Pov Bárbara
Só no dia seguinte que liguei pra minha mãe pra contar o acontecido. A noite não foi bem dormida, mas fiquei nos braços da Sabrina, o que me ajudou a melhorar, de certo modo.
Na verdade ajudou muito.
A conversa com a minha mãe foi tão forte quanto a com meu pai. Ela disse que eu não havia agido de forma correta, mas que ele havia sido ruim como nunca, e que não devia ter dito o que disse. Eu tentei explicar pra ela o quanto estava indignada e precisava pôr pra fora, e também que ele falou sério quando disse que não ia mais se importar comigo e o que eu fazia, mas ela ainda acha que ele vai voltar atrás.
Pra mim ele falou sério, mas no contexto de querer me aplicar uma lição. Como não tem lição nenhuma pra eu aprender, isso vai continuar. Não sei até quando vai doer falar sobre, e não sabem o quanto fiquei desolada. Minha vontade era de voltar pra casa direto para os braços da minha mãe.
Só que eu cheguei a um ponto em que não tem mais como voltar atrás. Em vários aspectos da minha vida.
Seguiu tudo bem, e melhorando. Principalmente com a Sabrina. Tudo o que eu precisava era de um relacionamento tranquilo, finalmente. E a pessoa é mais tranquila ainda, além de muito carinhosa. Às vezes ela brinca dizendo que se arrepende de me dar carinho, porque tem horas que eu grudo. Ah sim, tem mesmo. Eu me jogo nela e fico lá, agarrada. Ou abraço ela com força demais.
Tipo agora. Acabei de pular em suas costas. Ela riu, me segurando pelas coxas.
- Amor, você ainda vai me matar assim mesmo.
- Pulando em você? – pergunto, abraçando seu pescoço.
- Não, com esses sustos. Morro de medo de te deixar cair.
- Eu não passo do chão, né. – ri e dei um beijinho em seu pescoço.
- É, mas e a vergonha?
- Eu não ligo não, amor. – ela morde uma das minhas mãos, e me tira das suas costas em seguida.
Estávamos no campus, e eu sempre fazia questão de ficar perto da Sabrina durante intervalos em comum, como o almoço. Admito que um pouco de grude da nossa parte, sim, nossa, porque ela nunca reclamou de nadinha. Faço isso pelo simples fato de que há muita gente só esperando uma brecha pra poder entrar no relacionamento alheio, e se depender de mim não vai ter essa brecha conosco.
A galera da facul não me esqueceu, depois do episódio do primeiro dia. Ainda tem gente que fala comigo nos corredores, isso só diminuiu um pouco, porque o fogo da primeira semana já passou. Mas durante o semestre "perdido", eu passei bastante tempo com a galera de artes cênicas, porque amo gays e artistas. Aí fiquei entre os gays artistas. Eles parecem felizes, muito felizes. Alguns realmente são.
Foi bom e ajudou a expandir o núcleo de gente conhecida na minha vida. Aí veio a minha turma, que é relativamente unida, e tem muita gente legal lá.
- Daqui a pouco eu preciso voltar pra aula. – ela diz, segurando a minha mão.
- Sem problemas, te levo até lá. – entrelacei nossos dedos e fomos andando. – Falando em aula, como anda seu trabalho?
- Qual deles?
- Aquele trabalho que você estava reclamando por ser gigante.
- Ah, vou trabalhar nele hoje. Consegui uma ajuda de uma monitora. Na verdade, ela me ofereceu ajuda.
- Ela quem? – olha, se for...
- A Alice. – argh.
- O que essa menina quer? Que porra, fica te perseguindo, não cansa não?
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Mine
Romance"É porque eu já tive mulheres, digamos assim, isso parece idiota e clichê, mas com nenhuma delas foi como é com você. Estar apaixonada, pra mim, é novidade. Você diz que é minha, e que gosta de ser. Então, quer ser minha pra sempre? - mas o que? Que...