Capítulo 5

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- Vamos lá, meninas! Está na hora de acordar.

É impressionante como minha mãe consegue ser tão barulhenta sendo uma mulher elegante e cheia de classe ao mesmo tempo.

- Eu mandei levantar. Já é a terceira vez que chamo vocês. Que horas foram dormir ontem. Provavelmente tarde, não é.

Apesar de ela estar falando muito e alto demais... espera um pouco. Minha mãe nunca me acordou assim com amigas por perto. O que aconteceu para ela estar aqui nesse momento?

- Eu queria dizer umas coisas a vocês.

Se eu não estivesse com tanto sono, até me levantaria e ajudava ela a chamar as meninas. Mas minha preguiça é muito maior e mais importante do que qualquer coisa que minha mãe vai dizer. Ignoro ela e continuo com os olhos fechados.

- Anna, é uma menina adorável. Nunca participei muito da vida dela. Sempre foi mais criada por babás e empregadas porque meu tempo livre para vê-la era muito curto. Hoje decidi que não irei mais estar tão afastada e que de agora em diante seremos verdadeiras mãe e filha. Como você quer, Anna.

Já caí nessa pegadinha uma vez. Eu iria adorar se fosse verdade, mas eu sei que não é.

Houve uma vez em que eu estava aqui morrendo de raiva dela. A razão era a mesma de sempre, falta de atenção por mim. Ela veio até meu quarto e começou a falar essas coisas, mas não estava tão consciente do que estava falando.

Sentei em minha cama e comecei a tirar meu tapa olhos. Me espreguicei e dei umas mexidas em meu pescoço. Organizei meu cabelo e a olhei com toda a postura do mundo.

- Posso saber o que aconteceu para você voltar a beber desse jeito?

- Ora, filha. Quem bebeu aqui? Estou perfeitamente normal. Sei o que estou dizendo.

As meninas já haviam levantado antes de mim. Estavam as duas ao meu lado esquerdo na cama, observando a situação. Respiro fundo para manter a calma.

- Tudo bem, mãe. Você não bebeu. Vamos para seu quarto. - Fico de pé e vou até ela para conduzi-la. Quando pego em seu braço, percebo que tem uma marca vermelha, parece dedos.

- Você sabe que homens não prestam, não é? Eles são a pior espécie que existe na terra. E pra completar, sou a pior mãe que existe. - Ela começa a chorar alto.

Respiro fundo novamente.

- Vamos agora para seu quarto. Pare de falar como se não tivesse ninguém além de nós duas aqui. Meninas comecem logo a tomar seus banhos para irmos à escola. Daqui a pouco eu venho.

Começo a sair de meu quarto e levo minha mãe até o quarto dela. Chegando lá, ela se senta na cama.

- Você está paciente comigo hoje. Por que? - Minha mãe pergunta isso, porque sabe que eu não suporto gente porre, e quando isso aconteceu com ela em outras raríssimas vezes, eu não relevei a situação. Empurrei ela do meu quarto e ela caiu, mas não ajudei ela, ao invés disso, fechei a porta em sua cara. Eu fiz isso nas três vezes que minha mãe chegou aqui porre de manhã e me acordou, porém agora aprendi a ser mais compreensível com ela.

- Desimbucha. - Falo.

- Que linguajar mais inapropriado. Você estuda em uma escola caríssima e é isso que aprende? - Ela fala de maneira cansada, esforçando-se para pronunciar cada sílaba.

- Você é uma médica bem sucedida. É isso que lhe ensinam no seu consultório? Descobriram em alguma pesquisa que beber faz você esquecer seus problemas? Você já deveria saber que beber é apenas uma solução momentânea, temporária para seus problemas.

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