Believe In Me

third

"Quando você entrou na sala
Sabe que fez meus olhos queimarem" -Lana del rey.

~7:15|PM{NY make up}-Los Angeles

Bufei tediosamente enquanto seguia minha mãe pelos longos e luxuosos corredores da empresa,os saltos scarpin batiam contra o piso espelhado,e todos ao redor a observavam desfilar autoritária,ela havia esquecido de me matricular na nova escola,o que me faz ter que segui-la para onde ela for, Cruzei meus braços diante do busto e entrei em sua sala com ela.

A sala tinha uma janela de teto a chão e era toda revestida em madeira, com ar rústico porém moderno, era enorme e climatizada, com uma mesa de vidro e duas cadeiras de couro,e um sofá no canto,que chamou bastante minha atenção.

Minha mãe logo foi até sua mesa abaixando a cabeça para os relatórios e parecendo me ignorar completamente,os longos cabelos levemente dourados caíram sob seu rosto e eu pude ver as rugas da sua preocupação e idade surgindo em sua face,por quanto tempo ela continuaria comigo? Nunca tivemos uma relação boa,mas eu gosto de saber que ela está bem e que vai voltar para casa a noite,quero que essa sensação de companhia no mundo que só a mãe fornece, seja eterna.

Segui para a janela de vidro,que fornecia a esplêndida vista de uma Los Angeles movimentada e iluminada pela manhã, os carros em todo canto e os grandes prédios enfeitando a visão, não é a toa que é chamada de cidade dos anjos,L.A é de fato encantadora,embora eu continue odiando esse pedaço de terra que me separa do meu pai.

É estranho imaginar minha vida sem meu pai agora,ele sempre me pôs pra dormir e cuidou de mim quando precisei,era verdadeiramente o meu único e melhor amigo,embora minha mãe não fosse uma simpatia só, meu pai conseguia compensar tudo isso só sendo ele mesmo.

De repente ouço minha mãe gritar frustada enquanto jogava todos os papéis que segurava em cima da mesa,deixando alguns caírem soltos pelo chão, posso ver o quão estressada e desanimada ela está com tudo isso, parece querer desistir a qualquer instante.

-é horrível, é tudo horrível, tudo isso!-ela grita batendo a mão com força contra a mesa,assim fazendo o barulho estridente dos anéis caros contra o vidro invadirem a sala.

-seu pai ajeitava essa parte,eu era a designer,ah céus como é difícil sem ele!-ela choramingou se sentando na grande e cara cadeira de couro,e deixando algumas lágrimas caírem.

É patético, chorar por um cara que não pensou duas vezes em te trair,era absurdamente patético uma mulher com trinta e três anos chorando descontrolada na frente da filha por um marido traíra, era patético e ridículo, mas era mais que humano, e era a primeira vez que eu via minha mãe chorar em toda minha vida,eu sabia que ela guardava as angústias para sí, só para que eu não a visse chorando,mas agora ela chegou ao seu limite,e eu admito que,ver ela chorando na minha frente, me dá a sensação de que ela se sente segura perto de mim,segura o suficiente para chorar.

Antes que eu possa notar eu sinto lágrimas descerem pelo meu rosto,na teoria eu deveria abraça-la e consolar ela como qualquer filha faria,mas eu preferi me encolher no sofá de couro e chorar silenciosamente enquanto assisto o estrago que o meu pai foi capaz de fazer com a minha mãe.

Ela cobria o rosto com as mãos trêmulas,e soluçava alto,de certo não é uma cena que eu pretendia presenciar e muito menos interromper,mas ela está no local de trabalho e a qualquer momento pode entrar alguém e a ver nesse momento de fraqueza, e isso eu não permitiria, a ver tão exposta para pessoas que não a conhecem e depois só saírem falando dela por aí, eu não permitiria.

-mãe,mãe por favor para,vai entrar gente!-eu tentei soar o mais carinhosa e atenciosa possível,mas não deve ter funcionado,pois ela se afastou do meu toque,logo tentando se recompor.