Capítulo 01

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Amanda começava a vida ao lado do homem que sempre desejou ter. A felicidade havia habitado sua casa e uma paz grandiosa reinava ali. Foi assim que ela se viu semanas após o tombo que levara da escada e que, às vezes, ainda era lembrado devido à dor nas costas e nádegas que ainda sentia. Um riso surgiu em seus lábios ao lembrar-se do pavor que viu nos olhos do homem amado quando ela caía. Mesmo tendo corrido riscos de se arrebentar toda, agradecia aos degraus da escada por tê-la derrubado. Se não fossem eles, Tony poderia ter partido e nunca mais teria lhe dado a oportunidade de dizer que o amava e tampouco poder retribuir ao amor incondicional que ele sempre lhe deu.

Seu filho parecia mais feliz e seus olhos brilhantes sempre expressavam isso quando estava perto de Tony. Faltava apenas um pequeno detalhe que, conforme a assistente social lhe dissera, já estava praticamente resolvido. Bárbara logo estaria entre eles e a família ficaria ainda mais harmoniosa e feliz.

Antônio mostrava-se realizado com a possibilidade de ter mais uma criança em casa. E Amanda sabia o quanto era importante para ele aquela adoção, o que a incentivou ainda mais a fazê-la.

— Minha irmãzinha vem quando para casa? — perguntou o menino, ansioso.

— Na próxima semana iremos até o instituto, filho. Não se preocupe que ela logo chegará — respondeu, carinhosa.

— Poderemos dar um nome para ela ou já tem um? Eu queria que fosse Isabelle. — Amanda sorriu da preocupação do filho. Ela já havia dito a ele que poderiam dar o nome à criança, pois ela ainda não era registrada, embora já estivesse com um ano de vida e era chamada por Bárbara pelas cuidadoras do centro de apoio. O pequeno anjo fora abandonado na instituição ainda bebê e as assistentes preferiram deixá-la sem registro até que se firmasse sua adoção. Isso era o que muitos desejavam, mas poucos estavam habilitados. Com isso, ela foi permanecendo lá enquanto crescia sem sua identificação civil.

— Pode ser Isabelle, mãe? — Lucas perguntou, olhando-a suplicante.

— Sim, meu amor! Será Isabelle como combinamos, lembra? — perguntou, abraçando-o. — E o menino saiu animado sem dar resposta. Amanda o observou, sorrindo. Lucas já havia completado seis anos, mas continuava franzino e sensível. Não como era há dois anos, graças à estrutura familiar que ele tinha agora em sua vida. Mas ainda assim era pequeno e frágil.

Naquele mês, Amanda aproveitaria para ficar em casa. Uma hora ou outra ia à boutique, que agora tinha mais uma funcionária e Carol ficara como gerente, substituindo-a brilhantemente. Seu filho estava de férias e Isabelle logo chegaria. Era o momento propício para tirar um tempo para sua família. Sem falar dela e de Antônio, que estavam em uma segunda lua de mel e ele se mostrava exatamente o que sempre fora: o homem de sua vida. Um barulho no portão, a avisou que ele estava chegando. Amanda sorriu feliz pelo fato. Era impressionante como ainda sentia seu coração acelerar de alegria quando ele retornava para casa ou saíam juntos para um passeio romântico. Aquela sensação agradável que ele mantinha viva em suas entranhas era, sem dúvida, revigorante para Amanda.

— Nada como ter um marido que sabe manter vivo o amor de sua mulher — falou para si mesma, enquanto ajeitava a camisa de seda e o short jeans que usava.

Com passos lentos, ela seguiu para a sala indo ao encontro do seu amor.

— Oi, minha rainha! — A forma carinhosa com a qual ele a tratava era um dos motivos de Amanda ainda sentir borboletas em seu estômago quando o via chegando. Antônio sabia cativar com as palavras, isso porque elas vinham acompanhadas por atitudes também.

— Oi, meu rei. — Amanda foi até ele e jogou-se em seus braços. Não havia mais medo e tampouco vergonha entre ambos. Antônio a ergueu em seus braços e um suspiro revigorador saiu do seu pulmão.

