O Que Somos, Afinal?

Hummmm!

A chuva aumentou. Chegamos em casa com a Lau toda melada de tinta. Abri a porta devagarzinho, entramos e fechei-a sem fazer barulho. Subimos as escadas e fomos até a minha suíte.
- Quem vai tomar banho primeiro? - Lauren falou, sussurrando.
- Se quiser ir...
Ela, então foi. Enquanto isso, fiquei deitada na minha cama, cheia de travesseiros e ursos de pelúcia, que meu pai fez questão de comprar tentando me fazer feliz, pensando no dia maravilhoso que tinha tido. James. Breren (Sim, já estava shippando). O jeito como o Jay me fez alegre, como mudou minha quase depressão em diversão, como me abraçou e beijou minha cabeça. Mexeu comigo. Mas não posso me apaixonar agora. Não agora.
- Lyn, que ducha maravilhosa - Lau saiu do banho com uma toalha branca enrolada no corpo e outra esfregando no cabelo.
- Hã? Ah, é ótima mesma. - falei meio distraída.
- Porque você está assim? Meio que voando?
- Ah, nada demais. Estava pensando o quanto o dia de hoje foi divertido. Será que vamos ter mais momentos assim com eles?
- Hmmmmmmm... Gostou, hein? Hahaha - Ela falou meio maliciosa.
- Não, é que, tipo... Nunca vivi uma situação dessas assim, tão divertida. Ainda mais com dois casais, não é mesmo, Morrison? - Retruquei.
- Ah, Lyn. Eu não tinha amigos, até você aparecer. E eu meio que... Já sempre senti algo pelo Brendon. Mas hoje foi mais forte. Quando ele me puxou, meu coração disparou, por isso fiquei nervosa. - falou, ficando envergonhada. - Mas acho que não sou só eu que tive uma queda por jogadores de football, hã?
- Eu não posso me apaixonar agora. Ainda mais pelo James, hunf... Ele é tão misterioso, tão metido, tão...
- Bonito? É, e não sou só eu que sei disso como todas as meninas da escola.
- Aqueles olhos... Meu Deus, que olhos são aqueles? - falei suspirando.
- Hum, amiga, limpa a baba senão ela escorre.
Rimos alto, mas percebendo que não podíamos falar nem rir alto, então prendemos o riso.
- Vai trocar de roupa, que é tempo que eu tomo banho. Pode vestir qualquer roupa minha. - falei pra ela.
- Ok.
Entrei no banheiro, tirei minha roupa, pendurei-a no cabide e entrei dentro do box. Um filme na minha mente passou rápido enquanto coloquei minha cabeça debaixo do chuveiro. "Não. Agora não, Lyn. Sua vida está um caos. Mais um problema, não!" Pensei. Saí, peguei minha toalha rosa bebê, me enrolei e entrei no quarto. Lauren estava com meu vestidinho florido rosa, azul e branco, falando ao telefone.
- Certo, pai. Já entendi. Não, tudo bem. Tá bom. Beijo.
- Seu pai? - falei curiosa.
- Sim, já não nos vemos há uns dois anos. Ele mora em Paris. Nos largou quando soube que a minha mãe estava grávida. Depois de catorze anos, decidiu aparecer para falar comigo.
- Nossa, que horror. Sinto muito.
- Tudo bem. Não Sinta. - Falou ela em um tom de desprezo.
- Qual roupa devo vestir?
- O vestido de renda azul.
- Hummm, boa perdida.
- Alguém vem aqui? Tipo, algum amigo do seu pai?
- Não que eu saiba, mas é melhor previnir...
- Verdade.
Troquei de roupa, penteei a juba e descemos. Leda já estava subindo, nervosa, para nos chamar, mas nos esbarramos na escadaria:
- Ia agora em seu quarto, senhorita, digo... Menina.. Digo...
- Calma, mamãe. Respira. Um, dois, três. - Lauren falou, descendo-a as escadas.
- Seu pai... Vai... Dar uma festa... UH... E disse que você fosse se arrumar... E a Lauren vai servir comigo.
- Como é a história? Eu vou o quê? - A Lau ficou indignada com essa.
- Por favor, Leda. Deixe-a comigo. Eu não tenho nenhuma companhia. - Implorei para deixar.
- Ok, mas por favor, Lauren... Se comporte.
- Aiii! Obrigada, mamãe! - Saiu para abraçar a mãe.
Depois, subimos, nos arrumamos e descemos. Todos já estavam à minha procura.
- Meu tesouro! Aí está você! - Meu pai nunca falou assim dessa maneira comigo. Queria aparentar um bom pai (coisa que ele não é) - Venha aqui. Vou te apresentar aos meus novos sócios e seus filhos. - Caminhei ao seu lado, mantendo a Lauren atrás de mim.
- Esta aqui é a minha filha, Lyndha. Mas todos a chamam de Lyn. Filha, estes são o Peter Jackson, e seu filho Luke; e o Denver Schneider e seu filho Derek. - falou ele, apontando para cara um.
- É um prazer conhecer vocês. - Apertei a mão de todos.
- Soube que você era uma menina incrível, Lyndha. - Peter falou quase empurrando seu filho para vir falar comigo.
- Lyn, por favor.
- Oh, perdão, senhorita Queen.
- Sem problema.
- E esta bela moça, Harrison? É sua filha também? - Denver perguntou, mostrando interesse na Lauren.
- Ah, essa daí? - falou com cara de deboche, olhando para a Lau. - É apenas a filha da empregada. Nada demais.
- Como é, Harrison? - falei sem hesitação alguma.
- O que você pensa que está fazendo, Lyndha? Isso é jeito de tratar seu pai?- Ele falou dele mesmo na terceira pessoa... Quem é o ser humano que faz isso?
- Prestem atenção, todos vocês! - Falei muito alto, subindo até a metade da escada - Este homem que vocês estão vendo - apontei para ele - Não é quem vocês pensam que ele é! Ele internou minha mãe em um hospício quando eu tinha apenas cinco anos! Cinco anos! Passei a minha infância longe da pessoa que eu mais amava no mundo! Nunca tive amigos! Nunca tive nem a própria atenção dele, e tudo porque? Pelo simples fato de querer tudo e todos ao seu redor! Sabe qual o seu problema, pai? Você necessita de atenção! Você é uma pessoal extremamente carente! - Aquelas palavras saíram rasgando a minha garganta e segurei o choro para não demonstrar fraqueza - Carente de tudo! Mas não estou falando isso na frente de todos para te humilhar não, mas sim para te fazer uma pessoa melhor! Quem já viu falar que a Lauren era "apenas" a filha da empregada? A única amiga que eu tive e você a humilha desse jeito? Nunca pensei que fosse fazer isso. Cansei. Cansei das suas palavras, das suas aparências, do seu modo de agora com tudo e todos. Não sei o que irá fazer comigo, mas eu não me importo. Pode me por de castigo, mas não me arrependo do que disse. Lauren, vem comigo. - Subi o resto das escadas e ela logo em seguida, deixando todos para trás.