Capítulo 8 - Noite de tormenta.

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"Quem raios é esse G? " repeti meus pensamentos em voz alta, encarando KyungSoo se afastar.

Baekhyun lançou-me um olhar aborrecido. Ele estava ofegante, e parecia se esforçar para manter-se em pé.

"Está tudo bem? " perguntei, de repente, indo em sua direção.

"Melhor impossível. " ironizou, ignorando minha aproximação.

"Devemos ir na enfermaria..." comecei a dizer.

Mas o garoto me interrompeu com um rude e brusco:

"Não. "

Fixei meus olhos nele, que estava encostado nas grades que envolviam toda a quadra. Parecia desconfortável, e pressionava o próprio abdômen. O escutava gemer baixinho, respirando fundo. Seus lábios estavam roxos por causa do frio que se instalava ao escurecer, e havia sangue escorrendo por sua testa.

"Eu estou bem." afirmou o coreano.

"Não, não está." reprimi, irritada.

O coreano permaneceu relutante enquanto eu tentava convence-lo a ir se cuidar na enfermaria. Além dos muitos ferimentos, seu tornozelo havia torcido, pois ele cambaleava apoiando-se em apenas uma das pernas.

Ele me impediu quando fui em sua direção com intensão de leva-lo comigo, me parando bruscamente um segundo antes de toca-lo. Com seus olhos puxados, tenso, me encarou, tornando um silencio incomodo entre nós.

"Meu pai não pode saber do que aconteceu. Sabe que ele é o diretor, se eu aparecer na enfermaria desse jeito, ele vai saber. As paredes têm ouvido. " disse apontando ao redor, com a voz mais baixa que o normal na última frase.

"Baekhyun..." tentei dizer.

"Eu posso me cuidar sozinho. " falou em tom definitivo. "Eu estou bem." repetiu, com tanta convicção, que se não fosse seus machucados tão visíveis em sua pele pálida, eu acreditaria.

Suspirei e tentei não demonstrar minha preocupação.

"Tudo bem. " assenti.

Ele deu um sorriso, desviando seus olhos puxados de mim.

"Emily, você me lembra alguém. " revelou, fazendo com que meu coração pulasse. "Ela gostava das estrelas. " contou desviando seus olhos para o céu.

Ela?

"Ainda hoje, ela é o motivo, a pessoa que me faz admirar a noite todos os dias. " continuou, sem tirar os olhos daquela imensidão.

Ele fez uma pausa, então me acomodei, lentamente, ao seu lado na grade. Agora nós dois estávamos observando em silencio. E eu me recordei, que desde muito pequena, sempre tive paixão pelas estrelas. Na minha concepção, elas eram almas boas, eleitas para cuidar que nada de ruim nos acontecesse. Eu ri com esse pensamento infantil, e Baekhyun voltou seus olhos para mim.

"Essa pessoa era..." comecei a dizer.

...Era uma namorada?

"Minha mãe. " completou o coreano antes que eu pudesse terminar meu raciocínio. "Meu pai disse que ela sempre amou as estrelas. " sua expressão mudou de repente, havia um sorriso angustiado em seus lábios.

Permaneci em silencio para que ele pudesse continuar se quisesse.

"Ela morreu quando nasci. " limpou a garganta.

Me mantive escutando, não queria atrapalha-lo, ou faze-lo se sentir desconfortável por estar contando algo tão pessoal para mim.

"Eu me culpei muito tempo por ter nascido. " o garoto me encarava agora. "Vou mentir se dizer que não me sinto nem um pouco assim mais. " ele desviou os olhos para a quadra vazia.

Love Hurts • Baekhyun •Onde histórias criam vida. Descubra agora