"Aqueles olhos, aqueles olhos, aqueles olhos, que refletem luz pro meu coração"
Acordei com o sol cobrindo meu rosto. Não comi nada ontem a noite então hoje pela manhã estava sentindo muita fome. Sem sair da cama, peguei o telefone do hotel que estava sobre a escrivaninha direita. Liguei para a recepção e pedi café da manhã para dois, acho que anjos comem como humanos. Me levantei e lavei o rosto, dormi com a mesma roupa que cheguei aqui, apenas tirei o casaco. Estava voltando para a cama quando eu vi algo negro no sofá, era quase como um casulo. Em passos largos e cautelosos fui até o sofá e antes de chegar onde eu queria, vi uma pena grande e preta. A análise rapidamente e continuei a andar. Estava a menos de um metro da coisa, quando percebi que "a coisa' era a Gabriela enrolada nas próprias asas. Eu já disse isso, mas elas eram lindas, magníficas, e estava ali, tão perto, que eu podia tocar. Dei um passo mais a frente e pisei em algo que fez barulho e acordou Gabriela, mas eu fiquei estático demais para ver o que era. A menina dos cabelos longos abriu as asas e os olhos. Olhou direto para a minha íris. Não pronunciamos uma palavra, ninguém ousou quebrar o silêncio. Ela lentamente se sentou no sofá, e eu só desviei os olhos pra poder ver as asas dela totalmente abertas. O cabelo castanho escuro da Gabriela caia sobre as penas. Ela estava totalmente pálida e os olhos pareciam que haviam aumentado de tamanho. Ela me invadia com aquele olhos, me hipnotizava, me deixou paralisado, eu não queria sair daquele olhar. Dei mais um passo e fiquei muito perto dela, mas a Gabriela não se mexeu. Continuou com os olhos fixados no meu, e eu internamente pedi que ficasse-mos congelados naquele momento. Não queria olhar para outra pessoa que não fosse para ela, aqueles olhos ne bastavam para o resto da vida. Arrisquei mais um passo, e fiquei perto o suficiente pra ouvir a respiração dela, de repente..
- Serviço de quarto, desjejum ! - ouvi uma voz feminina batendo do outro lado da porta e me despertando para a realidade.
***
- Olá, eu sou Gabriela e esse é meu amigo Matheus. - eu disse para a morena, de aparentemente 20 e poucos anos da recepção da empresa do Klaus. - nós gostaríamos de saber se o dono da empresa está. Queríamos falar com ele quando fosse embora.
- poderia me dizer qual assunto tem para tratar com ele ? - ela me fez uma pergunta clara, mas continuou com a mesma simpatia e o sorriso no rosto. Eu francamente não serviria para esse trabalho.
- bem.... Nós somos sobrinhos do tio Klaus. Ele e meu pai tiveram uma briga a muito tempo, e des de então não o vemos e estamos com muitas saudades. - disse absurdamente fingida, sempre tive facilidade em criar histórias de improviso, mas não sei se tinha a capacidade de fazer elas parecem reais para outras pessoas.
- Então vocês são sobrinhos dele ? podem esperar um minuto por favor, vou ligar para a secretária dele para saber se a algo marcado para hoje.
- não !.. - engoli em seco - nós viemos fazer uma surpresa. Ele não sabe que estamos aqui, ninguém sabe. Por favor !/Juro que só viemos vê-lo - disse e contorci a boca fazendo algo que parecia ser um sorriso.
- Hum... Tudo bem ! Nesse caso ele é sempre o último a sair. Geralmente de madrugada. Vocês deveriam voltar para casa e voltar por volta das 22:00. Realmente espero que vocês só tenham vindo aqui para vê-lo, pois senão isso pode custar meu emprego. - ela disse com uma gota de suor de preocupação.
- obrigada.
***
Chegamos até uma rua asfaltada, muito longa. Sentamos, eu e Gabriela, no meio fio, com os olhos bem de frente para um prédio comercial enorme, com uma fachada proporcional ao seu tamanho que dizia: "Celestia Investimentos Tecnológicos". Eram exatas 22:30 e o vento castigava sem pudor as árvores robustas que cercavam as ruas. Entre essa paradigma de ser um guardião, as vezes eu sentia espasmos de sentidos, sentia formigamento nas mãos, as vezes, podia ver mais longe, ouvir mais sensível, podia perceber movimento ao meu redor, meus reflexos se aceleravam mais a cada dia. Isso era um sinal, um verdadeiro sinal de que eu estava virando um guardião. Estava assustado com isso, cresci achando que apenas seria normal, que seria o tipo de cara que faz protesto na rua, que detesta o emprego que tem, que seria abstrato ao mundo. Mas acho que não. Não posso dizer que acredito em destino, ou sorte. Realmente não tenho explicações pra tudo que aconteceu. Em 3 semanas minha vida virou de cabeça pra baixo... O que eu achei que fosse, provavelmente não vai ser mais. Queria que o meu pai estivesse aqui agora, me ajudando, sei que não fiz nada ainda, mas será que ele sentiria orgulho ?
Um barulho de passos afasta meus devaneios, vejo um homem alto, de terno e gravata, que anda perto dos muros da Celestia.. É ele. Klaus Miller bem diante dos meus olhos..
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Olá meus anjinhos !
Alguém aqui por acaso que me matar por causa da primeira cena do capítulo ?
Lembrem-se que se eu morrer todos vocês ficaram órfãos de Matheus and Gabi
Votem.. E comentem o que acharam do capítulo de hoje ?
<Da Terra para Marte. Câmbio Desligo>
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Entre Anjos & Guardiões
FantasíaGabriela sempre acreditou na humanidade e na bondade, ela tinha fé, mas durante aquela jornada a sua fé foi roubada aos poucos. Matheus sempre foi cético, acreditava no prático e no comprovado, ele não tinha fé, mas durante aquela jornada ele...