Capítulo 2

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Duas semanas. Haviam se passado exatamente duas semanas desde o ocorrido na madrugada.

Estava agora me arrumando para ir para o colégio. Depois de tomar um rápido banho e fazer minhas higienes pessoais; caminho enrolada numa toalha até meu quarto e escolho minhas roupas e de seguida caminho para o banheiro terminando então de me arrumar notando que meus fios loiros estão batendo no meio das minhas costas. Após arrumar tudo caminho até as escadas, encontrando um ambiente silencioso o que fez meus pensamentos ir direto para minha mãe; que chegava sempre pela madrugada completamente fora de si.

Recordo-me a maneira que minha mãe e ele me acordava todas as manhãs dando-me apoio, de como me presenteavam com enormes sorrisos em todas as conversas matinais, dos abraços em família que me transmitiam um enorme conforto e segurança, a forma como ambos preparavam o nosso pequeno café da manhã, como se beijavam e conversavam antes de me levar ao colégio; se tivesse um relacionamento deseja que fosse como o de ambos, pois era demasiado admirável.

Saio dos meus pensamentos quando chego à cozinha. Não tenho costume de comer muito e depois de tudo que aconteceu nos últimos meses, meu apetite e vontade de comer era zero, mas como iria passar o dia todo na escola - sem ter intenção de passar mal no mesmo - pego em uma maça e logo vou em direção à porta começando então a caminhada para o colégio.

Agradeço mentalmente por faltar apenas algumas semanas para tudo isto acabar.

Então eu poderei dar um grande passo em minha vida. Longe daqueles que em algum momento fizeram-me mal e com uma forte esperança de amenizar a dor que sinto estando em Bradford. Tenho esperanças que depois de anos eu encontre um motivo pra sorrir, encontre o motivo pelo qual continue viva.

Sinto que se meu pai estivesse vivo, ele iria querer me ver bem. Que eu seguisse meu rumo, que eu encontrasse um motivo para me animar, algo que me desse brilho e vida. Que estaria pegando no meu pé, por nunca ter tido nenhum namoradinho ou paixonite de adolescência, mas tenho total certeza de que ele não iria querer ver sua pequena e adorável filha chorando e desejando a própria morte; ele se sentiria mal, completamente decepcionado comigo.

Ele apoiou tanto as minhas escolhas, sinto que se ele estivesse aqui, estaria me dando todo o apoio que necessito.

Após uns 15 minuto de caminhada já me encontrava no inferno que chamo de escola.

Como sempre, sou cercada de murmurinhos e xingamentos dos seres mais infelizes e desprezíveis que eu já estive perto em toda minha vida. Sério eles conseguem ser pior que animais, a pior espécie e raça que alguém pode conseguir ser. Pergunto-me oque eles ganham fazendo isso com uma pessoa; eu nem se quer falo com eles e muitos eu nem sei quem são.

"Vadia, tu mataste-o!"

"Gostosa, dou-te um jeito rápido!"

"Morre, ninguém te ama querida!"

"Olha para você, inocente, ingênua. Ô um ser digno de pena!"

Era assim que passava as aulas, inúmeros comentários maldosos e insultos que vinham tanto de meninos como de meninas da minha sala, pessoas que convivem comigo diariamente, que sabem pelo que passei –através do jornal da cidade- e por mais que eu negue esses comentários me atingem e muito! O que me leva a se sentir em um estado de espirito pior e me questiono do porque não responder a estas pessoas, a essas pessoas mimadas que sentem necessidade de por os outros a baixo, só para manter suas dignas "reputações" em alta; pessoas fúteis.

Antes de tudo acontecer, eu era a garota mais animada e alegre do meu grupo de amigos. Como toda adolescente eu gostava da atenção que recebia e dos elogios. Recordo-me das tardes em que as meninas passavam em casa; fazíamos sessões de filmes no meu quarto comendo inúmeras besteiras e jogando conversa fora, tudo aquilo me era único e especial.

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⏰ Última atualização: Nov 10, 2022 ⏰

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