê - la eu estava desacreditada em relação à amizade. Eu queria muito ter uma amiga, mas todas só queriam saber do meu dinheiro. Quando mudei de escola, eu tinha um plano para pisar em todos. Mas eu precisava de uma amiga para me apoiar. Jessy foi a solução para meus problemas. Eu estava indo naquele dia até a sala do diretor para me inscrever em uma aula extra de um domingo. Como não bati na porta, ouvi o final da conversa dos dois. Do direitor e de Jessy. Ela queria estudar lá e usou todos os argumentos precisos para ganhar uma bolsa. Mas o diretor nem se quer fez questão de ouvi-la. Se distraia de todas as formas. Quando me viu entrar começou a puxar meu saco. Me inscrevi na aula de domingo e fui até o lado de fora da escola onde ela estava sentada no chão chorando. - Paro um instante para tentar me lembrar do resto da história. Gina estava ouvindo atentamente.

Jessy tira o indicador da boca e continua de onde eu parei.

- Eu estava chorando porque o diretor me tratou como se eu nem estivesse ali falando com ele. E aquela bolsa era muito importante para mim.
" Anna foi até lá e disse que tinha visto tudo que havia acontecido. Eu falei que não era da conta dela e que se ela quisesse zombar de mim como os outros das outras escolas que tentei me matricular como bolsista zombaram, era para ela ficar a vontade, pois eu não ligava mais. Então ela disse:
- Por que eu faria isso?
- Gente como você não gosta de pessoas pobres.
- Você nem me conhece para falar assim.
- Você estuda aí, com certeza é rica.
- Engano seu. Sou bolsista. Aí dentro muitas pessoas vivem de aparências."

- Meninas, eu estou morrendo de sono. Amanhã vai ter ensaio para dança e eu não quero chegar atrasada ou indisposta. É a única aula que posso dizer que gosto. - Falo. Bocejo outra vez e Jessy vai para minha cama. - Gina, pode vir também. Você não vai dormir em uma cadeira, não é?

- Essa cadeira é mais confortável que minha cama. - Ela ri.

- Se quizer vir, pode vir.

- Tudo bem. Só vou terminar de comer esse bolo de chocolate e já vou.

- Ou pode dormir em baixo da cama para eu não ter que acordar e olhar para essa sua cara. - Jessy suspira e vira de costas para Gina.

Me deitei e dormi. Jessy parece ter pegado no sono rápido também. O importante é que os dias passem rápido, e quando durmo, não vejo o tempo passar. Preciso ter Jorge para mim. Mas só o tempo vai nos unir. Aquela garota está me irritando. Preciso reduzir esse tempo, mesmo que ela saia magoada.




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