Nada É Para Sempre

Capítulo 1

Acordo com o alarme berrando nos meus ouvidos. Dormi em cima do meu celular, não foi uma boa ideia. Minha mãe já está gritando para eu me arrumar antes que o seu Severino chegue.

Vou direto para o banheiro tentar dar um jeito na minha cara, estou com olheiras horríveis, não gosto de dormir tarde mas tive que ficar falando com a Sandra até tarde da noite. Ela brigou com o namorado e eu tive que ficar até 04:00 da manhã tentando acalma-la. Ela é muito dramática. Pelo o que eu entendi o Caleb, que é namorado dela, está conversando com uma tal de Emily e ela está se jogando nele. Ambas não se dão bem juntas, então acho que esse é o motivo principal.

Enfim, agora eu estou morrendo de sono e parecendo um zumbi, vou para o meu quarto para colocar meu uniforme e decido ver as horas. Quase derrubo o celular no chão. São 07:00 horas, o seu Severino chega em 15 minutos e eu nem coloquei meu uniforme. Incorporo o Flash e termino de me arrumar exatamente as 07:15. Seu Severino buzina pontualmente em frente de casa.

Corro pro carro, a Sandra está com uma cara pior que a minha, mas ela deve ter acordado mais cedo que eu para ter conseguido passar um pouco de maquiagem. Eu infelizmente não consegui passar nem um batom.

O caminho é feito em silêncio. O seu Severino está com uma cara de sono então nem pergunto nada para ele. A Sandra está com uma cara péssima de quem chorou a noite inteira, mas não vou tocar nesse assunto, só se ela querer falar sobre isso que no caso não vai acontecer com o pai dela do lado que por acaso não sabe do relacionamento dela com o Caleb.

Chegamos na escola as 07:25 e damos de cara com as gurias do segundo ano do ensino médio, elas se acham a tal, odeio gente que se acha superior as outras pessoas. Passo reto, mas antes de conseguir chegar na sala alguém segura meu braço, viro pra trás e dou de cara com a última pessoa que eu queria começar minha manhã.

''Oi gata.'

''Dá licença Benjamim.''

''Ta nervosinha meu bem?''

''Tu está me deixando nervosa, agora sai da minha frente,por favor'''

''Antigamente eu te deixava com outra reação...''

Saiu da frente dele lhe dando um empurrão, consigo ouvir ele rindo baixinho. Ai que raiva desse garoto.

Eu conheci o Benjamim na semana de recuperação das provas trimestrais. Na minha escola todo trimestre tem recuperação das provas que foram feitas ao decorrer dos meses, para os alunos que não estão indo bem consigam melhor sua nota no boletim.

No dia que eu conheci ele eu não precisava fazer nenhuma prova naquele dia, mas a Sandra insistiu para que eu fosse lhe dar uma força, já que ela tinha pegado recuperação em inglês, e já que eu conseguia tirar sempre notas boas nessa matéria, ela acha que eu podia trazer ''energias positivas''.

Chegando lá fui falar com a Sandra pra ajudar ela tentar gravar a matéria, só pra ela saber o que fazer.

Do nada meu colega João Pedro chega com um guri bem bonito que eu já tinha reparado que a cada semana estava com uma guria diferente aqui da escola. Esse guri que eu nunca tinha me interessado em saber o nome, já que tinha uma cara de malandro começou a puxar papo comigo.

''Lara, certo?''

Como esse guri sabia meu nome?

''Sim.''

Eu sai andando, mas antes que eu consiga dizer pra Sandra que se a gente não se apressar ela vai perder a prova, uma mão segura meu braço fazendo com que me vire rapidamente. Então esse guri diz.

''Enquanto o JP e a sua amiga fazem a prova que tal a gente se conhecer melhor?''

O que ta acontecendo aqui?

Antes que eu consiga dizer alguma coisa ele já está me puxando e quando eu vejo a gente já está perto da quadra.

''Tu ficou em quantas?'' Ele diz.
"Que?" Eu digo.
"Nas provas de recuperação". Ele diz suavemente.

''Ata,em duas. E tu?''

''Nenhuma''

Como ele não ficou em nenhuma?

''Que bom'' Eu digo.

''Vamos sentar naquele banco atrás da quadra.'' Ele fala mais em um tom de afirmação do que de interrogação.

Quando vejo ele já está sentado no banco me esperando.

Eu gostava daquele banco, logo atrás dele tinha a maior àrvore da escola, era muito linda principalmente na primavera, mas estavamos no inverno.

''Eu não sei teu nome.'' Eu falo olhando para uma folha seca no chão depois olho pra ele, que está com uma cara de surpresa.

''Meu nome é Benjamim, pensei que todo mundo me conhecia.''

''Eu não sou todo mundo.'' Digo sorrindo que quando ele vê olha diretamente para minha boca. Quando eu vejo ela já está com a língua dentro da minha boca e estou correspondendo o beijo.

Que merda é essa? Digo em pensamento.

Mas depois logo percebo que eu estou gostando do beijo, ele me beija suavemente descendo as mão pela as minhas costas, fazendo com que eu me arrepie toda. Ele coloca a mão na minha bunda levo um susto e paro o beijo.

''Eu tenho que ir.''Digo.

''Ta bom.'' Ele diz já se afastando.

Que guri idiota penso comigo. Nem pra me dar um tchau. Mas depois me lembro do beijo.

Decido voltar pro pátio para esperar a Sandra, ela demorou muito, mas conseguiu recuperar a nota.