Capítulo 2

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II
Apesar de parecer ser sempre tão segura, nesta noite a Marry
vai se encontrar com o terrível lado da sua vidinha melancólica
e triste. É um momento em que não importa se você é um lutador
de vale tudo, um político rodeado de assessores, um pai
de família que é amado pelos filhos e esposa ou um ator comediante
famoso que é assediado por paparazzis a todo momento.
É o lado sombrio da vida, que ataca a alma, mente e coração.
É o momento que lhe faz refletir durante a tristeza, do qual
é o verdadeiro motivo da sua existência. Ter amigos e tantas
pessoas ao nosso redor, mas mesmo assim nos sentirmos solitários.
Conhecer um pouco da história da Marry me fez refletir sobre
o drama de muitas pessoas que chegam em suas casas, após
festejarem o lado bom da vida, mas percebem o quanto são solitárias
ao olhar suas camas vazias, sabendo que ficaram com
tantas pessoas mas não tem ninguém para lhe dar um abraço
sincero e verdadeiro.
Sentir-se solitário em meio há uma multidão. Existe sensação
pior? Será que a solidão é um dos principais sentimentos racional
que nos separa de outros animais irracionais?
Uma vez ouvi alguém dizer que esquilo é o único animal mamífero
que permanece no mundo sozinho até morrer, quando
perde sua parceira. Ele não se envolve com outra fêmea caso a
sua fêmea morra. Será que o esquilo chora quando entende que
vai passar seus últimos dias sozinho?
Mas diferente da natureza dos esquilos, nós seres humanos
temos uma escolha. Podemos escolher quem deixamos longe ou
perto. No que acreditamos ou não.
A Marry, só acredita naquilo que seus olhos enxergam ou
suas mãos tocam. Falar sobre fé com ela é jogar palavras ao vento
e desperdiçar tempo. Ela pode citar sua filosofia e frases dos
seus personagens ateus favoritos o dia todo, tentando convencer
qualquer um que esse assunto não passa de uma manipulação
barata e sem fundamentos. Algo lindo nela é amar a natureza e
seu maior defeito, rejeitar o seu Criador.
Talvez, sua descrença no homem barbado e vestido de branco,
que mora lá em cima, começou a brotar quando ela se pegou
sofrendo no quarto pela primeira vez, se sentindo depressiva
por conta de um amor adolescente não correspondido. As pessoas
sempre gostam de fazer isso! É mais fácil escapar da culpa
de consciência quando a colocamos num terceiro. Geralmente,
quando o terceiro não existe, nós entregamos essa responsabilidade,
de assumir a culpa pelos nossos erros e fracassos, para Deus.
Ele já morreu numa cruz por nós mesmo, então não seria
nada demais carregar fardos que não são Dele.
Mas no caso deste Ser, que a nossa consciência acusa, Ele é
tão real quanto o móvel qual você está sentado, a cama que está
deitada ou o livro que está lendo.
A Marry ainda não sabia, mas neste dia em que ela foi tomada
pela angústia, dor e desespero, ela iria encontrar-se com algo
que ela jamais, em toda a sua vida esperou. De maneira pura e
simples. "Porque quando abrimos os olhos para o que é simples
o coração também enxerga."


O Manual da vida - O fim da solidãoOnde histórias criam vida. Descubra agora