— Estou pesada, amor? — Ele a beijou suavemente nos lábios que ela oferecia.

— Não, por quê? — questionou, colocando-a no chão novamente. Ele sorria percebendo o motivo da pergunta.

— Então, esse suspiro é por mim e não de mim?

Ele a apertou forte em seu corpo deixando claro sua resposta. Porém, ainda assim quis dizer através de palavras:

— Esse e todos os meus suspiros são por você, Amanda. Ao seu lado descobri a vida e isso é muito bom. Passo o dia todo desejando voltar para casa e sempre que retorno tenho a certeza de que eu serei premiado com o afeto e amor que somente pessoas sintonizadas e dispostas a fazer uma relação feliz são capazes de conseguir. Eu tenho isso, aliás, nós temos — falou, apontando no ombro de ambos.

— Às vezes, eu só me questiono como fui tola a ponto de demorar tanto para perceber o que acontecia. Esse homem lindo estava na minha cara o tempo todo e eu não percebia. Eu poderia ter vivido mais disso aqui. — A forma exagerada com a qual ela falava o fez rir. De fato, esse era o único arrependimento de Amanda. Sua teimosia e pouca percepção do que acontecia a fez perder muito daquele amor. Mas agora viveria ele em sua totalidade, sem medo e reservas.

— Tudo tem seu tempo, minha linda. Se colaborarmos, ele acontecerá da melhor forma possível e no momento exato, como foi o nosso caso. — Abraçados, ambos seguiam para o ambiente onde Amanda estava, quando uma criança afoita e cansada se aproximou.

— Oi, Tony! — Aquele era, sem dúvida, o outro motivo que o inspirava a dar seu melhor e sempre desejar voltar para casa no final da tarde.

— Como está, meu garotão? — Antônio foi até lá e afagou a cabeça do menino. Logo depois, fez um carinho na nuca da criança, o que sempre o deixava feliz.

— Eu estou bem, só falta uma coisinha para ficar melhor. — Antônio olhou para Amanda, sorrindo. Assim como ela, ele já sabia o que seria.

— E o que é, garotão? — O menino olhou para ambos com um brilho nos olhos.

— Minha irmãzinha vir morar aqui. — O menino abraçou a cintura de Antônio enquanto falava.

— Logo, ela virá. Guarde essa emoção e a vontade de ter uma irmãzinha para quando ela chegar, tudo bem? — O menino acenou positivamente com a cabeça.

— Quer jogar futebol no Playstation comigo hoje? — Convidou, certo de que daria uma surra em seu oponente. Amanda olhava a sintonia que havia entre ambos e sentia-se plena. Agradecia todos os dias as bênçãos que recebia dos céus. E tinha certeza de que, às vezes, não as merecia.

— Depois que tomarmos um banho e jantarmos, podemos fazer esse duelo sim. — O menino saiu em disparada para seu quarto a fim de separar os jogos que usaria, deixando ambos se olhando apaixonados.

— Eu já te disse hoje que te amo muito? — perguntou Amanda indo até ele.

— Não que eu me lembre — mentiu, afagando o rosto dela.

— Pois eu te amo, senhor Antônio. — Beijaram-se apaixonadamente como sempre gostavam de fazer. O tempo não tinha o direito de esfriar uma sensação prazerosa como aquela. Pensando assim, Amanda não dava espaço para o comodismo.

— Estou louco para fazer amor com você hoje. — Amanda riu da forma maliciosa com a qual Antônio disse bem próximo do seu ouvido. Aquele homem era uma incógnita, e das boas de conviver. Ora, era sério na presença dos demais, mas com ela e Lucas sempre fora o oposto. Era o seu homem, amigo e companheiro.

— Eu mal consigo esperar esse momento chegar, meu esposo. — Alisando a cintura dela, Antônio pegou sua maleta e juntos foram para o quarto se preparar para logo mais.




Muito Além das aparências - Livro II da Série  AparênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora