Como Decidi por Medicina?

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É, medicina não é fácil não. Você acha que dá conta? Por quê não tenta outra coisa mais fácil? Vai ter que estudar MUITO!

Essas são só algumas das frases que se escuta, depois de decidir que vai prestar medicina! Posso dizer: Se pra cada um que me falasse isso, eu ganhasse 1 centavo...

Bom, o fato é que aconteceu! Eu escolhi. E não, não era meu sonho... Caraca se tem uma coisa que eu sempre quis gritar pro mundo é: Nunca foi meu sonho!

Sério, eu ainda pequena- na sala com a minha vó, vendo programa do Jô-, via (vejo até hoje) pessoas sentando lá e contando pra ele que eram cantores, porque desde crianças já cantavam. Ou, eram escritoras, porque sempre escreveram muito bem. Eram dançarinas profissionais porque desde pequenas entraram no Ballet. E assim vai... Cada um sendo o que era, graças a um dom ou sonho que tinham desde que eram fetos praticamente. Risos.

E isso, admito, sempre me incomodou!
Se tem algo que eu sempre procurei, foi um dom ou algum sonho pra seguir!
Sério, sabe quando seus pais ou professores chegam em determinado momento da sua vida (no meu caso foi mais ou menos do 1° pro 2° do Ensino Médio), e te perguntam:

- Eai?

Parece piada...
"Eai"...??? Pô

Eu digo que não sabia mesmo o que responder. Bom... Eu e todo mundo (Nenhuma das minhas amigas sabia também).
Senti que eu devia parar um pouco e pensar se em algum canto obscuro e profundo da minha alma, existia algum sinal de DOM, ou SONHO que eu quisesse por em prática.

É claro que vestibular pra mim, na época, era alguma coisa relacionada a faculdade (No meu conceito, faculdade era um lugar pra onde você se mandava aos 18 anos e se apaixonava no instante em que suas coisas caíssem no chão ao esbarrar em um algum jogador do time). Mesmo assim, eu não sabia a importância.


Então, disse a mim mesma:

- Bom, eles disseram que eu devia escolher algo que eu gostasse de fazer...

E veio a segunda pergunta:

- Mas o que eu gosto de fazer?

Ah, é ai que entra esse meu lado de odiar as pessoas que vão ao programa do Jô...

Decidi então investir nas carreiras que estavam ligadas a única coisa que eu sabia e gostava: pintar.

Sim, pintar. Desenhos em revistinhas da Disney, cadernos diversos como Jardim Secreto da vida, entre outros... (não posso deixar de comentar que eu era sempre a primeira a querer fazer maquetes, cartazes, projeção de mapa, trabalhos coloridos etc.)

Eai, concluindo isso, eu fui preparadissima para uma "excursão" da escola, à algumas faculdades -como Belas Artes, ESPM e Mackenzie por exemplo (Faculdades da cidade de São Paulo, SP).

-> Essa é uma história que conto mais pra frente! Mas, com toda certeza, foi uma das principais influências de não ter dado certo as pinturas em degradê (Lindas, modéstia à parte rs).

Então, voltando pra escola, completamente perdida sobre as tais escolhas, fui para uma aula prática de Biologia no laboratório.
Pelo menos dessa vez não era um peixe, nem uma minhoca que íriamos dissecar... Mas uma galinha! (O que não muda muita coisa, mas cara, depois de quase 3 anos dissecando lula, peixe e sapo... uma galinha de vez enquando não faz mal à ninguém!)

É ai que tá!

(A essas alturas estamos no fim do primeiro semestre do 3° do Ensino Médio)

Fui. Lá estava eu com meu grupo, portando jaleco, luvas e (graças ao santo senhor amado) máscara descartável -é, aquelas de médico.
As agradeço porque nunca senti um cheiro tão desagradável vindo de um animal! (Ok que eu não disseco animais todos ou dias, ou, não que eu nunca tenha sentido cheiro de batata podre... Porque sério, batata podre não tem pra ninguém!).
Só sei que foi ótimo usa-la, já que a galinha havia sido morta uns dias antes, e seu intestino ainda não sabia que era pra morrer... O que foi triste.

Tão triste, o cheiro e o clima no laboratório, que só sobrou eu e mais alguns amigos! (No meu grupo só eu e mais uma). Muitos saíram por ânsia, dores de cabeça e mal estar! E eu só percebi quando a professora veio à minha mesa...

Ela havia pedido, em uma folha, que cada grupo retirasse determinadas partes da galinha (alguns órgãos), e coloquei lá a ultima parte que faltava, quando ela:

-Nossa! Você sobreviveu então?

(Hoje em dia penso nisso como uma cena de The Walking Dead)

E continuou:

-Você tirou tudo direitinho, muito bom! Não ta passando mal?

Confesso que eu amava essa professora! As vezes ela era "puxadora de saco" de alunos nota 10 (longe de ser o meu caso), mas naquele momento, por algum motivo, ela puxou o saco de quem fez tudo certinho sem passar mal! Rs... Que milagre!

Eu? Fiz tudo? Ia ganhar a nota? E não era maquete nem capas de trabalho?..... "Querido Santo milagroso: Eu sou grata!"

É, fiquei surpresa com isso! Só não posso dizer o mesmo quando ouvi dela:

-Por quê você não faz Medicina???

Coloquei 3 "?" porque ela realmente perguntou com um ar de "como assim você ainda não pensou em ser médica?"

Logo vi que, pra ela, escolher ser médico dependia de passar por níveis como: abrir uma galinha; não desmaiar com o sangue; usar o bisturi corretamente e não errar seu número de chamada na folha -algo que muita gente faz e eu não sei como nem porque). O que de fato, pra mim, não causou grandes efeitos na hora.

Enfim, olhei pra ela e simplesmente fiz o de sempre: dei um sorrisinho, e: "Ah é né... quem sabe... rsrsrs".

E fui pra casa...

(1)   Como Decidi Fazer MedicinaOnde histórias criam vida. Descubra agora